sábado, 2 de junho de 2012

POLÍTICA - O comprovante de viagem do Gilmar Mendes.


"Ah, o ministro está descontrolado..."

Gilmar Mendes criou a celeuma e chamou para si os holofotes da Globo e da Veja, foi à imprensa propagar versões retalhadas, em muitos pontos desencontradas, de uma conversa que teve com o presidente Lula no escritório de Nelson Jobim.

Mendes combinou a pauta com a Veja e repercutiu em toda a grande imprensa brasileira sua versão, sua palavras, seu ponto de vista, tão somente.
Contou com o apoio, colaboração inestimável e disponibilidade 24h para se pronunciar sobre o fato.
Recuou do que disse, especificamente sobre a chantagem, mas sustentou os fatos, em geral, como os apresentou ao público, sem qualquer prova e, cabalmente, desmentido pelos outros dois envolvidos na conversa, Lula e Jobim.

Piorou ainda mais o enredo ao enrolar-se e confirmar encontro com Demóstenes em Berlim e carona em jatinho de Cachoeira vindo da Alemanha em companhia do amigo senador.

Para se defender apresentou fatura do cartão de crédito para confirmar que pagou viagem com seus próprios recursos. Porém imprimiu tal extrato, de um ano atrás, em final de março de 2012, conversou com Lula em 26 de abril e divulgou seu relato "indignado" a Veja em final de maio.

Amigo leitor não há aí um item fora de lugar na cronologia dos fatos? Pois é, a fatura foi impressa antes de toda a polêmica ocorrer... Gilmar Mendes deixa rastros de que teria tramado tal factóide, mas a imprensa amiga não liga para estes "pequenos detalhes", para eles o importante é apoiar o amigo ministro do STF, mesmo atropelando fatos tão fragilmente montados diante da realidade...

Este imbróglio já produziu faíscas políticas e desconfianças da sociedade, mortais para um defensor da lei: o descrédito.

Visivelmente atordoado, parte devido as centenas de aparições na mídia que costuma fazer, o ministro desgastado junto a opinião pública resolveu atacar blogueiros e, desta maneira, induzir a sociedade a crer que o Supremo sofre os ataques da "pequena mídia"(termo cunhado por FHC): "É inadmissível que esses blogueiros sujos recebam dinheiro público para atacar as instituições e seus representantes. Num caso específico de um desses, eu já ponderei ao ministro da Fazenda que a Caixa Econômica Federal, que subsidia o blog, não pode patrocinar ataques às instituições.(...) O direito de crítica, de opinião, deve ser respeitado. Mas o ataque às instituições é intolerável".
O ministro pensa estar acima da lei, julga personificar a própria instituição que compõe e, por isso, quer cassar direitos privados, constranger patrocinadores e calar, na força, aqueles que lhe criticam.

Já há um pedido de impeachment do ministro do Gilmar Mendes protocolado no senado, já existem mobilizações preparadas para denunciar seus atos e pedir seu afastamento, o cerco se fecha e o STF, instituição imprescindível para a democracia, carrega pesado fardo e vê manchar-se sua imagem perante o povo brasileiro.

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