Bráulio B. Wanderley
Não sou ateu, considero-me um católico à toa. Mas o impacto negativo sobre a excomunhão outorgada aos médicos e à família recifenses por terem realizado um aborto a fim de salvar a vida de uma menina, vítima de estupro pelo padrasto, revoltou todos a sociedade (católica ou não).
De certo, o catolicismo ser no Brasil a maior religião em número de fiéis (incluindo os não-praticantes), e ter cometido um erro crasso em torno do saudosismo inquisitório.
Doravante, não se vê a mesma indignação da santa sé frente às constantes denúncias de pedofilia e abuso sexual cometidos pelos seus membros (sufocados por um arcaico e hipócrita celibato), como também não se verifica a tenacidade suficiente para excomungar padres insufladores de ideais pseudo-nazistas.
O cristianismo é uma religião de paz, embora na sua trajetória tenha esquecido de Cristo durante a inquisição, as cruzadas, as guerras religiosas, o apoio à escravidão indígena na América e ao tráfico africano (povo considerado 'sem alma'), por séculos e da omissão de Pio XII frente ao holocausto de Hitler durante a II Guerra e do neo-holocausto provocado pelos israelenses aos palestinos em plena Terra Santa.
É através dessa linha reacionária que Benedito XVI e seus asseclas afastam cada vez mais os fiéis de seus igrejas, aliás, a postura é tão arrogante que chega ao ponto de afirmar que a igreja não vai ao fiel, renegando os parâmetros cristãos da vida na comunidade, suas lutas em prol da justiça social, da igualdade e da paz entre os povos.
Saudades nesse momento nos oferta a inexistência material de D. Hélder, D. Ivo e Pedro Casaldáglia e da presença de D. Paulo Evaristo Arns.
Cristo desafiou a lei do Império Romano e da aristocracia judia em nome da vida em abundância do povo palestino. A lei dos homens foi subvertida pela lei da felicidade de uma fé que lutaram ele e seus apóstolos e que em nome dela ofertou sua vida em sacrifício. A vida na pobreza com dignidade foi esquecida por uma igreja ostentada em riqueza trancada nos castelos e monastérios, afastada da realidade de seu rebanho.
De todos os livros que conheço, só vi uma tradução perfeita em todos os exemplares, independente dos tradutores e das editoras: o Velho Testamento. Portanto oferto o Terceiro Mandamento ao Arcebispo D. José Cardoso Sobrinho: "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão."
Descer do pedestal e viver o sofrimento de seu povo deve ser uma das tarefas e um sacerdócio a ser cumprido pela igreja, em especial às suas autoridades eclesiais.
BRÁULIO B. WANDERLEY
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