Urariano Mota, Direto da Redação
“Para comentar o discurso de Serra no lançamento de sua candidatura, temos que enfrentar dificuldades. Uma delas é o espaço da coluna e a boa vontade do leitor. É um discurso tão repetitivo, em círculos, que a cópia na página deixa a impressão de que foram coladas as mesmas palavras. Acompanhem, ou comecem a rodar:
“Alguns dias atrás, terminei meu discurso de despedida do Governo de São Paulo afirmando minha convicção de que o Brasil pode mais.... o Brasil, de fato, pode mais.... o Brasil pode ser muito mais do que é hoje.... o Brasil, meus amigos e amigas, pode mais.... Vamos juntos. O Brasil pode mais... Sim, meus amigos e amigas, o Brasil pode mais... Mas a Saúde pode avançar muito mais... Mas vai ter de crescer mais... Porque sabemos como fazer e porque o Brasil pode mais!.. Porque o Brasil, meus amigos e amigas, pode mais.... Vamos juntos, brasileiros e brasileiras, porque o Brasil pode mais.”
Nesse discurso, cercado por senhores que não primam nem se irmanam pela moralidade, o candidato faz uma pregação de fé para virtuosos. Apesar do tom sério e dos olhos arregalados, chega a ser mais que cômico, quando vemos Fernando Henrique e Roberto Freire, mais os bravos acólitos do DEM e do PSDB, ouvindo uma nova Oração aos Moços:
“O Brasil pertence aos brasileiros que trabalham; aos brasileiros que estudam; aos brasileiros que querem subir na vida; aos brasileiros que acreditam no esforço; aos brasileiros que não se deixam corromper; aos brasileiros que não toleram os malfeitos; aos brasileiros que não dispõem de uma ‘boquinha’; aos brasileiros que exigem ética na vida pública porque são decentes...”
Imaginem as caras contritas de Roberto Freire, que possui uma sinecura em São Paulo. Imaginem a cara de FHC que tinha encontros com jornalistas interessantes no apartamento do orador, que gerou filho, de Fernando, e pensão pagos por todos os brasileiros, e acrescentem mais as caras gordas e ociosas do DEM e PSDB, diante de tais exortações ao trabalho e ao estudo. “O meu reino não é desse mundo”, devem ter pensado. Mas o Brasil pode mais.”
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