sábado, 8 de junho de 2013

ECONOMIA -Aplicações dos bancos em títulos.

Aplicações dos bancos em títulos atinge 2,1 trilhões de reais

Pedro do Coutto
Reportagem – excelente – de Ronaldo D’Ercole, O Globo de terça-feira 4, com base em estudo da consultoria Austin Rating, revela que no ano passado as aplicações dos bancos em títulos mobiliários cresceu 33,5% atingindo o montante de 2,1 trilhões de reais em números redondos. No mesmo período, as operações de crédito a empresas e pessoas físicas avançou 16,4%, a metade, alcançando o total de 2,2 trilhões. Por coincidência o valor do orçamento federal para 2013.

Talvez a comparação entre o volume destinado ao crédito e aquele dirigido aos papeis financeiros, incluindo-se nessa operação os títulos públicos que lastreiam uma dívida interna líquida que em janeiro estava em 1 trilhão e 500 bilhões, explique o fraco desempenho do Produto Interno Bruto em 2012 e no primeiro trimestre do atual exercício. O interesse sólido nas aplicações financeiras superou de muito o despertado pelas atividades econômicas. De qualquer forma, entretanto, os crescimentos verificados superaram de longe a taxa inflacionária do IBGE, de 6,5% para os últimos doze meses. E praticamente 6% para 2012.

A cotação dos papeis do Tesouro deve ter melhorado na visão dos investidores financeiros, no caso os bancos, já que os juros subiram de 7,5 para 8%. Meio ponto num universo de 1 trilhão e 500 bilhões de reais representa um acréscimo líquido de 7,5 bilhões de reais em doze meses.

INADIMPLÊNCIA

O analista Luis Miguel Santacreu, da Austin Ratinge, ouvido por Ronaldo D’Ercole, sustenta que a contrapartida da redução do crescimento do crédito nos bancos privados, principalmente, foi o maior volume de ativos na liquidez do sistema. Pois neste caso, pode-se supor, não incide a inadimplência de 5,2 pontos. E as compras de dólares pelo Banco Central para calibrar a taxa de câmbio obriga o BACEN a vender títulos da dívida pública para gerar reais.

Os resultados dessas operações também são usados pela rede bancária para remunerar o excesso de caixa. Ou seja: o crédito a pessoas físicas e empresas não acompanhou o aumento das aplicações financeiras por falta de demanda por parte do mercado. A oferta – pode-se deduzir – existia. Tanto assim que os banqueiros dirigiram-se para o mercado mobiliário.

O setor financeiro terminou bloqueando os investimentos econômicos reprodutivos.
Miguel Santacreu, em outro bloco da matéria, acentua: Diferentemente do que desejava o governo, o dinheiro adicional que tem entrado no sistema bancário não tem ido para a economia real, na forma de mais investimentos para as empresas ou para financiar o consumo, mas está girando no mercado aberto. Esta é a questão essencial. No fundo da questão, relativamente ao consumo, em decorrência do elevado índice dos juros cobrados pelos empréstimos. Numa série de situações, as taxas mensais aproximam-se ou até mesmo superam os índices inflacionários do IBGE. Como os salários estão contidos nos padrões do IBGE, na melhor das hipóteses, o consumo das pessoas físicas sente os reflexos. E se o consumo se retrai, os investimentos também. Pelo fato natural de só se investir em razão do potencial do mercado. Que, por sua vez, depende do poder aquisitivo da sociedade, da população do país.

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