sábado, 24 de abril de 2010

ORIENTE MÉDIO - Israel continua penalizando 1,5 milhão de palestinos.

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Flexibilização de Israel em Gaza é bem-vinda porém ínfima, afirma diretor da ONU na região

Do UNIC Rio

A recente flexibilização de algumas restrições impostas por Israel à entrada de mercadorias em Gaza é bem-vinda, porém ínfima, quando comparada às necessidades dos 1,5 milhões de palestinos que vivem lá, afirmou nesta quinta-feira (22) o principal funcionário das Nações Unidas na região.

John  Ging, Diretor de Operações do Organismo de Obras Públicas e de Socorro  aos Refugiados da Palestina (UNRWA), em uma coletiva de imprensa em 2009  em Nova York. Foto: UN/Eskinder Debebe.

John Ging, Diretor de Operações do Organismo de Obras Públicas e de Socorro aos Refugiados da Palestina (UNRWA), em uma coletiva de imprensa em 2009 em Nova York. Foto: UN/Eskinder Debebe.

“[É] uma gota no oceano”, disse John Ging, Diretor de Operações do Organismo de Obras Públicas e de Socorro aos Refugiados da Palestina (UNRWA), em entrevista coletiva em Nova York, repetindo expressão do Secretário-Geral Ban Ki-moon, em sua visita à Faixa de Gaza no mês passado. “Uma gota no balde, é claro, não é um copo meio cheio”, afirmou, sobre acordo de Israel para permitir o fornecimento de vestuário, madeira e alumínio. Este último item é necessário para alcançar um dos principais objetivos das Nações Unidas: a reconstrução de escolas da UNRWA devastadas pela ofensiva militar de Israel contra as autoridades do Hamas em Gaza há 18 meses.

Ging observou que uma conferência em Sharm el-Sheikh ano passado calculou que seria necessários US$ 4,5 bilhões para a reconstrução e recuperação de Gaza. “Isso representa US$ 4,5 bilhões, no momento, de desespero e miséria, até que a recuperação e a reconstrução sejam realizadas”.

Atualmente, a UNRWA não pode atender milhares de crianças no que diz respeito à educação, no âmbito das resoluções da ONU para os refugiados. Os moradores de Gaza estão “exigindo que possamos acomodar seus filhos em nossas escolas. Eles não foram autorizados a construir uma escola em Gaza durante três anos”, acrescentou. Israel impôs o bloqueio pelo que chamou de razões de segurança, depois que o Hamas, que não reconhece o direito de Israel a existir, expulsou o grupo palestino Fatah da Faixa de Gaza em 2007.

Ging disse que a recente flexibilização, incluindo um subsídio mensal de 25 caminhões de alumínio, é “muito bem-vinda, não apenas pelo impacto físico delas [as mercadorias], embora seja em escala muito insignificante, [mas] pelo impacto psicológico, pois é um primeiro passo positivo, e em segundo lugar pela prova prática, pois mostra que isso pode ser feito”.

“Então, se podemos ter 25 caminhões de alumínio por mês, então por que não 50, e se nós podemos ter 50, então por que não 100 e assim por diante?”, questionou o Diretor da UNRWA, observando que, com esta taxa mensal atual, seriam necessários mais de cinco anos para trazer todo o alumínio necessário para as escolas. Está demonstrado agora, acrescentou, que “existem formas de superar os desafios de segurança e é isso que queremos construir, agora, para ampliarmos essa realidade ao máximo “.

Ging acrescentou que não há nenhuma perspectiva para o restabelecimento de uma economia legítima nestas condições, pois não há trocas comerciais dentro ou fora de Gaza. “Isso leva ao empobrecimento do povo, o sofrimento físico diário, bem como o sofrimento psicológico, pois as pessoas estão no limite do seu juízo e sem perspectivas em perceber quando tudo isso vai chegar ao fim”.

Ele concluiu com um apelo apaixonado. ”É hora de colocar as pessoas antes da política. Se priorizamos as pessoas, se colocamos o foco nas necessidades do povo em muitos de nossos pontos de vista, ficará mais fácil fazer a política avançar. Ignore as pessoas, abandone o povo, deixe as pessoas desesperados, e a política ficará mais difícil daqui para frente”.

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