FHC é ausência mais notada na festa tucana
Os marqueteiros bem que capricharam na organização da festa tucana, no ginásio do Ibirapuera, em que José Serra foi oficialmente lançado neste domingo para disputar pela quarta vez a prefeitura de São Paulo.
Ao custo de 250 mil reais, com direito a telão, bonecos do candidato, jingle baseado no hit Eu Quero Tchu, Eu Quero Tcha, tema de novela da Globo, e chuva de papel picado, o evento lembrou as superproduções das convenções americanas.
Na parte política, porém, Serra não teve o que comemorar. Além da disputa cada vez mais acirrada entre os aliados PSDB e o PSD pela vaga de vice, que serviu de pano de fundo do encontro, com direito a vaias ao prefeito Gilberto Kassab, a convenção foi marcada pela ausência das principais lideranças nacionais dos tucanos.
A ausência mais notada, mas escondida pela mídia amiga, foi a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda a principal estrela do partido, que alegou um compromisso de viagem anteriormente assumido.
Quando Marta Suplicy não foi ao lançamento da candidatura do petista Fernando Haddad, indicado por Lula, deixando a ex-prefeita contrariada com o partido, o assunto virou manchete dos jornais. Agora, a ausência de FHC passou batida, merecendo apenas um reles registro no noticiário, indicando como será "isenta" a cobertura das eleições paulistanas pela grande imprensa.
Também não apareceram na festa de Serra o presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra, e o presidenciável Aécio Neves. A principal liderança nacional dos tucanos presente ao encontro acabou sendo o senador paranaense Álvaro Dias, que teve seu nome indicado para vice e, em seguida, foi rifado na chapa presidencial de Serra em 2010.
A novela do vice deve durar pelo menos até quarta-feira, quando o Supremo Tribunal Federal vai decidir se o PSD de Kassab terá direito a participação maior no tempo de propaganda na televisão e no fundo partidário.
Se perder a ação, o novo partido formado por dissidentes do DEM e do PSDB, que já conta com a terceira maior bancada na Câmara dos Deputados, ficará do tamanho dos nanicos e perderá poder de barganha na formação da chapa de Serra.
Neste caso, a ala alckmista do PSDB, que não esquece as eleições de 2008, quando Serra apoiou Kassab e deixou o candidato tucano, hoje governador, fora do segundo turno, vai insistir na chapa puro-sangue. Caso ganhe no STF, Kassab quer colocar na vice seu ex-secretário Educação, Alexandre Schneider.
Seja quem for o vice, a estratégia da campanha de Serra já está definida, como ficou bem claro no seu discurso na convenção: transformar o limão numa limonada. Contra os três principais concorrentes, todos bem mais jovens — Celso Russomanno, Fernando Haddad e Gabriel Chalita — o candidato de 70 anos vai jogar a sua experiência de ex-prefeito, ex-governador e ex-ministro.
"Não estou aqui para brincar de governar. Não estou aqui para experimentar. Não estou aqui para tentar fazer. Estou aqui para levar São Paulo para frente", atacou em seu discurso, no qual defendeu a continuidade da administração, apesar da alta rejeição do prefeito Gilberto Kassab.
O alvo principal também está escolhido e não poderia ser outro, a exemplo do que tem acontecido em todas as últimas eleições na capital paulista: o PT. Enquanto Serra falava das suas realizações e dos seus planos para São Paulo — "meu sonho é voltar a ser prefeito" —, as críticas mais duras ao candidato petista foram terceirizadas.
O governador Alckmin afirmou que "São Paulo não é terra para candidato do bolso do colete" e o senador Aloysio Nunes Ferreira mirou em Lula ao lembrar que o ex-presidente "impõe um candidato que passeia por aí como um urso amestrado levado pela coleira".
Enfim, a campanha eleitoral começou em São Paulo.
Blog do Ricardo Kotscho
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