Análise das críticas feitas à Dilma pela grande mídia
Por Marcia
Do Blog do Miro
Nova investida da mídia contra Dilma
Por Alexandre Haubrich, no blog Jornalismo B:
Se não passa de preocupação vã a ideia de que uma conjuntura para um golpe – armado ou institucional – está sendo preparada pela direita brasileira a partir de protestos que começaram com setores de esquerda, é fato que a mídia dominante, historicamente desapegada à democracia e apoiadora do Golpe Militar de 1964, tem feito de tudo para direcionar apenas à presidenta Dilma Rousseff a insatisfação que tem levado multidões de brasileiros às ruas. Com vistas a um rompimento democrático ou com objetivos eleitorais para 2014, fica claro o oportunismo e o entrosamento entre os principais veículos das velhas elites, que têm mantido uma linha bastante semelhante e construído mudanças editoriais concomitantes e no mesmo sentido desde que os protestos começaram a intensificar-se.
Na última segunda-feira, 24 de junho, aconteceram protestos em menor número, mais espalhados. No mesmo dia, Dilma falara em rede nacional e propusera 5 conjuntos de medidas na tentativa de aplacar a crise política, incluindo um plebiscito para finalmente construir uma Reforma Política. Os principais portais de notícias do país responderam com novos ataques contra a presidenta, procurando manter o foco totalmente direcionado a ela. As manchetes não deixam dúvidas. “Dilma” está por todos os lados dos portais, sempre acompanhada de expressões negativas e de interpretações contrárias às medidas que propôs.
O site da revista Veja diz em sua manchete que Dilma está “nas cordas”, e que “inventou” um plebiscito ao qual Veja chama de “oportunista”. Afirmar que a presidenta está “nas cordas” nada mais é do que apresentá-la como acuada, à beira do nocaute. Veja diz ainda que o plebiscito é “mecanismo contestável juridicamente” e que a presidenta quer “empurrar a responsabilidade”. Em chamadas secundárias da mesma notícia, fala em “tentativa de golpe bolivariano”, no “perigo” de “desmoralizar o Congresso”, afirma que “líderes do governo não sabiam da proposta”, que “para novo ministro, ideia é inconstitucional” e que Dilma “foge das demandas das ruas”. Por fim, uma entrevista exclusiva com Fernando Henrique Cardoso, que afirma já na chamada: “Política externa de Dilma tem visão equivocada”. Todas as manchetes convergem para atacar e isolar Dilma Rousseff.
Reprodução Veja
Reprodução O Globo
A Folha de S. Paulo, em seu site, foi pelo mesmo caminho. Destaca não a fala de Dilma, mas a resposta da oposição: “Oposição ataca Dilma após proposta de plebiscito sobre reforma política”, diz a manchete, para na linha de apoio noticiar que “políticos dizem que ela quer desviar a atenção”. Em chamadas secundárias, seguem os ataques. São três: “Aumento de tarifas opõe Dilma a prefeitos”, “Dilma divide problema com Congresso” e “‘Necessitamos de reforma política’, diz Alckmin”. Novamente a construção de discurso da Veja e de O Globo. Mais abaixo, outras duas chamadas completam a linha: “Presidência é ‘despreparada’ no tema transporte, diz Passe Livre” e “Alckmin anuncia suspensão do reajuste dos pedágios de SP”.
Reprodução Folha de S. Paulo
O site do Estadão talvez seja o mais significativo da linha geral adotada por esses veículos. Sua organização da capa tem como destaque uma manchete principal e quatro secundárias. Todas elas se encaixam perfeitamente na linha editorial seguida pelos demais portais. A principal, “Dilma propõe plebiscito e Constituinte para reforma política e é contestada”; “Proposta é mal recebida no STF e no Congresso Nacional”; “Anúncio de Dilma é ‘forma para distrair o povo’, diz ex-ministro”; “Passe Livre diz que Dilma não apresentou proposta concreta”; e “Alckmin suspende o reajuste do pedágio nas rodovias de São Paulo”. Ou seja, o nome “Dilma” presente em três das cinco manchetes, quatro das manchetes negativas à presidenta e a outra positiva em relação a Geraldo Alckmin.
Reprodução Estadão
O site do jornal Zero Hora ainda mantinha, na madrugada de segunda para terça, destaque total para o protesto que recém ocorrera em Porto Alegre, sem grande espaço relacionado ao que falara Dilma e suas repercussões. Nesta terça-feira, porém, sua capa acompanhou a linha dos demais. Mesmo com uma manchete neutra, todas as três chamadas secundárias apresentam posições contrárias às propostas da presidenta.
Reprodução Zero Hora
Um panorama geral mostra de forma clara uma linha comum entre estes veículos. Essa linha é composta por algumas características presentes em todos ou quase todos os portais: 1. Crítica personalizada, inclusive com uso diretamente do nome de Dilma Rousseff em parte significativa das chamadas; 2. Aparência de isolamento de Dilma em relação a seus próprios apoiadores e a outras instituições da República; 3. Grande espaço para o que a oposição disse a respeito das declarações, com especial atenção a figuras do PSDB; 4. No entorno, chamadas positivas em relação a membros da mesma oposição.
Se não passa de preocupação vã a ideia de que uma conjuntura para um golpe – armado ou institucional – está sendo preparada pela direita brasileira a partir de protestos que começaram com setores de esquerda, é fato que a mídia dominante, historicamente desapegada à democracia e apoiadora do Golpe Militar de 1964, tem feito de tudo para direcionar apenas à presidenta Dilma Rousseff a insatisfação que tem levado multidões de brasileiros às ruas. Com vistas a um rompimento democrático ou com objetivos eleitorais para 2014, fica claro o oportunismo e o entrosamento entre os principais veículos das velhas elites, que têm mantido uma linha bastante semelhante e construído mudanças editoriais concomitantes e no mesmo sentido desde que os protestos começaram a intensificar-se.
Na última segunda-feira, 24 de junho, aconteceram protestos em menor número, mais espalhados. No mesmo dia, Dilma falara em rede nacional e propusera 5 conjuntos de medidas na tentativa de aplacar a crise política, incluindo um plebiscito para finalmente construir uma Reforma Política. Os principais portais de notícias do país responderam com novos ataques contra a presidenta, procurando manter o foco totalmente direcionado a ela. As manchetes não deixam dúvidas. “Dilma” está por todos os lados dos portais, sempre acompanhada de expressões negativas e de interpretações contrárias às medidas que propôs.
O site da revista Veja diz em sua manchete que Dilma está “nas cordas”, e que “inventou” um plebiscito ao qual Veja chama de “oportunista”. Afirmar que a presidenta está “nas cordas” nada mais é do que apresentá-la como acuada, à beira do nocaute. Veja diz ainda que o plebiscito é “mecanismo contestável juridicamente” e que a presidenta quer “empurrar a responsabilidade”. Em chamadas secundárias da mesma notícia, fala em “tentativa de golpe bolivariano”, no “perigo” de “desmoralizar o Congresso”, afirma que “líderes do governo não sabiam da proposta”, que “para novo ministro, ideia é inconstitucional” e que Dilma “foge das demandas das ruas”. Por fim, uma entrevista exclusiva com Fernando Henrique Cardoso, que afirma já na chamada: “Política externa de Dilma tem visão equivocada”. Todas as manchetes convergem para atacar e isolar Dilma Rousseff.
Reprodução Veja
Já o site do jornal O Globo noticia na manchete que “Proposta de Dilma de uma Constituinte específica para reforma política é contestada por juristas”. Em chamadas da mesma matéria, diz que “Proposta de plebiscito causa polêmica até entre aliados” e repercute declaração de José Serra (PSDB): “‘Sem pé nem cabeça’, diz Serra sobre proposta de Constituinte. Quer dizer, mesma linha da Veja: crítica geral + isolamento interno + crítica do PSDB. Em outras chamadas, mais ataques: “Na Saúde, medidas propostas por Dilma já não são novas”, “Movimento Passe Livre diz que Presidência é despreparada” e “Só 16% das verbas para mobilidade foram gastas”. Finalmente, uma chamada simpática…a Geraldo Alckmin (PSDB): “Alckmin suspende aumento de pedágios nas rodovias paulistas”.
Reprodução O Globo
A Folha de S. Paulo, em seu site, foi pelo mesmo caminho. Destaca não a fala de Dilma, mas a resposta da oposição: “Oposição ataca Dilma após proposta de plebiscito sobre reforma política”, diz a manchete, para na linha de apoio noticiar que “políticos dizem que ela quer desviar a atenção”. Em chamadas secundárias, seguem os ataques. São três: “Aumento de tarifas opõe Dilma a prefeitos”, “Dilma divide problema com Congresso” e “‘Necessitamos de reforma política’, diz Alckmin”. Novamente a construção de discurso da Veja e de O Globo. Mais abaixo, outras duas chamadas completam a linha: “Presidência é ‘despreparada’ no tema transporte, diz Passe Livre” e “Alckmin anuncia suspensão do reajuste dos pedágios de SP”.
Reprodução Folha de S. Paulo
O site do Estadão talvez seja o mais significativo da linha geral adotada por esses veículos. Sua organização da capa tem como destaque uma manchete principal e quatro secundárias. Todas elas se encaixam perfeitamente na linha editorial seguida pelos demais portais. A principal, “Dilma propõe plebiscito e Constituinte para reforma política e é contestada”; “Proposta é mal recebida no STF e no Congresso Nacional”; “Anúncio de Dilma é ‘forma para distrair o povo’, diz ex-ministro”; “Passe Livre diz que Dilma não apresentou proposta concreta”; e “Alckmin suspende o reajuste do pedágio nas rodovias de São Paulo”. Ou seja, o nome “Dilma” presente em três das cinco manchetes, quatro das manchetes negativas à presidenta e a outra positiva em relação a Geraldo Alckmin.
Reprodução Estadão
O site do jornal Zero Hora ainda mantinha, na madrugada de segunda para terça, destaque total para o protesto que recém ocorrera em Porto Alegre, sem grande espaço relacionado ao que falara Dilma e suas repercussões. Nesta terça-feira, porém, sua capa acompanhou a linha dos demais. Mesmo com uma manchete neutra, todas as três chamadas secundárias apresentam posições contrárias às propostas da presidenta.
Reprodução Zero Hora
Um panorama geral mostra de forma clara uma linha comum entre estes veículos. Essa linha é composta por algumas características presentes em todos ou quase todos os portais: 1. Crítica personalizada, inclusive com uso diretamente do nome de Dilma Rousseff em parte significativa das chamadas; 2. Aparência de isolamento de Dilma em relação a seus próprios apoiadores e a outras instituições da República; 3. Grande espaço para o que a oposição disse a respeito das declarações, com especial atenção a figuras do PSDB; 4. No entorno, chamadas positivas em relação a membros da mesma oposição.
11 comentários
Nenhuma novidade. A mídia golpista agiria assim sem sombra de dúvida. Novidade seria se tivesse feito o oposto, apoiando os recentes planos de Dilma. Daí sim, se alguém acertasse nisso seria possuidor de uma fantástica bola de cristal muito valiosa. Teria de escondê-la, pois todos estariam correndo para roubá-la, tantas são as análises e prognósticos que estão sendo feitos nos últimos dias, até parecendo que bolas de cristal mágicas não faltam em nenhum bazar. Só está faltando um concurso, dando um bom prêmio para quem acertar mais prognósticos sobre os desdobramentos dos acontecimentos das últimas semanas. Nem sei quantos já li! Para mim, tudo continua sendo uma grande incógnita.
Às vezes, penso que a mídia golpista está amparada em algo muito obscuro, pois não consigo compreender as relações entre ela e o governo Dilma. Tal qual no governo Lula, ela faz o quer para prejudicá-lo. Não tem o menor pudor em tentar chutar um governo que, até poucos dias atrás, era campeão em popularidade. Indiretamente, também está chutando o povo.
Houve diversas movimentações populares! Pois bem, trata-se, portanto, de acatar e resolver, da melhor forma possível, as reivindicações surgidas. O governo Dilma está voltado para isso, embora carregue um peso enorme sobre as costas: A mídia golpista, que é mantida intacta não sei por quais motivos. O mundo obscuro.