sábado, 22 de novembro de 2008

A CIA NOSTRA.

45 ANOS DEPOIS DO ASSASSINATO DE JOHN F. KENNEDY

A CIA Nostra.

Gabriel Molina

DOCUMENTOS da CIA abertos desde 1992, a partir da JFK Records Act, demonstram, ao lado de outras investigações, que o presidente John F. Kennedy foi vítima dum sinistro complô.

45 ANOS DEPOIS DO ASSASSINATO DE JOHN F. KENNEDYMas os autores materiais e intelectuais sobreviventes, mesmo identificados por um Comitê Especial Seleto do Congresso, continuam impunes, provavelmente até que passem 50 anos do magnicídio, que dentro de cinco anos, deve prescrever, isto é, em 2013.

Os acusados de cometerem o mais famoso crime do século 20, oficiais da CIA, os mafiosos ítalo-americanos e cubanos e seus cúmplices, políticos (na maioria, republicanos) e empresários inescrupulosos, fizeram a maior parte do trabalho sujo do país durante mais de 50 anos. São a raiz e a essência das fraudes financeiras e eleitorais, assim como dos crimes em massa e individuais que caracterizam o alto grau de corrupção na política dos EUA desde então, especialmente os sofridos universalmente sob os governos da família Bush, que puseram em crise esse grande país e o mundo.

Apesar das conclusões do HSCA (House Select Commitee on Assasinations) assinalando o grupo da CIA e os mafiosos como suspeitos da execução do atentado — também contra Robert F. Kennedy, como se revelou recentemente—, o grupo assassino conseguiu superar o vendaval das provas sobre a conspiração que os investigadores continuam desenvolvendo.

Em grupos governamentais de Washington são conhecidos os enfrentamentos dos Kennedy com Lyndon Johnson, intensificados em 1963. Decidiu-se deixá-lo fora da candidatura para as eleições de 1964 e falava-se de processá-lo por corrupção. O vice-presidente com sua maquinaria do Texas influenciava notavelmente em ambas as câmaras e era um obstáculo para a obra reformista do presidente, em particular com o negócio do petróleo e da corrupção administrativa que vigorava sob o olhar de Johnson. O livro de William Raymond, Le Derniere Temoin (A última testemunha) reúne as confissões de Billie Sol Estes, um milionário financista de Johnson, sancionado pelos tribunais depois de ser investigado por Robert Kennedy como procurador-geral. Estes disse que Johnson obrigou-o a silenciar sobre os negócios sujos que faziam para ambos, pois "Robert ia sempre contra Johnson".

Estes e Raymond asseguram que o vice-presidente participou do pre-assassination party, uma reunião efetuada por um grupo destes políticos e empresários na véspera do crime, 21 de novembro de 1963, em Dallas, Texas, na casa do magnata petroleiro Clint Murchinson, qualificada como "coordenação final do magnicídio" pelo investigador Carl Oglesby na sua obra The Yankee Cowboy War. Lembrança de Oglesby em Washington, quando durante as audiências do Comitê em 1978, já suspeitava do "mais beneficiado com o crime".

Oglesby relaciona a assistência, além de Johnson e Murchinson, sócios em negócios de Meyer Lansky; a J. Edgar Hoover, diretor do FBI, vizinho íntimo do vice-presidente e amigo do gângster Frank Costello; a Allen Dulles, ex-diretor da CIA, ao milionário petroleiro H.L Hunt, a John J. McCloy e a John Connally, ex-governador do Texas; ao general Charles Cabell e a seu irmão, o prefeito de Dallas, Earle Cabell; e a Richard Nixon; todos personagens de odiavam os Kennedy.

A IMORAL CONCLUSÃO CIA-MÁFIA

O Comitê Seleto chegou à conclusão de que Carlos Marcello, Dom de Nova Orleans e partes do Texas; Santos Trafficante, da Flórida, e James Hoffa, presidente do grêmio de caminhoneiros, "tinham motivos, meios e oportunidades para assassinar o presidente Kennedy".

Também se envolveram outros mafiosos ítalo-americanos como Sam Giancana, John Roselli e Jack Ruby.

O Comitê estabelece que Nova Orleans, capital do império de Marcello, foi um importante cenário das conspirações. Ali iam personagens como Orlando Bosch, Luis Posada Carriles, os irmãos Guillermo e Ignacio Novo Sampoll, Eladio del Valle, Jorge Mas Canosa, Herminio Díaz, Tony Cuesta, Pedro Luis Díaz Lanz e outros. No mesmo edifício onde se reuniam, Oswald desenvolvia uma atividade de enganoso apoio a Cuba. O HSCA confirmou que estes terroristas de origem cubana que se juntaram para atentar contra Fidel Castro, conspiraram também como indivíduos para assassinar Kennedy.

OS KENNEDY E O "EMBARGO" A CUBA

Ainda no cargo estratégico de secretário de Justiça do governo, de Johnson, Robert Kennedy instou a normalizar as relações com Cuba, um mês depois do assassinato do seu irmão, que já as estava promovendo nesse momento. Robert qualificou as limitações de viajar à Ilha caribenha como uma violação das liberdades americanas.

Entre os documentos abertos pelo Nacional Security Archives, em 29 de junho de 2005, destaca-se um memorando de Robert em 12 de dezembro de 1963, onde urge ao secretário de Estado, Dean Rusk, a tomar uma rápida decisão "para deixar sem efeito as presentes proibições como as das viagens... é impraticável deter, acusar e comprometer-se em perseguições de mau gosto contra os cidadãos que querem ir a Cuba", acrescentou no seu memorando.

Como procurador-geral, Robert investigava a CIA e as máfias cubana e ítalo-americana pelo magnicídio, pois na própria tarde de 22 de novembro, suspeitava desses grupos e, cinco anos mais tarde, estava ainda mais convencido de que as tentativas de castigar Cuba eram parte desse complô.

Como secretário de Justiça também sabia desde antes dos relatórios do FBI sobre como esses grupos odiavam e qualificavam de traidores os Kennedy, pelo desfecho da invasão à Baía dos Porcos em 1961 e pela Crise dos Mísseis em 1962. Se Robert Kennedy tinha alguma dúvida sobre a participação da máfia no magnicídio, esclareceu-a dois dias depois, quando Jack Ruby disparou contra Oswald no porão da delegacia onde estava preso o suposto assassino de seu irmão.

No final de 2006, foi denunciado que membros do grupo de oficiais da CIA, suspeitos de participarem do assassinato do presidente, estavam, fora de suas funções, no hotel onde foi assassinado Robert. O investigador David Talbot pôs o dedo na ferida quando relatou no Chicago Tribune que seus ajudantes, Draznin e Sheridan, deram a Robert, nos dias do crime, a clara evidência dos laços de Ruby com a máfia.

GEORGE JOANNIDES, O GREGO DE DUPLO JOGO

O principal oficial da CIA, presumivelmente identificado nas evidências gráficas achadas, no fim de 2006, sobre o assassinato de Robert Kennedy, era George Joannides, nascido em Atenas, em 1922, que entrou na CIA em 1951, e depois de 1959, foi designado em Miami à delegacia JM/Wave e trabalhou estreitamente com o grupo terrorista de Nova Orleans chamado Diretório Revolucionário Estudantil (DRE).

Joannides, designado por Richard Helms para representar a agência da investigação no Comitê do Congresso de 1976 a 1978, participou dos contatos do DRE com Lee Harvey Oswald em agosto de 1963, antes do crime de Dallas. A CIA nāo revelou que este oficial teve um importante papel nos eventos de 1963, particularmente no encobrimento dos laços da agência com Oswald, o que o tornou suspeito da conspiração para ligar o "traidor solitário" com o governo cubano. Robert Blackey, chefe dos investigadores do Comitê, ficou furioso ao sabê-lo em 1998, quando se revelou que este oficial atuava como enlace entre DRE e Oswald Blackey; confiava na colaboração que Joannides prestava ao Comitê por encomenda de Richard Helms. Joannides faleceu em 1990.

O professor qualificou como ultraje o fato de que a CIA não tivesse informado sobre a relação financeira e outras conexões com o DRE, o que considerou " uma obstrução à justiça" e exigiu a abertura do resto dos documentos de Joannides e do assassinato.

Blakey denunciou que Joannides, longe de facilitar a cooperação, a obstruía. "Agora acho que o processo carecia de integridade, precisamente a causa de Joannides... Agora não acredito em nada de tudo o que a agência disse ao Comitê..."

O relatório final do Comitê Seleto da Câmara, emitido em princípio de 1979, recomendava continuar a investigação. Mas o triunfo da dupla Ronald Reagan-George Bush nas eleições de 1980 impediu continuá-la e evitou assim, que se descobrisse a verdade. Não se deve esquecer que George Bush pai chegou a diretor da CIA, em sua tarefa de alto oficial responsável pelas conspirações contra Cuba. Seus peões foram os criadores da vergonhosa aliança com a máfia ítalo-americana e cubana que tanto defendem ainda hoje, no agonizante governo do seu filho. Desde a Baía dos Porcos, como eles gostam de chamar o "fiasco" de Praia Girón, até a crise econômica e financeira mundial, transformaram a Cosa Nostra na CIA Nostra.•
Fonte:Gramna Internacional.

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