A DURA VIDA DE BLOGUEIRO.

Hoje eu tive a oportunidade de conversar longamente com o Walter Maierovitch, que tem um blog excelente na ótima Terra Magazine, do Bob Fernandes.

Em seu blog, Maierovitch escreveu:

Para responder às provocações do Hamas, -que não reconhece o estado de Israel e já explodiu camicases para matar hebreus e turistas-, o governo do primeiro-ministro Ehud Olmert optou, a partir de 27 de dezembro passado, por uma desproporcional reação militar, a descaracterizar a legítima defesa.

Por ironia, o estado de Israel adota a pena de morte contra autores de crimes contra a humanidade e contra o povo hebreu. No caso da atual operação militar na faixa de Gaza, denominada “Chumbo Certo ” (tradução livre), foi esquecido até o estabelecido na própria legislação de Israel.

A matança promovida por Israel, por evidente, não resolverá a questão palestina. Ajudará, no entanto, a expandir o anti-semitismo, a enfraquecer governos árabes moderados e estimulará as organizações adeptas do fundamentalismo de matriz terrorista.

Em três frases ele resumiu o que penso sobre o conflito em Gaza. Como já lhes disse, não sei se minha ascendência é árabe ou judaica. Pouco importa. Como jornalista uso este blog para disseminar informação que em geral não encontro na grande imprensa brasileira. Como vocês testemunharam nas últimas semanas, aqui foram reproduzidos artigos do Washington Post, do New York Times, do Economist, do Jerusalem Post, do Electronic Intifada, do Haaretz, da rede árabe Al Jazeera e assim por diante.

Eu já escrevi que considero o Hamas uma organização que usa o terror contra os civis de Israel. E que, em minha opinião, nenhuma saída é possível sem que se atenda à histórica reivindicação dos palestinos por terra. São opiniões pessoais, mas esse debate vai se tornando irracional com o passar do tempo.

Eu mesmo escrevi um texto no qual me dizia surpreso com as mensagens francamente racistas que não foram publicadas, contra árabes e israelenses.

Maierovitch, que é filho de judeus russos, disse que até de anti-semita já foi tachado.

O que me leva à questão central, que é a tentativa dos dois lados de controlar a informação. Como observou um porta-voz do governo de Israel, na Al Jazeera, você já viu uma imagem de um "soldado" do Hamas morto? Não, só se vê as imagens de civis mortos e feridos. Também não vimos os soldados de Israel mortos na guerra.

E os soldados americanos mortos no Iraque? Nem os enterros deles podem ser filmados nos Estados Unidos, por decisão do governo Bush.

E os bombardeios à Al Jazeera no Afeganistão e no Iraque? E o bombardeio dos Estados Unidos ao hotel Palestina, em Bagdá, que era base da imprensa internacional? E a bomba que feriu jornalistas em Gaza, quando um míssil de Israel acertou o prédio vizinho ao hotel onde estão jornalistas de todo o mundo? Tudo isso foi coincidência?

No plano não institucional, há gente que ao se sentir desconfortável com informações e opiniões com as quais não concorda reage atacando o mensageiro. Nesse caso específico a "arma" quase sempre é a que foi usada contra Maierovitch: "anti-semita".

Quem faz isso se esquece da questão central, expressa na frase de Maierovitch:

A matança promovida por Israel, por evidente, não resolverá a questão palestina. Ajudará, no entanto, a expandir o anti-semitismo, a enfraquecer governos árabes moderados e estimulará as organizações adeptas do fundamentalismo de matriz terrorista.
Fonte: Blog Vi o Mundo.