por Michelle Amaral da Silva
Indígenas peruanos advertiram que voltarão a protestar e tomar poços de petróleos
Prensa Latina
Os indígenas amazônicos peruanos advertiram nesta segunda (17) que voltarão a protestar e tomar poços de petróleos, se o governo não instalar em cinco dias um diálogo com a Associação Interétnica da Selva Peruana (Aidesep).
O dirigente e porta voz da Aidesep, Salomón Awanach, afirmou em entrevista para o jornal /La Primera/ que os dirigentes das oito regiões que formam a central indígena determinaram esse prazo para que o governo instale quatro mesas de diálogo.
O acordo de diálogo foi feito em junho passado, após uma série de protestos que se iniciaram no dia 9 de abril, e terminou, em junho, com uma grande manifestação em Bagua que deixou pelos menos 50 mortos, entre civis e policiais. Alguns dias depois, diante de forte oposição, o governo recuou e anulou alguns dos decretos que estavam sendo contestados pelos indígenas. Os decretos estavam sendo rechaçados pelos movimentos desde junho de 2008, quando foram editados; as leis acelerariam o processo de entrega dos recursos naturais, bem como daria condições para o Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos.
O governo se comprometeu, além disso, a examinar outros decretos questionados e as reivindicações dos povos indígenas, como a de uma investigação independente dos trágicos enfrentamentos de junho.
"Advertimos o governo de que nossa paciência e vontade de dialogar está se esgotando", disse Awanach. Se em cinco dias não for aberta a mesa, afirma, as mobilizações serão retomadas e denúncias ao Executivo serão feitas. Adiantou que dessa vez os indígenas não ocuparão apenas rodovias, mas impedirão o acesso à instalações petroleiras, que também serão ocupadas.
Awanach destacou a decisão dos indígenas de enfrentar com lanças e flechas a polícia se o governo os reprimir, e promete lutar até as últimas consequências. “Estamos decididos a defender o direito à vida e à soberania dos povos indígenas do Peru e do mundo, porque a Amazônia é o pulmão do mundo e nós a estamos defendendo”.
O presidente afirmou que a Aidesep não aceitará nenhum acordo que não inclua a anulação dos outros sete decretos impugnados, a liberdade de 18 detidos e o fim da perseguição a dezenas de dirigentes indígenas, principalmente o líder de Aidesep, Alberto Pizango, asilado desde junho na Nicarágua.
Por sua parte, Róger Rumrrill, especialista em temas amazônicos qualificou como uma provocação o recente anúncio como uma provocação o anúncio oficial de um novo leilão de lotes de petróleo na selva. Advertiu que, em um novo protesto, a luta se estenderá a indígenas amazônicos de outros países, sem precisar de que maneira.
De outro lado, a fiscal Luz Rojas, demitida depois de denunciar 16 oficiais de polícia pelas mortes de civis nos sucessos de junho, denunciou haver sido ameaçada pela fiscal da Nação, Gladys Echaíz, e por receber ligações anônimas.
Fonte:Blog Brasil de Fato
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