sexta-feira, 23 de abril de 2010

POLÍTICA - O Serra que eu conheci é esse do vídeo.

Eu que participei do movimento estudantil contra a ditadura tive a oportunidade de conhecer o Serra, o Zé Dirceu, o Vladimir Palmeira, etc.
Nesse comício da Central eu estava presente, assim como o Serra, que aparece ao lado dos "comunistas" da época. Podemos vê-lo ainda com cabelo, na condição de presidente da UNE, conversando com o Brizola e fazendo um discurso violento bastante aplaudido pelos presentes, defendendo as reformas de base propostas pelo Jango, principalmente a agrária, até hoje uma utopia do povo brasileiro. Basta vêr a questão dos índices de produtividade da agricultura brasileira. A nossa constituição determina que os mesmos sejam atualizados de 10 em 1o anos. A última atualização foi feita em 1975. O Lula prometeu ao MST e outros movimentos sociais que faria a atualização cumprindo a Constituição. Até agora nada. No Abril Vermelho, realizado todo ano pelo MST, para lembrar o massacre do Eldorado dos Carajás, uma das pautas da negociação com o governo Lula é justamente o cumprimento da promessa de reajuste dos tais índices de produtividade.
Carlos Dória
Vejam abaixo matéria publicada no blog TIJOLAÇO, do Brizola Neto.






Posto aí em cima as imagens de uma pessoa que já não existe. Um jovem sonhador, que defendia a Petrobras, a reforma agrária, as reformas de base. Um jovem que falava com veemência, com alma, com paixão, diante de seus irmãos pobres, negros, humildes, que o Brasil só seria justo quando fosse livre, quando deixasse de ser o país das oligarquias e passasse a ser o país do povo.

O jovem José Serra, presidente da UNE, que subiu ao palanque do comício da Central do Brasil, no dia 13 de março de 1964, não existe mais.

Foi morto, impiedosamente, por um senhor que hoje é candidato a presidente da República com o apoio das elites, das multinacionais e dos latifundios.

O senhor José Serra.

Ao seu lado, nos palanques, já não estão Jango, Brizola, Arraes, Julião.

Estão Bornhausen, Kátia Abreu, Fernando Henrique, Caiado, Bolsonaro, a direita brasileira.

Hoje, o homem que destruiu o rapaz que defendia a reforma agrária “na lei ou na marra” diz que o MST não é um movimento legítimo e que a questão agrária é com o Judiciário.

Eu já disse aqui que a traição às próprias ideias é algo como o assassinato de si mesmo.

Serra não é o primeiro. O caso mais notório é o de Carlos Lacerda que, de seguidor de Luís Carlos Prestes, se auto-abduziu para o mundo da direita mais feroz.

O traidor é o homem mais perigoso do mundo. Ele carrega em si a culpa, o remorso, o ódio. Quer mostrar aos senhores de suas novas idéias que é, de fato, um convertido. Quer esconder de seus antigos amigos que já não é a sombra do que foi.

O traidor é a fraude em si mesmo. Dele, portanto, não brota uma verdade, mas apenas dissumulação, mentiras, distorções. Mesmo sob uma aparência plácida, é um homem feroz e impiedoso: afinal, suas mãos já estão sujas de seu próprio sangue.

Mas daquele jovem Serra, que você vai ver nestas imagens, uma coisa sobrou. Sobreviveram as palavras que, mesmo que não tenham sido gravadas no vídeo, todos podemos ler nos olhos, no sorriso, no aplauso do povo humilde que ali estava.

Porque elas continham uma esperança, uma luta, um sonho que nem mesmo o José Serra de hoje será capaz de matar.

Fonte: Blog TIJOLAÇO.

Nenhum comentário: