Leonardo Boff
Três são os grandes figurantes da Rio+20: os representantes oficiais dos Estados e dos governos, os empresários e a Cúpula dos Povos. Cada grupo é portador de um projeto e de uma visão de futuro.
Os representantes oficiais repropõem o desgastado desenvolvimento sustentável agora pintado de verde. Esquecem, entretanto, de confessar que ele fracassou rotundamente. Diz Gorbachov: “O atual modelo de crescimento econômico é insustentável; ele engendra crises, injustiça social e o perigo de catástrofe ambiental”. O Borrador Zero da Rio+20 reconhece: “O desenvolvimento sustentável continua a ser um objetivo distante”. Em sua fé dogmática no desenvolvimento sustentável, que, no fundo, é crescimento material, continuam propondo mais do mesmo.
Não teriam os agentes do atual sistema mundial sofrido uma espécie de lobotomia? Não sentem a urgência da ameaça ambiental. Preferem salvar o sistema financeiro e os bancos que garantir a vida e proteger a Terra.
Os empresários estão tomando consciência dos limites da Terra, do aumento populacional e do aquecimento global. Não esperam por consensos quase impossíveis das reuniões da ONU e dos governos. Mais de cem lideranças empresariais se reuniram no Rio antes do evento. Pretendem criar o G-0 em oposição ao G-2, G-7 ou G-20. Chegam a dizer: “Nós precisamos assumir o comando”. A agenda coletiva acertada vai na linha da economia verde, não como maquiagem, mas como uma produção de baixo carbono, preservando o mais possível a natureza. Contudo, constituem apenas 1% das empresas com receita acima de US$ 1 bilhão. Dão-se conta de um problema ainda insolúvel dentro do atual modelo. Os acionistas não querem renunciar ao lucro em nome da sustentabilidade. Mas, pelo menos, esses empresários viram o problema: ou mudam ou afundam junto com os outros.
O terceiro figurante é a Cúpula dos Povos. São milhares, vindos de todo o mundo: os altermundistas, que querem mostrar o que estão fazendo com a economia solidária e o comércio justo, com a preservação das sementes crioulas, com o combate aos transgênicos, com a produção orgânica da economia familiar, com as ecovilas e as energias alternativas. Uma outra forma de produção e consumo, mais em consonância com os ritmos da natureza, fruto de um novo olhar sobre a Terra.
Para atalhar, diria: no primeiro grupo reina resignação; no segundo, inquietação; e no terceiro, esperança.
Estimo o seguinte resultado da Rio+20:
A reunião formal da ONU vai aprovar a economia verde, mantendo o mesmo modo de produção capitalista básico. Isso dará o aval para as empresas fazerem negócios com bens e serviços naturais. Criar-se-á uma Organização Mundial do Meio Ambiente, na linha da Organização Mundial do Comércio.
Os empresários irão pressionar os governos a não intervirem nos negócios da economia verde. Querem o caminho livre, pois se trata de uma economia de baixo carbono e, por isso, ecoamigável, embora dentro do modelo vigente.
A Cúpula dos Povos irá lançar uma alternativa à economia verde: a economia solidária. Criarão articulações globais contra a mercantilização de bens e serviços vitais, como água, sementes, solos, florestas, oceanos e outros, entendidos como bens comuns da humanidade.
O salto rumo a um novo paradigma de sociedade planetária não se dará por ora. Mas será obrigatório face às crises socioambientais. O sofrimento coletivo nos dará amargas lições. Todos aprenderemos, a duras penas.
Três são os grandes figurantes da Rio+20: os representantes oficiais dos Estados e dos governos, os empresários e a Cúpula dos Povos. Cada grupo é portador de um projeto e de uma visão de futuro.
Os representantes oficiais repropõem o desgastado desenvolvimento sustentável agora pintado de verde. Esquecem, entretanto, de confessar que ele fracassou rotundamente. Diz Gorbachov: “O atual modelo de crescimento econômico é insustentável; ele engendra crises, injustiça social e o perigo de catástrofe ambiental”. O Borrador Zero da Rio+20 reconhece: “O desenvolvimento sustentável continua a ser um objetivo distante”. Em sua fé dogmática no desenvolvimento sustentável, que, no fundo, é crescimento material, continuam propondo mais do mesmo.
Não teriam os agentes do atual sistema mundial sofrido uma espécie de lobotomia? Não sentem a urgência da ameaça ambiental. Preferem salvar o sistema financeiro e os bancos que garantir a vida e proteger a Terra.
Os empresários estão tomando consciência dos limites da Terra, do aumento populacional e do aquecimento global. Não esperam por consensos quase impossíveis das reuniões da ONU e dos governos. Mais de cem lideranças empresariais se reuniram no Rio antes do evento. Pretendem criar o G-0 em oposição ao G-2, G-7 ou G-20. Chegam a dizer: “Nós precisamos assumir o comando”. A agenda coletiva acertada vai na linha da economia verde, não como maquiagem, mas como uma produção de baixo carbono, preservando o mais possível a natureza. Contudo, constituem apenas 1% das empresas com receita acima de US$ 1 bilhão. Dão-se conta de um problema ainda insolúvel dentro do atual modelo. Os acionistas não querem renunciar ao lucro em nome da sustentabilidade. Mas, pelo menos, esses empresários viram o problema: ou mudam ou afundam junto com os outros.
O terceiro figurante é a Cúpula dos Povos. São milhares, vindos de todo o mundo: os altermundistas, que querem mostrar o que estão fazendo com a economia solidária e o comércio justo, com a preservação das sementes crioulas, com o combate aos transgênicos, com a produção orgânica da economia familiar, com as ecovilas e as energias alternativas. Uma outra forma de produção e consumo, mais em consonância com os ritmos da natureza, fruto de um novo olhar sobre a Terra.
Para atalhar, diria: no primeiro grupo reina resignação; no segundo, inquietação; e no terceiro, esperança.
Estimo o seguinte resultado da Rio+20:
A reunião formal da ONU vai aprovar a economia verde, mantendo o mesmo modo de produção capitalista básico. Isso dará o aval para as empresas fazerem negócios com bens e serviços naturais. Criar-se-á uma Organização Mundial do Meio Ambiente, na linha da Organização Mundial do Comércio.
Os empresários irão pressionar os governos a não intervirem nos negócios da economia verde. Querem o caminho livre, pois se trata de uma economia de baixo carbono e, por isso, ecoamigável, embora dentro do modelo vigente.
A Cúpula dos Povos irá lançar uma alternativa à economia verde: a economia solidária. Criarão articulações globais contra a mercantilização de bens e serviços vitais, como água, sementes, solos, florestas, oceanos e outros, entendidos como bens comuns da humanidade.
O salto rumo a um novo paradigma de sociedade planetária não se dará por ora. Mas será obrigatório face às crises socioambientais. O sofrimento coletivo nos dará amargas lições. Todos aprenderemos, a duras penas.
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