quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O PESO DE UM GRANDE ANUNCIANTE.

Mário Augusto Jakobskind.

Falsos nacionalistas de plantão na mídia hegemônica estão indignados com o governo do presidente Rafael Correa, do Equador. Estes mesmos setores que sempre defenderam a entrega das riquezas do Brasil para o capital financeiro internacional, haja vista o governo de Fernando Henrique Cardoso, hoje defendem radicalmente a empreiteira Norberto Odebrecht, responsável por prejuízos ao povo equatoriano, conforme comprova auditoria da dívida externa recém concluída pelo Estado equatoriano.

As Organizações Globo, através do jornal e da TV, se voltam raivosamente contra Correa e defendem de todas as formas o grande anunciante. Misturam alhos com bugalhos, como se a Odebrecht fosse o Brasil. Correa é taxado irresponsavelmente de caloteiro. O episódio em questão conseguiu reunir no mesmo barco os senadores Aloísio Mercadante, do PT, Heráclito Fortes, do Demo, e Eduardo Azeredo, do PSDB, parlamentares simpatizantes, da empreiteira que no Equador se beneficiou de contratos lesivos ao povo e ainda por cima firmados por governos corruptos, inclusive depostos por pressão popular.

Seria o caso de desafiar estes ardorosos defensores da Odebrecht a esclarecerehm se em algum momento de suas campanhas eleitorais não receberam financiamento da empresa questionada no Equador.

Ao contrário do que afirmam a todo instante os maiores veículos de comunicação brasileiros, o governo Correa não deu calote em ninguém. Simplesmente ingressou na Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional para decidir a questão. A mesma instância que o consórcio Via Amarela, da qual faz parte a Norberto Odebrecht, aceitou submeter um litígio com o Metrô de São Paulo. Lembram daquele acidente que deixou vítimas? Odebrecht, presente!

O governo do Equador inclusive já pagou a primeira parcela da dívida com a Odebrecht e a outra vence agora no final de dezembro. As alegações do governo do Equador para ir à Corte Internacional são fortes. Uma delas, e são muitas, garante que o Estado antecipou 112 milhões de milhões de dólares para a execução de um determinado projeto (Toachi-Platon), mas a Odebrecht até o momento só investiu sete milhões. O restante 105 milhões de dólares não foram explicados. Ao valor de 112 milhões, segundo ainda o governo equatoriano, soma-se 88 milhões de dólares de juros capitalizados sobre o crédito entregue pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção da central elétrica de San Francisco, por 243 milhões de dólares, grana que foi parar nos cofres da Odebrecht. Vale assinalar também que o dinheiro entregue a Odebrecht no Brasl pelo BNDES é administrado pela empresa ao seu livre prazer.

O competente Ministro Celso Amorim desta vez caiu na armadilha e adotou uma posição que na prática prejudica a integração latino-americana e dá margem a confirmar críticas de opositores de esquerda, como o PSOL, segundo as quais a política externa de Lula acima de tudo favorece as grandes empresas nacionais, das empreiteiras ao agro-negócio. Ao retirar o embaixador brasileiro do Equador, o Ministro Amorim alegou simplesmente que o governo Lula não tinha sido comunicado do que seria feito contra a empresa acusada. Algum motivo ele teria de justificar.

A Odebrecht está acostumada a lidar preferencialmente com governos corruptos que aceitam sem pestanejar contratos lesivos aos interesses da nação. Há quem diga que por trás do pano os contratos são fechados com o pagamento de um percentual, o tal efeito propina, a funcionários que defendem os próprios bolsos...

O Globo e demais espaços midiáticos no fundo estão também tremendo pelas bases com o fato de o governo Correa realizar a auditoria das dívidas contraídas por governos corruptos. O presidente cumpriu promessa de campanha e o que foi feito serve de exemplo para outros governos.

Já no Brasil, apesar da Constituição de 88, a tal Constituição Cidadã, prever a realização de uma auditoria da dívida, não houve vontade política nesse sentido.

Hasta quando, Catilina?
Fonte: Direto da Redação.

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