Pedro do Coutto
A pesquisa do Datafolha pela FSP de 1º de abril e bem comentada pela repórter Ana Flor, revela que Marta Suplicy lidera disparado as intenções de voto de São Paulo para o Senado. Se as eleições fossem hoje, 43%. Com Romeu Tuma em segundo com 25 pontos e Orestes Quércia em terceiro com 22%. A ex vereadora Soninha aparece com 18 pontos. São duas as vagas em jogo. A primeira parece definida. Porém há dúvidas quanto a segunda. Quércia pode ultrapassar Tuma. Mas não é esta a questão essencial.
A questão essencial é que a melhor solução para o PT encontrava-se dentro da própria legenda partidária. Marta acrescenta a Dilma Roussef muito mais votos em São Paulo do que Ciro Gomes poderia somar. Aliás, vendo-se bem a questão, Ciro não acrescenta nada. Seu nome sequer aparece no levantamento. Para governador tampouco, já que o PT inclina-se para Mercadante, que atinge 13 pontos contra 49 de Geraldo Alckmin. Ciro Gomes, se a lei permitisse – mas não permite – deveria voltar urgentemente para o Ceará. Porém como isso não é possível, terá que se contentar a ser deputado federal por São Paulo. Não há lugar para ele em eleições majoritárias. Há menos que Mercadante, sentindo a derrota antecipada saia da disputa pelo governo e retire seu nome entre os candidatos a governador. Pode ser deputado. Enfim, a manobra Ciro não deu certo. Ficou ridícula.
O que a lei permite é que como o pleito de outubro renova dois terços do Senado, cada partido ou coligação pode disputar com dois candidatos. Mas é difícil a concordância. O exemplo ocorreu no Rio em 1954.
Agora, por exemplo, pode ocorrer em Minas, uma parte dos setores do PSDB votar em Aécio Neves para Senador e outra parte preferir outro nome. Cada corrente votando no seu nome. A candidatura Aécio, porém, no fundo, libera Itamar Franco para vice de Serra. Serra não tem muitos nomes disponíveis para a vice, especialmente de Minas Gerais, segundo colégio eleitoral do país. Nem Dilma, já que o PMDB fechou com a candidatura Michel Temer. E o PMDB é essencial para o PT em função da organização partidária e do tempo disponível na televisão. Henrique Meirelles permanece no Bacen, tanto na vitória de Dilma ou de Serra.
Mas voltando ao tema Senado, as eleições são confusas. As coligações funcionam pouco. Cito um exemplo. Há outros. No Rio em 1954, logo após a morte de Vargas, o Ibope apontou o favoritismo de Caiado de Castro, ex-chefe da Casa Militar. O segundo lugar era disputado por Hamilton Nogueira, eleito em 45, e Gilberto Marinho, o primeiro pela UDN, o segundo pelo PSD. Carlos Lacerda mandou os udenistas votarem nos dois. O que aconteceu? Os udenistas seguiram Lacerda, mas o PSD votou apenas em Gilberto. Resultado: elegeram-se Caiado e Gilberto. Hamilton rompeu com Lacerda e nunca mais lhe dirigiu a palavra.
Agora, no RJ, vai acontecer a mesma coisa: Crivella recebe os votos de seus adeptos que, nem por isso, os devolvem a Lindberg Farias. Com isso, deve ir para o espaço a candidatura de Jorge Picciani. Teve recursos para fornecer 170 mil votos a seu filho, Leonardo, para deputado federal. Para o Senado, tal volume de recursos não funciona.
Com isso, por precipitação em vetar Dilma no palanque de Garotinho, o governador Sergio Cabral ficou numa sinuca de bico. No mínimo perdeu a principal articulação com Picciani para o Senado. Errou.
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