domingo, 25 de abril de 2010

HÉLIO FERNANDES E O "MAIOR CASSINO FRAUDULENTO DO MUNDO".

Do site da TRIBUNA DA IMPRENSA.

Obama faz “apelo” a Wall Street, tem que mudar de orientação. Em vez de “apelo”, precisa tratar as finanças como eleito do povo. Acabar com os aventureiros, eliminar a jogatina das Bolsas e derivativos

O presidente dos EUA faz “apelo” ao maior cassino fraudulento do mundo, é evidente que não adianta coisa alguma. Tem que agir com energia, vigor, dureza. Nem mesmo essa “linguagem” é entendida por esse bando de banqueiros, seguradoras, aventureiros. Mas pelo menos pode assustar.

A partir de 1929, a primeira e famosa grande aventura, que foi chamada de “craque” da Bolsa, o mundo capitalista se desarvorou. Mas pelo menos muitos, quase uma centena, se jogaram dos seus belos e luxuosos escritórios, não puderam ressarcir os prejuízos causados, pagaram com a própria vida.

A desorganização foi total, durou 4 anos. O presidente Hoover não tinha condições para qualquer providência, ficou vagando no espaço, até 5 de março de 1933, com a eleição, em 1932, de Franklin Delano Roosevelt, que trocava o governo de Nova Iorque pela presidência da República. E começava logo a governar.

Além das medidas de fiscalização do “mercado”, com a introdução de decisões que expulsavam e atingiam os aventureiros, formas de acelerar e modificar a economia. Criou imediatamente o New Deal e a consequente estatização das principais atividades, executadas por jovens que tinham no máximo 25 anos de idade. Como John Kenneth Galbraith, economista tão importante que jamais foi indicado ao Prêmio Nobel.

(Em 1941, quando os EUA entraram na guerra, forçados pelo ataque de Pearl Harbor, Galbraith foi o coordenador da Mobilização Econômica, encarregado de transformar toda a atividade civil em atividade de guerra. E ainda teve fôlego, capacidade e idade para servir ao governo Kennedy, em 1961.)

A crise era meramente financeira, causada pela ganância, a ânsia de lucro, a fome do enriquecimento. Eram 16 milhões de desempregados, mais fora desse setor, que atingia o país inteiro, ainda existia vida e atividade que mobilizava os EUA, e até o resto do mundo, que também pagava o preço.

Basta dizer o seguinte. Em 1930, no auge da crise da jogatina, começou a ser construído o Empire State Building, o edifício mais alto do mundo. Foi inaugurado junto com a posse de Roosevelt. Wall Street foi enquadrado em uma porção de defesas, protegendo os investidores de verdade, os únicos que jamais ganhavam, perdiam sempre.

Como o “mercado” é de oferta e procura, quando os grandes empresários davam “ordens de compra”, os corretores compravam primeiro para eles. Quando mandavam vender, vendiam antes. Introduziram o “relógio” para fixar a hora da ordem e impedir a jogatina. Só adiantou no início.

Proibiram os corretores de jogarem, mas os donos da corretoras podiam comprar e vender, desde que provassem que na hora da operação tinham no banco o dinheiro equivalente. Mas tudo foi burlado, desprezado, abandonado, e em 2008 o distante 1929 se repetiu, com mais capital, mais jogadores e agora um parceiro novo: os bancos imobiliários, que eram mais de mil e “emprestavam” sem nenhuma garantia, o importante era garantirem “seus” lucros.

Trilhões de dólares foram jogados no “mercado”, oficialmente para “salvar a economia”, mas na verdade para salvar e reativar o “mercado de dinheiro”. Disseram que TODOS ESSES TRILHÕES SERIAM DEVOLVIDOS, enganação geral. Uma parte é possível que volte, até agora não voltou.

E Obama, com toda a carga de esperança, usa de linguagem amável e dócil com esses aventureiros, que não atendem ninguém. Além de reforçar a fiscalização, Obama devia ser drástico e incisivo, deixando de proteger, direta e indiretamente, esses capitalistas sem capital mas que se capitalizam a vida inteira, com o dinheiro dos outros.

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PS – Obama devia tomar como ponto de partida, o Goldman Sachs, que “fiscaliza” e dá notas (boas ou más) para outros bancos, mas vai ele mesmo à falência.

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