Carlos Chagas
Um mês depois de instalada, faz o quê a Comissão da Verdade? Quantas vezes se terá reunido? Qual o seu plano de ação? Pessoas já foram convocadas para depor? Já depuseram? Documentos foram requisitados? Existe uma lista de antigos agentes do Estado suspeitos de práticas de tortura durante o regime militar, sendo investigados? Serão convocados os adversários da ditadura que praticaram lesões aos direitos humanos, como seqüestros, assaltos e assassinatos? Estão servindo de subsídio para as desconhecidas sessões da CV aqueles montes de livros editados e os relatórios produzidos a respeito dos anos de chumbo?
Mas tem mais, em termos de desconhecimento da organização de trabalho de seus sete membros: estão requisitando e consultando processos que tramitaram na Justiça Militar e na Justiça Comum? Vão deslocar-se para regiões determinadas, como o Araguaia e o Vale da Ribeira? O quartel da Polícia do Exército, no Rio? As antigas instalações do Dói-Codi, em São Paulo? Familiares dos desaparecidos foram contatados?
Só isso? Nem pensar. Sabe-se que os integrantes da CV tem à sua disposição um grupo de salas numa das dependências do Banco do Brasil, em Brasília, mas como cinco dos sete integrantes residem fora da capital federal, quando se reúnem? Hospedam-se onde? Recebem, cada um, 11 mil reais por mês, mas dispõem de outras mordomias? Carros oficiais? Passagens de avião cedidas pelo governo? Receberam telefones celulares blindados contra escutas clandestinas? Tem papel timbrado para correspondência? Quantos auxiliares foram requisitados: vinte, trinta, quarenta? Qual sua proveniência?
Não cessam as indagações. Haverá um dispositivo de segurança para todos? Só em Brasília ou em seus estados de origem? Receberam até agora ameaças de possíveis implicados nos atos de horror praticados no passado? Pelo telefone, por carta ou e-mails?
A quem a Comissão da Verdade presta contas? Ao Executivo, talvez o ministério da Justiça? Ao Congresso? Atrás de informações, liga-se o grupo à Polícia Federal, à Abin, ao ministério da Defesa?
Pelo jeito, trabalham em segredo, quem sabe discordando entre eles, quando sua finalidade seria ir desvendando claramente o passado a que o país tem o direito de conhecer. Só que o presente a cargo deles até agora permanece desconhecido. Seria por temor de represálias ou pelo vício de tempos anteriores, quando tudo era sigiloso, carecendo a sociedade de informações a seu próprio respeito?
Fechada, a Comissão da Verdade investiga fatos e pessoas que até agora mantém ocultos. Corre o risco de produzir relatórios tão a gosto dos decretos-secretos de décadas atrás, que só privilegiados podiam ler. O natural seria abrir à imprensa reuniões, diligências, depoimentos e conclusões parciais, deixando a opinião pública acompanhar e, assim, contribuir para o melhor desempenho do objetivo final. Por enquanto, com todo o respeito, é a Comissão do Silêncio.
Fonte: Tribuna da Internet.
Um mês depois de instalada, faz o quê a Comissão da Verdade? Quantas vezes se terá reunido? Qual o seu plano de ação? Pessoas já foram convocadas para depor? Já depuseram? Documentos foram requisitados? Existe uma lista de antigos agentes do Estado suspeitos de práticas de tortura durante o regime militar, sendo investigados? Serão convocados os adversários da ditadura que praticaram lesões aos direitos humanos, como seqüestros, assaltos e assassinatos? Estão servindo de subsídio para as desconhecidas sessões da CV aqueles montes de livros editados e os relatórios produzidos a respeito dos anos de chumbo?
Mas tem mais, em termos de desconhecimento da organização de trabalho de seus sete membros: estão requisitando e consultando processos que tramitaram na Justiça Militar e na Justiça Comum? Vão deslocar-se para regiões determinadas, como o Araguaia e o Vale da Ribeira? O quartel da Polícia do Exército, no Rio? As antigas instalações do Dói-Codi, em São Paulo? Familiares dos desaparecidos foram contatados?
Só isso? Nem pensar. Sabe-se que os integrantes da CV tem à sua disposição um grupo de salas numa das dependências do Banco do Brasil, em Brasília, mas como cinco dos sete integrantes residem fora da capital federal, quando se reúnem? Hospedam-se onde? Recebem, cada um, 11 mil reais por mês, mas dispõem de outras mordomias? Carros oficiais? Passagens de avião cedidas pelo governo? Receberam telefones celulares blindados contra escutas clandestinas? Tem papel timbrado para correspondência? Quantos auxiliares foram requisitados: vinte, trinta, quarenta? Qual sua proveniência?
Não cessam as indagações. Haverá um dispositivo de segurança para todos? Só em Brasília ou em seus estados de origem? Receberam até agora ameaças de possíveis implicados nos atos de horror praticados no passado? Pelo telefone, por carta ou e-mails?
A quem a Comissão da Verdade presta contas? Ao Executivo, talvez o ministério da Justiça? Ao Congresso? Atrás de informações, liga-se o grupo à Polícia Federal, à Abin, ao ministério da Defesa?
Pelo jeito, trabalham em segredo, quem sabe discordando entre eles, quando sua finalidade seria ir desvendando claramente o passado a que o país tem o direito de conhecer. Só que o presente a cargo deles até agora permanece desconhecido. Seria por temor de represálias ou pelo vício de tempos anteriores, quando tudo era sigiloso, carecendo a sociedade de informações a seu próprio respeito?
Fechada, a Comissão da Verdade investiga fatos e pessoas que até agora mantém ocultos. Corre o risco de produzir relatórios tão a gosto dos decretos-secretos de décadas atrás, que só privilegiados podiam ler. O natural seria abrir à imprensa reuniões, diligências, depoimentos e conclusões parciais, deixando a opinião pública acompanhar e, assim, contribuir para o melhor desempenho do objetivo final. Por enquanto, com todo o respeito, é a Comissão do Silêncio.
Fonte: Tribuna da Internet.
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