Copiado da Agência Assaz Atroz
FAÇA A GENTILEZA, EXPLICA DIREITINHO
Laerte Braga
O presidente dos Estados Unidos Barack Obama ganhou o Prêmio Nobel da Paz. A honraria, vamos chamá-la assim, foi criada por Alfred Nobel, um químico e industrial sueco. Ao morrer deixou uma grande fortuna e, desgostoso com o uso da dinamite para fins militares – foi ele o inventor da dita cuja dinamite –, resolveu por testamento instituir prêmios àqueles que viessem a contribuir para o progresso da humanidade em determinadas áreas levando em conta, essencialmente, a paz.
Toda a sua fortuna pessoal foi suficiente para instituir uma fundação e a partir daí conceder, anualmente, os prêmios.
Onde Barack Obama contribuiu para a paz e o progresso da humanidade? Nas bases militares que pretende instalar na Colômbia? Sete de uma vez só para fechar o cerco à Venezuela, ao Equador, à Bolívia e assegurar o controle da Amazônia.
Na ameaça de sanções políticas e econômicas contra o Irã? No olhar para o lado e fazer de conta que não tem nada a ver com as atrocidades cometidas por Israel contra os palestinos? Sustentar um golpe militar brutal em Honduras? No bloqueio econômico a Cuba?
Enviar mais tropas ao Afeganistão e pedir desculpas quando os seus “pacificadores” matam civis por engano? Só numa cerimônia de casamento cento e setenta mortos dentre eles o noivo e a noiva?
Ou porque é um “bom rapaz”, finge-se de negro, tem origem humilde e transformou a Casa Branca numa cervejaria?
Henry Kissinger também foi agraciado com a distinção, ou laurel, o que seja. Foi um dos envolvidos no golpe militar contra Salvador Allende no Chile e no assassinato de vários presos políticos na América Latina ao dar sinal verde para a Operação Condor. Aparato repressivo que juntou as ditaduras do Brasil, da Argentina e do Uruguai; de quebra, Pinochet e o Paraguai, com o objetivo de eliminar – e eliminou – adversários e lutadores populares.
Há quem enxergue no cientista do filme “Doutor Fantástico” do notável cineasta Stanley Kubrick a inspiração do ex-secretário de Estado. Kissinger nasceu na Alemanha. É aquele que vive segurando a mão direita. Quando escapa não resiste e grita Heil Hitler!
O que levou Alfred Nobel a destinar toda a sua fortuna a esse fim, com certeza, não foram as armas químicas e biológicas que norte-americanos usam no Afeganistão, como usaram no Vietnã e o estado terrorista de Israel usa contra palestinos. Com certeza não foi.
À época da ditadura militar os integrantes da academia sueca que se reúnem para escolher o agraciado com o Nobel da Paz foram pressionados de todas as formas possíveis para que o arcebispo brasileiro Hélder Câmara não fosse o contemplado. Houve desde gestões dos generais brasileiros junto ao governo sueco, como ameaças explícitas que uma eventual concessão do prêmio a Dom Hélder poderia vir a significar um arrocho na repressão. Ameaças de morte a D. Hélder.
Mais do que já era? Impossível. O ódio permanece vivo nessa gente, é só olhar o que estão fazendo com as pensões das famílias de Lamarca e do major Cerveira.
A decisão de conceder o Nobel da Paz a um presidente em seu nono mês de mandato e sem que tenha conseguido outra coisa que não doar dinheiro público a empresas privadas é um escárnio. Submissão absoluta. A propósito, a Suécia nunca foi nada além de base militar dos EUA, quando da Guerra Fria, em ações de espionagem contra a extinta União Soviética.
Tirando Bergman, Greta Garbo e mais uns poucos, o que fica do país é o tapinha de Mané Garrincha no ombro do rei Gustavo sei lá das quantas, na final da Copa de 1958.
Transformaram um fim previsto nos prêmios criados pelo químico sueco em espetáculo de puxa-saquismo explícito e parte do jogo de um mundo globalizado segundo a ótica do capitalismo.
A mídia inteira, a dita grande mídia, coloca Obama num altar, transforma-o em santo protetor dos oprimidos, e afegãos continuam morrendo debaixo dos bombardeios norte-americanos. Presos continuam sendo torturados em Guantánamo (nem fechar a prisão ele conseguiu). O governo de Israel com aval dos EUA ameaça bombardear o Irã (ninguém fala nada sobre as armas químicas e biológicas e o arsenal nuclear de Israel) e continua sua política de extermínio do povo palestino.
Eles deviam explicar direitinho os critérios que nortearam a escolha de Obama. Será que o norte-americano enviou algumas caixas especiais de cerveja aos membros da Academia? Será que manifestou intenção de servi-las na solenidade de entrega do prêmio em dezembro?
Eu, se fosse garçom, ia botar a boca no trombone. Usurpação indevida de uma das mais importantes funções no processo de integração e interação dos seres humanos.
Do jeito que está não vai demorar muito e o distinto ou a distinta juntam cem tampinhas “premiadas” de budweiser e ganham um Nobel. Assim que nem aquelas garrafinhas antigas com que a coca cola costumava premiar a turma. Tira aquele plástico que noutros tempos era cortiça e que vem na tampinha. Está lá escrito “vale um Nobel da Paz”.
Tem que ter, além do escrito, a imagem da Cervejaria Casa Branca e a de Barack Obama despejando o líquido nos copos dos acadêmicos.
Imagino que George Walker Bush, o terrorista que antecedeu a Obama deve estar tentando desatar o nó das pernas até agora, pois não entendeu nada. O cara faz tudo o que ele fez, só disfarça e ao invés de areia usa vaselina e ainda leva o Nobel da Paz?
E ele, que fraudou uma eleição para virar presidente, identificou o “eixo do mal”, foi lá “ajudar” os iraquianos a tomar conta do petróleo, fica como? Leva o Nobel de quê?
O perigo é Obama acabar no próximo Big Brother. Ao invés de uma casa no complexo GLOBO, transformam a Cervejaria Casa Branca em reduto dos “brothers”, e Boninho, o especialista em jogar coisas "purificadoras" em “vagabundas” (na cabeça dele, se é que tem) dirige tudo em tom maior.
O som? Desde a dor dos palestinos, ao sofrimento dos afegãos, passando pela barbárie hondurenha e nos milhares de assassinatos do governo narco-militar da Colômbia, agora com sete bases.
E a culpa é do Irã.
Vai ver que foi por isso que Paulo Skaft, presidente do esquema FIESP/DASLU, que detém o controle do governo do extinto estado de São Paulo, virou socialista e ingressou no partido do mesmo nome.
Quando Frank Sinatra veio cantar no Brasil manifestou intenção de bater um papo com Tom Jobim. Jobim se esquivou e se foi, acho que para Petrópolis, com a alegação “esse Sinatra é um chato”.
Esse trem de Nobel está virando uma chatice regada a colarinho de cretinice.
Laerte Braga é jornalista, escritor, médico, cineasta e colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz
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