“Onde está o respeito?”, você pergunta? Nas vaias a você.
Prezado sr. Blatter,
Em reposta a seu questionamento (“Onde está o respeito, onde está o fair play?”) dirigido à torcida brasileira durante sonora vaia recebida tanto pelo senhor quanto por sua vizinha Dilma, acredito que posso ajudá-lo.
Não me alongarei demais pois não se trata de meros vinte centavos e, se o senhor pergunta, seria inútil tentar explicar-lhe.
Serei breve.
O respeito, senhor Blatter, estava naquelas vaias mesmo. Era uma demonstração de respeito por si próprio e “amor à camisa” que a torcida estava expressando.
O nível de insatisfação com a entidade que o senhor dirige e com a inoperância de sua vizinha Dilma misturaram-se ontem num coro forte, uníssono e sem o acompanhamento das caxirolas, felizmente.
E observe que o senhor só presenciou metade da barulheira por estar confortavelmente protegido no interior de sua “arena”. Afinal, enquanto as classes média e média-alta estavam vaiando do lado de dentro do estádio, a “nova classe média”, composta pelas antigas classes C e D e mais alguns inclassificáveis (mas sempre denominados vândalos), protestavam lá fora contra o oba-oba da Copa do Mundo.
Se no lado de dentro estava a camada da população que pode pagar R$ 280 por um ingresso e mais absurdos R$ 8 por um cachorro-quente e R$ 12 por uma cerveja, no lado de fora estavam manifestantes protestando contra seu evento (e assim como ao longo das últimas semanas, ontem também tomaram tiros de bala de borracha e bombas de gás, atiradas por uma polícia despreparada, violenta e mal paga).
Mas vamos aos pontos que lhe dizem respeito:
Não gostamos de suas arenas. Não precisávamos de estádios. Talvez uma ou outra reforma, mas aqui é o país do futebol, lembra-se? Possuímos centenas deles. Qual era, por exemplo, o problema com o Morumbi? Temos jogos duas a três vezes por semana há mais de meio século, portanto não cheiram bem essas convenientes negociações com os governos para transformar o país num canteiro de obras facilitando o desvio de dinheiro público.
Até porque o mais importante para um jogo de futebol, o gramado, ontem estava um lixo, o senhor não achou? De que adiantou gastar R$ 1,2 bilhão no Mané Garrincha se o gramado estava semelhante ao de qualquer várzea que conheço?
Por falar no craque das pernas tortas, não nos agradam, ainda, as imposições feitas de modo arrogante por sua entidade de que não querer aceitar que se mantivesse o nome do estádio como homenagem a Mané Garrincha (que, se o senhor não souber quem foi, não serei eu quem irá lhe ajudar com isso).
É visto com muita desconfiança também que uma empresa parceira de Ronaldo (que é dirigente do Comitê Organizador da Copa-2014 e comentarista da Globo) seja a responsável por fornecer e instalar as cadeiras em algumas dessas novas arenas.
Assim como ocorrido em outras inaugurações das “arenas” que obedecem aos altíssimos padrões de sua entidade, ontem não havia água nos banheiros. O senhor e sua honrada FIFA devem acreditar que, como país terceiro-mundista, ainda sejamos adeptos de urinar na rua, mas não gostamos dessas visões arcaicas.
Repudiamos por completo a intromissão de sua imaculada FIFA para forçar uma alteração em nossas leis visando que bebidas alcoólicas sejam vendidas nos estádios. Sim, sr. Blatter, em nosso terceiro-mundismo selvagem nós já não permitíamos isso há anos e só colhemos resultados melhores com a proibição, pois as reações de uma massa insatisfeita e turbinada pelo álcool podem ser bem piores do que simples vaias, não acha?
Portanto sr. Blatter, devolvo-lhe agora sua pergunta: Onde está o respeito?
Atenciosamente,
MD
Prezado sr. Blatter,
Em reposta a seu questionamento (“Onde está o respeito, onde está o fair play?”) dirigido à torcida brasileira durante sonora vaia recebida tanto pelo senhor quanto por sua vizinha Dilma, acredito que posso ajudá-lo.
Não me alongarei demais pois não se trata de meros vinte centavos e, se o senhor pergunta, seria inútil tentar explicar-lhe.
Serei breve.
O respeito, senhor Blatter, estava naquelas vaias mesmo. Era uma demonstração de respeito por si próprio e “amor à camisa” que a torcida estava expressando.
O nível de insatisfação com a entidade que o senhor dirige e com a inoperância de sua vizinha Dilma misturaram-se ontem num coro forte, uníssono e sem o acompanhamento das caxirolas, felizmente.
E observe que o senhor só presenciou metade da barulheira por estar confortavelmente protegido no interior de sua “arena”. Afinal, enquanto as classes média e média-alta estavam vaiando do lado de dentro do estádio, a “nova classe média”, composta pelas antigas classes C e D e mais alguns inclassificáveis (mas sempre denominados vândalos), protestavam lá fora contra o oba-oba da Copa do Mundo.
Se no lado de dentro estava a camada da população que pode pagar R$ 280 por um ingresso e mais absurdos R$ 8 por um cachorro-quente e R$ 12 por uma cerveja, no lado de fora estavam manifestantes protestando contra seu evento (e assim como ao longo das últimas semanas, ontem também tomaram tiros de bala de borracha e bombas de gás, atiradas por uma polícia despreparada, violenta e mal paga).
Mas vamos aos pontos que lhe dizem respeito:
Não gostamos de suas arenas. Não precisávamos de estádios. Talvez uma ou outra reforma, mas aqui é o país do futebol, lembra-se? Possuímos centenas deles. Qual era, por exemplo, o problema com o Morumbi? Temos jogos duas a três vezes por semana há mais de meio século, portanto não cheiram bem essas convenientes negociações com os governos para transformar o país num canteiro de obras facilitando o desvio de dinheiro público.
Até porque o mais importante para um jogo de futebol, o gramado, ontem estava um lixo, o senhor não achou? De que adiantou gastar R$ 1,2 bilhão no Mané Garrincha se o gramado estava semelhante ao de qualquer várzea que conheço?
Por falar no craque das pernas tortas, não nos agradam, ainda, as imposições feitas de modo arrogante por sua entidade de que não querer aceitar que se mantivesse o nome do estádio como homenagem a Mané Garrincha (que, se o senhor não souber quem foi, não serei eu quem irá lhe ajudar com isso).
É visto com muita desconfiança também que uma empresa parceira de Ronaldo (que é dirigente do Comitê Organizador da Copa-2014 e comentarista da Globo) seja a responsável por fornecer e instalar as cadeiras em algumas dessas novas arenas.
Assim como ocorrido em outras inaugurações das “arenas” que obedecem aos altíssimos padrões de sua entidade, ontem não havia água nos banheiros. O senhor e sua honrada FIFA devem acreditar que, como país terceiro-mundista, ainda sejamos adeptos de urinar na rua, mas não gostamos dessas visões arcaicas.
Repudiamos por completo a intromissão de sua imaculada FIFA para forçar uma alteração em nossas leis visando que bebidas alcoólicas sejam vendidas nos estádios. Sim, sr. Blatter, em nosso terceiro-mundismo selvagem nós já não permitíamos isso há anos e só colhemos resultados melhores com a proibição, pois as reações de uma massa insatisfeita e turbinada pelo álcool podem ser bem piores do que simples vaias, não acha?
Portanto sr. Blatter, devolvo-lhe agora sua pergunta: Onde está o respeito?
Atenciosamente,
MD
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