Sebastião Nery
Ele era cabo do Palácio Bandeirantes, quando Ademar de Barros era governador de São Paulo. Todo fim de mês, de manhã cedo, recebia um envelope fino, fechado, muito bem fechado, para entregar a um senhor gordo e estranho, nos subúrbios da capital. E trazia de volta, mandado pelo senhor gordo um pacote grosso, fechado, muito bem fechado.
Um mês, dois meses, seis meses, todo dia 30, de manhã bem cedo, o cabo levando o envelope fino e trazendo o pacote grosso. Morria de curiosidade, mas não tocava o dedo. Estava ali cumprindo seu dever. E o segredo era o primeiro preço do dever.
Um dia, o cabo não se conteve. Cheio de cuidados, abriu, pela ponta, discretamente, o pacote grosso. Era dinheiro. Muito dinheiro. Tudo nota de mil. Resistiu à tentação, entregou o pacote inteiro, intocado. No mês seguinte, dia 30, quando lhe deram de novo o pacote fino, abriu. Era um cartão:
“50 contos no bicho que der”.
O cabo pegou uma caneta em um botequim, emendou:
“50 contos no bicho que der. Aliás, 55”.
Nunca mais lhe deram o envelope fino nem o pacote grosso. Foi demitido.
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O CABO DE SERRA
Ricardo Sérgio, o cabo de José Serra, passou anos pegando grossos pacotes de dinheiro para Fernando Henrique e para Serra, para as campanhas de Fernando Henrique e de Serra. Pegava e entregava. Na doação da Vale do Rio Doce, não se conteve. Abriu o pacote grosso. Era muito dinheiro. Tudo nota de dólar. Bilhões de dólares. Pediu dez milhões “para os tucanos”. Aliás, 15 milhões, 5 para ele. Ele também era filho de Deus e tucano.
Na época, todo mundo pensando na copa de futebol e o governo começava a copa do cinismo. Fernando Henrique dizia que não se lembra mais de ter conversado com seu ministro Mendonça de Barros, que lhe contou a história. Serra dizia que só recebeu R$ 95 mil de Carlos Jereissati para a campanha de senador em 94, que declarou ao Tribunal. Jeireissati desmentiu. Disse que deu US$ 700 mil (na época, um real valia um dólar) para a campanha de Serra: 95 mil em dinheiro e 600 mil pagando o avião dele.
Para pagar os pacotes grossos do cabo Ricardo Sérgio, Fernando Henrique, mal tomou posse na presidência, em 95, a pedido de Serra, nomeou o cabo Ricardo diretor internacional do Banco do Brasil e lhe entregaram o comando da Previ, o rechonchudo fundo de pensão de R$ 36 bilhões do Banco do Brasil. Deram ao cabo os envelopes finos e os grossos.
Na maracutaia das Telecomunicações, o cabo Ricardo, promovido a um dos generais da telegangue, continuou tucanando. Segundo o ex-senador Antônio Carlos contou no programa de Boris Casoy, na Record, e a “Veja” publicou na época, o cabo Ricardo exigiu US$ 90 milhões para a Previ comprar a Telemar para o grupo de Carlos Jereissati. Deram US$ 60 milhões e, segundo Daniel Daniel Dantas, do Opportunity, o cabo ainda cobra US$ 30 milhões.
Por mais que o cabo Ricardo tenha sido promovido a general tucano, por ser perito em envelopes finos e pacotes grossos, é evidente que esses US$ 90 milhões não eram e não foram só para ele. Só uma CPI poderia ter apurado.
Fonte: Tribuna da Internet.
Ele era cabo do Palácio Bandeirantes, quando Ademar de Barros era governador de São Paulo. Todo fim de mês, de manhã cedo, recebia um envelope fino, fechado, muito bem fechado, para entregar a um senhor gordo e estranho, nos subúrbios da capital. E trazia de volta, mandado pelo senhor gordo um pacote grosso, fechado, muito bem fechado.
Um mês, dois meses, seis meses, todo dia 30, de manhã bem cedo, o cabo levando o envelope fino e trazendo o pacote grosso. Morria de curiosidade, mas não tocava o dedo. Estava ali cumprindo seu dever. E o segredo era o primeiro preço do dever.
Um dia, o cabo não se conteve. Cheio de cuidados, abriu, pela ponta, discretamente, o pacote grosso. Era dinheiro. Muito dinheiro. Tudo nota de mil. Resistiu à tentação, entregou o pacote inteiro, intocado. No mês seguinte, dia 30, quando lhe deram de novo o pacote fino, abriu. Era um cartão:
“50 contos no bicho que der”.
O cabo pegou uma caneta em um botequim, emendou:
“50 contos no bicho que der. Aliás, 55”.
Nunca mais lhe deram o envelope fino nem o pacote grosso. Foi demitido.
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O CABO DE SERRA
Ricardo Sérgio, o cabo de José Serra, passou anos pegando grossos pacotes de dinheiro para Fernando Henrique e para Serra, para as campanhas de Fernando Henrique e de Serra. Pegava e entregava. Na doação da Vale do Rio Doce, não se conteve. Abriu o pacote grosso. Era muito dinheiro. Tudo nota de dólar. Bilhões de dólares. Pediu dez milhões “para os tucanos”. Aliás, 15 milhões, 5 para ele. Ele também era filho de Deus e tucano.
Na época, todo mundo pensando na copa de futebol e o governo começava a copa do cinismo. Fernando Henrique dizia que não se lembra mais de ter conversado com seu ministro Mendonça de Barros, que lhe contou a história. Serra dizia que só recebeu R$ 95 mil de Carlos Jereissati para a campanha de senador em 94, que declarou ao Tribunal. Jeireissati desmentiu. Disse que deu US$ 700 mil (na época, um real valia um dólar) para a campanha de Serra: 95 mil em dinheiro e 600 mil pagando o avião dele.
Para pagar os pacotes grossos do cabo Ricardo Sérgio, Fernando Henrique, mal tomou posse na presidência, em 95, a pedido de Serra, nomeou o cabo Ricardo diretor internacional do Banco do Brasil e lhe entregaram o comando da Previ, o rechonchudo fundo de pensão de R$ 36 bilhões do Banco do Brasil. Deram ao cabo os envelopes finos e os grossos.
Na maracutaia das Telecomunicações, o cabo Ricardo, promovido a um dos generais da telegangue, continuou tucanando. Segundo o ex-senador Antônio Carlos contou no programa de Boris Casoy, na Record, e a “Veja” publicou na época, o cabo Ricardo exigiu US$ 90 milhões para a Previ comprar a Telemar para o grupo de Carlos Jereissati. Deram US$ 60 milhões e, segundo Daniel Daniel Dantas, do Opportunity, o cabo ainda cobra US$ 30 milhões.
Por mais que o cabo Ricardo tenha sido promovido a general tucano, por ser perito em envelopes finos e pacotes grossos, é evidente que esses US$ 90 milhões não eram e não foram só para ele. Só uma CPI poderia ter apurado.
Fonte: Tribuna da Internet.
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