Graças à PM, movimento agora é por um País livre Marco Antonio Araujo Se faltavam motivos para uma próxima manifestação de rua em São Paulo, a PM acaba de escrever, nesta dia 13, um involuntário manifesto anarquista com fortes argumentos para que a maioria da população passe a apoiar o movimento. E, auge da burrice, transformou a Paulista em um Monte Castelo, uma Bastilha a ser tomada pelos insurgentes. Para completar, conseguiu que o País ouvisse de novo: "o povo unido jamais será vencido". Os "baderneiros" e "vândalos" agradecem. Impedir que ocupem uma avenida que já estava interditada pela própria polícia foi a ideia que algum gênio da segurança formado em Istambul ou na Faixa de Gaza. Se não tivessem bloqueado a marcha, não teria havido nenhum confronto. Se bem que, tecnicamente, não houve confronto. O que vimos foi uma agressão unilateral por parte da PM, precedida pela prisão de supostos líderes do movimento (preventivas, sem materialidade e, portanto, provavelmente ilegais, abusivas e arbitrárias). Entre os detidos, alguns são acusados de portar vinagre em suas mochilas. "Material estranho". Ridículo, patético, grosseiro. Outros, muitos, de formação de quadrilha. Crime inafiançável. Tudo isso. Ninguém, minimamente honesto, concorda que organizar um protesto, mesmo que nele se cometam excessos, é algo comparável à ação de narcotraficantes, assaltantes de banco ou sequestradores. Os rapazes encarcerados pelo governo Alckmin não são terroristas. É preciso estar atento e forte: são prisioneiros políticos. Digo isso com serenidade, sem nenhum arroubo verbal. Foram presos por motivos ideológicos, por pensarem e agirem como se vivessem em um País democrático, onde podem e devem conviver ideias contraditórias. Também vimos jornalistas serem tratados como inimigos de Estado. Uma coisa aprendi: se estiver numa manifestação, jamais diga a PMs que você é repórter ou jornalista. Eles não sabem que a imprensa brasileira defende o ponto de vista deles. Não leem editorias, é nisso que dá. Um repórter fotográfico foi espancando por "seis, sete, oito, nove policiais", como bem narrou Marcelo Rezende, no Cidade Alerta — que, insuspeito, afirmou: "a insatisfação do povo brasileiro vai tomando as ruas". As porradas gratuitas e desproporcionais que começaram a ser registradas por câmeras, celulares e helicópteros causaram indignação em quem, até então, assistia a um ato pacífico, festivo e repleto de cidadania. "Um show de democracia", narrou outro crítico de arruaças, José Luiz Datena. Uma unanimidade esboçava ser construída. A guerra da comunicação estava começando a desenhar uma novidade, um estranhamento: ao vivo, o despreparo e a truculência da PM tomavam o lugar das críticas aos excessos que alguns manifestantes perpetraram dias antes. A baderna agora se organizava em outro lugar, bem distante das ruas: estava nos palácios, nos gabinetes de segurança, na voz de poucos locutores que insistiam em ver algo além de uma multidão de cidadãos exercendo a tão reclamada consciência política. Cadê os alienados, os jovens que não se preocupam com o futuro do País? Quem eram aqueles milhares de brasileiros cantando, oferecendo flores aos soldados e gritando claramente: "sem violência!"? Para quem apostava no caos, foi desconcertante. E vergonhoso o comportamento de todas as nossas autoridades. Nenhum "representante do povo" deu nem ao menos uma tímida demonstração de estar entendendo o que se passava. Declarações burocráticas, tímidas, quando não simplesmente equivocadas. Cada um de seu jeito, Geraldo Alckmin, Fernando Haddad e o ministro da Justiça, Martins Cardozo, se portaram como burocratas ou porta-vozes de algum regime autoritário de um passado nada distante. O prefeito se apequenou, antes mesmo de ser gente grande. O governador só sabe repetir chavões de quem se recusa a admitir que administra o estado mais violento da República. Cardozo se esconde da mídia porque sabe que tudo que disser vai depor contra sua biografia. Covardes. Essa somatória de arrogância e despreparo criou uma situação inesperada. Como os manifestantes se comportaram civilizadamente, as autoridades ficaram sozinhas, cercadas pela multidão que assistia aos abusos e à incapacidade de nossos “líderes” dialogarem com o que efetivamente estava acontecendo. Podem se preparar. A luta continua, dirá qualquer criança com capacidade de se indignar. O movimento, por absoluta cegueira e incompetência dos governantes, não é mais por passe livre. Agora é por um País livre. Por uma nação que tenha o direito de ocupar as ruas reivindicando um futuro melhor. E que se orgulhe de ter uma juventude corajosa e ordeira. Duvida? Recomendo não esperar sentado. |
Carlos Augusto de Araujo Dória, 82 anos, economista, nacionalista, socialista, lulista, budista, gaitista, blogueiro, espírita, membro da Igreja Messiânica, tricolor, anistiado político, ex-empregado da Petrobras. Um defensor da justiça social, da preservação do meio ambiente, da Petrobras e das causas nacionalistas.
sábado, 15 de junho de 2013
MPL - A luta continua.
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