Terra Magazine
Thomas L. Friedman
Do The New York Times
O comitê não fez favor algum a Barack Obama quando lhe deu prematuramente o prêmio Nobel da paz. Como ele mesmo declarou, ainda não fez nada que justifique a honraria - e me espanta que o prêmio mais importante do mundo tenha sido desvalorizado dessa forma.
Não é culpa do presidente, claro, os europeus estarem tão aliviados com seu estilo de governo em comparação à administração anterior que estejam fazendo de tudo ao seu alcance para encorajá-lo a dar continuidade ao seu trabalho. Achei que o presidente foi muito feliz em ter aceitado o prêmio não para si, mas como "uma confirmação da liderança americana em nome das esperanças dos povos de todo o mundo".
Em vista disso, espero que Obama leve essa perspectiva ainda mais longe quando for a Oslo no dia 10 de dezembro para a cerimônia de entrega. Eis o discurso que eu gostaria que ele fizesse:
"Eu gostaria de primeiramente agradecer ao comitê Nobel por este prêmio, o maior reconhecimento que um estadista pode receber. Como eu já disse no dia em que o prêmio foi anunciado, não acho que mereço estar na companhia de pessoas que promoveram tanta transformação no mundo, como as laureadas com este prêmio. Depois de refletir muito sobre o assunto, não sinto que possa aceitá-lo em meu nome apenas".
"Mas irei aceitá-lo em nome dos maiores guardiões da paz mundial do último século - os homens e mulheres do Exército, Marinha, Força Aérea e Fuzileiros Navais dos Estados Unidos".
"Aceito este prêmio em nome dos soldados americanos que chegaram à praia de Omaha em 6 de junho de 1944, para libertar a Europa do controle nazista. Aceito este prêmio em nome dos soldados e marinheiros americanos que lutaram em alto mar e nas longínquas ilhas do Pacífico para libertar a Ásia da tirania japonesa na Segunda Guerra Mundial".
"Aceito este prêmio em nome dos pilotos americanos que, em junho de 1948, quebraram o bloqueio soviético em Berlim com o fornecimento de alimentos e combustível para que os cidadãos de Berlim Oriental pudessem continuar livres. Aceito este prêmio em nome das dezenas de milhares de soldados americanos que protegeram a Europa da ditadura comunista durante os 50 anos de Guerra Fria".
"Aceito este prêmio em nome dos soldados americanos que hoje montam guarda nas montanhas e desertos do Afeganistão para permitir que seus cidadãos, especialmente suas mulheres e crianças, tenham a chance de uma vida digna e livre do totalitarismo religioso talibã".
"Aceito este prêmio em nome dos americanos e americanas que continuam patrulhando o Iraque, na esperança de proteger o governo em Bagdá, para que ele possa tentar organizar uma das coisas mais raras e inéditas naquela região: uma eleição livre e justa".
"Aceito esse prêmio em nome dos milhares de soldados americanos que hoje ajudam a proteger a Coréia do Sul, livre e democrática, da Coréia do Norte, aprisionada pelo comunismo".
"Aceito este prêmio em nome dos soldados americanos, incansáveis em suas inúmeras missões humanitárias de resgate em resposta a terremotos e inundações das montanhas do Paquistão até a costa da Indonésia. Aceito este prêmio em nome dos soldados americanos que trabalham nas forças de paz no deserto do Sinai para manter as relações entre o Egito e Israel estáveis desde que o tratado de Camp David foi assinado".
"Aceito este prêmio em nome de todos os pilotos e soldados da marinha americana que mantêm as águas do Pacífico e do Atlântico livres e abertas para que o mercado mundial possa funcionar livremente".
"E, finalmente, aceito este prêmio em nome do meu avô, Stanley Dunham, que chegou à Normandia seis semanas depois do Dia D, e em nome do meu tio-avô, Charlie Payne, que era um dos soldados que libertaram parte de um campo de concentração nazista em Buchenwald".
"Membros do comitê Nobel, aceito este prêmio em nome de todos os homens e mulheres das forças armadas americanas, do presente e do passado, porque eu sei, e quero que vocês também saibam, que não há paz sem guardiões".
"Até que as palavras do profeta Isaías se tornem uma realidade duradoura - e as nações deixem de declarar guerra contra outras nações - os guardiões da paz serão necessários. Nossos guardiões não são perfeitos, e eu já tomei as providências para remediar os excessos injustificáveis que cometemos em nome da guerra contra o terrorismo".
"Mas não tenham dúvida de que eles são a exceção. Se quiserem conhecer a verdadeira essência dos Estados Unidos da América, visitem as nossas bases militares no Iraque e Afeganistão. Vocês conhecerão homens e mulheres de todas as raças e credos que trabalham juntos, longe de suas famílias, motivados sobretudo pela missão de manter a paz e expandir as fronteiras da liberdade".
"E por todas essas razões - e para que vocês entendam que eu jamais hesitarei em convocar os soldados americanos sempre que for necessário defender algum território em nome da paz, da tolerância e da liberdade ¿ eu aceito este prêmio em nome dos homens e mulheres das forças armadas dos Estados Unidos: os mais importantes guardiões da paz mundial".
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