Os protestos de rua que
vêm ocupando as ruas de diversas cidades brasileiras saíram de uma pauta única
para ampliar para um elenco de reivindicações sociais. O que, de início, era um
movimento contra o aumento dos preços das passagens de ônibus, hoje, inclui
temas como mais verbas para saúde, educação, combate à corrupção, controle sobre
gastos excessivos na organização da Copa do Mundo de Futebol e Olimpíadas 2016,
entre outros pontos. Destacam-se nessas manifestações cartazes com os dizeres
“Não atire, ouça!” ou “Verás que um filho teu não foge à luta!” ou ainda “Quando
seu filho estiver doente, leve ele a um estádio”. São expressões nítidas de uma
ampla pauta social, adequada para o momento democrático vivido pelo Brasil. Há
algumas preocupações, porém, que precisam ser urgentemente tratadas. Uma é
conter o oportunismo de grupos que se infiltram nos protestos para provocar atos
de vandalismo, tentando assim dar um caráter de radicalização às manifestações.
Outro problema é a declaração de alguns participantes das marchas, afirmando ser
contrários a partidos políticos e a outros movimentos sociais. É o tipo de
posicionamento político que revela um perfil direitoso de alguns grupos. Esse
discurso de exclusão de movimentos sociais interessa à mídia conservadora, aos
partidos conservadores e até setores militares saudosos dos tempos de ditadura.
A pauta dos protestos de rua é justa e precisa ser intensificada, com a firme
participação dos movimentos sociais e partidos políticos progressistas, que,
neste momento, precisam disputar na sociedade a hegemonia das lutas sociais. Por
fim, vale lembrar o que afirma a jornalista Fátima Lacerda, da Agência
Petroleira de Notícias: “Foi por causa da Copa e de outros megaeventos
programados no Brasil que pelo menos 250 mil pessoas foram despejadas. E sequer
uma casa nova foi construída. Como se não bastasse, nossos políticos, sempre tão
espertos, esqueceram de uma das lições básicas de Maquiavel: jamais deixe o povo
sem pão e sem circo. O pão, as passagens, o pimentão, o tomate, está tudo pela
hora da morte. A Fifa impôs ingressos caros, proibiu pandeiro, tamborim e até
xingar o juiz nos estádios. Proibiu o povo de ter acesso aos jogos e pasteurizou
tanto esse esporte que tirou toda a nossa graça de torcer. O brasileiro hoje já
sabe que o futebol é um grande negócio para enriquecer meia dúzia de empresários
e políticos. Foram com muita sede ao pote. Tiraram o pão da boca do povo e o
povo da arena dos jogos. Queriam o quê? Agora estão colhendo aquilo que vêm
plantando”.
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