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Eram 18h, uma hora depois do horário combinado para a concentração, uma multidão lotava as ruas de Pinheiros. E a marcha começou. Há muito tempo São Paulo não tinha uma manifestação política como a realizada hoje. Ao menos desde o impeachment de Collor. Há tanto tempo não aconteciam tantas marchas simultâneas Brasil afora.
Em eventos assim é difícil fazer cálculos, mas em São Paulo, não é exagero dizer que umas 100 mil pessoas marcharam de maneira vibrante pelas ruas. E a partir de um local que nunca foi ponto de marchas, o Largo da Batata.
Aliás, marchas diz muito mais do que marcha no caso do que se viu na noite de hoje. Eram movimentos que se uniram contra o aumento das tarifas do transporte público. Mas que tinham várias demandas e hashtags. Algo mais parecido em alguns aspectos com as marchas de aberturas do Fórum Social Mundial.
Causas diferentes a cada trecho. Blocos com diferentes mensagens. Mas também não eram uma marcha típica do Fórum. Havia uma luta central e comum, que tem a ver com a dinâmica dos tempos de urbanidade e da necessidade de mobilidade. Uma luta dialógica, pós-industrial. Que não se organiza na dinâmica dos processos fordistas, em linhas de produção. E com direção única. Em São Paulo, por exemplo, de repente as marchas se dividiram e foram para cantos diferentes.
Foram para pontos diferentes, mas desbarataram todos os partidos políticos. E fizeram com que Alckmin se tornasse irmão de fé do ministro Zé Eduardo Cardoso. Um chamou o movimento de baderneiros organizados. E o outro ofereceu a PF para botar o movimento no eixo.
Foram para pontos diferentes, mas desbarataram todos os partidos políticos. E fizeram com que Alckmin se tornasse irmão de fé do ministro Zé Eduardo Cardoso. Um chamou o movimento de baderneiros organizados. E o outro ofereceu a PF para botar o movimento no eixo.
Pode-se dizer que esse tipo de política tradicional perdeu de goleada na noite de hoje. E a democracia representativa se enfraqueceu. Isso não quer dizer que o que virá será melhor. Mas quer dizer que é preciso ajeitar o rumo.
Os partidos que se reivindicam de esquerda no Brasil estavam atuando na zona de conforto. Vivendo dos louros de uma política social de fato bem sucedida e importante para o país, mas que não poderia ser um fim em si mesma.
Hoje o grito das ruas foi um alerta. Não significa um Fora Dilma ou algo parecido. Na marcha de São Paulo esse tipo de protesto foi residual. Havia muito mais gente xingando Alckmin do que Dilma ou Haddad. Tanto que parte do movimento se dirigiu para o Palácio dos Bandeirantes.
Hoje o grito das ruas foi um alerta. Não significa um Fora Dilma ou algo parecido. Na marcha de São Paulo esse tipo de protesto foi residual. Havia muito mais gente xingando Alckmin do que Dilma ou Haddad. Tanto que parte do movimento se dirigiu para o Palácio dos Bandeirantes.
As ruas podem errar, mas elas em geral mandam sempre bons recados. Ainda há tempo para fazer diferente. Não é uma primavera brasileira. Mas pode ser. Não é Fora Dilma, mas pode ser. Não é contra o Haddad, mas pode ser. E está quase sendo contra o Alckmin, pelo que vi hoje.
Talvez a melhor definição seja a que ouvi de um amigo há pouco. Não é de direita e nem de esquerda. Mas pode vir a ser de direita e de esquerda.
O que aconteceu hoje não se responde com análises apressadas. É preciso buscar sair do convencional. E até por isso tanta gente que se diz de esquerda está com medo das ruas. Infelizmente.
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