quarta-feira, 27 de junho de 2012

POLÍTICA - O efeito Maluf.

 

O efeito Maluf: Haddad cai e Russomanno sobe



serra celso1 O efeito Maluf: Haddad cai e Russomanno sobe
Cai a diferença entre Serra e Russomanno

Como eu já imaginava, a tentativa do ex-presidente Lula de dar uma tacada de mestre , ao levar seu candidato Fernando Haddad para tirar fotos com Paulo Maluf na casa do dito cujo, deu com os burros n'agua, como se dizia nos tempos antigos em que os dois eram arquiinimigos.
"64% dos petistas rejeitam apoio de Maluf", confirma a manchete sobre a última pesquisa do Datafolha publicada nesta quarta-feira. No eleitorado em geral, este índice é de 62%. Outro dado preocupante para a campanha do PT: 59% dos entrevistados declararam que não votam em candidato apoiado por Paulo Maluf.
Haddad não só não cresceu com o apoio de Maluf, como ainda caiu dois pontos — de 8 para 6% — e viu Celso Russomanno, do pequeno PRB, crescer mais três, chegando a 24%.
A diferença entre Russomanno e o tucano José Serra, o líder que continua no mesmo patamar desde março — oscilou de 30 para 31% no período —, caiu para sete pontos, a menor desde o início das pesquisas do Datafolha, em dezembro.
Nem seria necessário gastar muito dinheiro com pesquisas para constatar como pegou mal aquela já histórica foto dos três sorridentes senhores nos belos jardins da mansão de Paulo Maluf.
Basta andar pelas ruas, como eu faço todos os dias. Desde a divulgação da foto, não tive mais sossego.
Na padaria, no bar da esquina, na farmácia, na feira livre, no barbeiro, na banca de jornal, no ponto de táxi, nas redações onde trabalho, petistas e não petistas, tucanos e ateus, todo mundo se sentiu no direito de me cobrar a esdrúxula aliança do PT com o Maluf e, mais do que isso, o retrato publicado nos jornais. O problema é que os políticos não andam pelas ruas para saber o que o povo fala deles.
Foi mais ou menos como se o meu São Paulo tivesse tomado uma goleada do Corinthians, com direito a olé e tudo. Tem coisas que ninguém explica e é melhor deixar pra lá. Mas, que foi uma vergonha, foi.
Quem se deu bem nesta disputa do PT com o PSDB pelo apoio de Paulo Maluf, vencida pelo partido de Lula, foi o jornalista e empresário Celso Russumanno que, mesmo tendo uma aliança formada com quatro nanicos, e com pouco tempo de televisão, subiu sete pontos de janeiro a junho, mantendo-se firme no segundo lugar.
Os analistas de pesquisas, que não conseguem explicar o fenômeno desta grande surpresa das eleições paulistanas, atribuem o crescimento de Russomanno apenas ao pequeno programa Patrulha do Consumidor exibido nas manhãs da TV Record.
Se bastasse aparecer em programas de televisão para garantir votos, William Bonner, Gugu, Ratinho ou Faustão seriam imbatíveis se lançassem suas candidaturas a presidente da República.
Pelos comentários que li nos últimos dias aqui no Balaio, tenho uma outra explicação: há um cansaço generalizado com a velha política, demonstrado claramente pelos eleitores nesta campanha, um sentimento que se radicaliza sempre que surge um fato novo como esta aliança entre Maluf e Lula.
Cresce imediatamente o número dos que declaram que não vão votar em mais ninguém, a brava turma do voto nulo. E ganham apoio, por eliminação, outros candidatos que não pertencem aos grandes partidos — entre eles, o que mais se beneficia é justamente Celso Russomanno, deputado federal em quarto mandato, o nome mais lembrado de eleições anteriores.
O candidato do PRB firma-se desta forma como a terceira via dos que se desencantaram tanto com o PT de Haddad como com o PSDB de Serra. Vamos ver o que acontece a partir da próxima semana, quando Russomanno terá de deixar o programa de televisão em cumprimento à legislação eleitoral.
Neste sábado, tanto o PRB como o PT farão suas convenções. Pelas alianças até aqui formadas, com o PCdoB tendo indicado Nádia Campeão para vice de Haddad no lugar de Luiza Erundina, o PT terá o maior tempo no programa eleitoral na TV, entre sete e oito minutos, e Russomanno ficará com um dos menores, apenas um minuto e meio.
Os tempos finais de televisão e a indicação do vice de José Serra ainda dependem do julgamento da ação do PSD do prefeito Gilberto Kassab previsto para hoje no Supremo Tribunal Federal. Kassab reivindica tempo de TV e participação no fundo partidário correspondentes à bancada do novo partido, mas se o STF recusar o pedido o PSD ficará do tamanho dos nanicos, deixando de ter poder de barganha para negociar a vice na chapa de Serra, que perderá tempo de TV.
Em tempo: um dado meio perdido nos resultados do Datafolha registra o crescimento da rejeição a José Serra, que passou de 32 para 35% em apenas dez dias. Neste quesito, Haddad tem 12 % e, Russomanno, 11%. Numa campanha eleitoral, como sabemos, índices de rejeição são tão importantes quanto a oscilação ou não na intenção de votos.
Fonte: Blog do Ricardo Kotscho.

Nenhum comentário: