Mauro Santayana
A visita do papa Francisco ao Brasil foi, mais do que um encontro
de católicos, uma festa cristã, tendo em vista a pregação do Pontífice.
Francisco veio com a promessa da paz que se funda na igualdade, a mesma
igualdade que Cristo pregou ao longo de sua vida, até mesmo no fel do
martírio. Em razão disso houve eminentes pastores que viram, na visita,
um benefício a todos os cristãos, pois, que têm um inimigo comum no
mundo: o materialismo que sustenta a opressão de povos inteiros pelos
donos do dinheiro.
Wojtyla e seu conselheiro teológico Ratzinger perseguiram mais de
500 teólogos católicos, e condenou o brasileiro Leonardo Boff ao
silêncio. Agora, segundo se informa, o novo papa deseja receber Boff,
tão logo conclua a reforma da Cúria Romana. É interessante registrar o
esforço inútil de alguns comentaristas políticos, alinhados com o
pensamento de direita em nosso país, em desnaturar o discurso de
Francisco, reduzindo a visita a uma simples busca da juventude que
revitalize a Igreja em momento de crise histórica. Ora, o sentido
evangelizador de sua prédica é reconhecido pelos principais jornais do
mundo – e pelos próprios porta-vozes do Vaticano.
A mensagem cristã do Cardeal Bergóglio não pode ser mais
cristalina. Ele condena o mundo do hedonismo e da exclusão. O mundo e,
nele, a vida, é um dom divino para o usufruto de todos, e não só de
alguns. Os pobres não são pobres por vontade de Deus, mas porque a isso
são condenados pelos ricos e poderosos. E sem que os ricos deixem de ser
exagerados em sua riqueza, os pobres serão sempre pobres.
SOLIDARIEDADE
Quando os apóstolos ergueram sua primeira comunidade cristã – a
Igreja do Caminho – ao exigir de todos a renúncia aos bens pessoais,
construíram o germe do que poderá vir a ser, um dia, a civilização da
solidariedade e radical igualdade – o Reino de Deus na Terra.
Ora, o discurso extremo dos poderosos é simples. Os recursos da
Natureza não bastam para levar os cinco bilhões de seres humanos ao
padrão de consumo promovido pela tecnologia. O ideal, segundo seus
cálculos, seria dizimar a população, reduzi-la a 500 milhões de pessoas.
Embora disponham de meios técnicos para isso, o projeto parece
inviável. É impossível admitir que noventa por cento dos seres humanos
estejam dispostos a esse holocausto. Eles reagirão, e nova civilização
poderá surgir, com outra forma de convivência, na igualdade proposta
pela vida e pelo testemunho de sangue que nos deixou o homem de Nazaré.
O Papa irá confrontar-se com uma resistência poderosa. Contra ele
se levantam os setores mais conservadores da Igreja que,
coincidentemente, estão comprometidos com os prelados corruptos e
corruptores, com os lavadores de dinheiro via Banco do Vaticano, e
outros aproveitadores. Mas, também e principalmente, com os donos do
mundo e os governos que controlam, no mundo inteiro. Ele só poderá
contar com Deus – e com os homens justos – para levar sua Igreja
adiante, em um mundo melhor.
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