As bombas de Miguel, o carioca que revelou o processo contra a Globo na Receita
Quem é, o que faz e o que toma o autor do blog O Cafezinho.
Miguel do Rosário, autor do blog O Cafezinho,
acha que a Globo deveria lhe pagar. Para ser seu ombdusman. “Eu gosto
de escrever sobre os editoriais do Globo. Todo parágrafo tem uma
quantidade enorme de distorções, mentiras e manipulações”, diz ele.
Miguel e eu fazíamos parte de uma bancada virtual numa entrevista para a TVT.
O programa, chamado Clique Ligue, trazia um debate sobre o jornalismo
digital e o impacto das novas mídias. Seu microfone não funcionava
direito. A voz desaparecia. Mas ele não precisa de microfone. Miguel tem
uma voz na Internet. Com a decisão do Ministério Público do Distrito
Federal de abrir uma investigação sobre a sonegação de que a Globo é
acusada, isso ficou claro.
Miguel foi quem primeiro publicou cópias do processo da
Receita que cobrava a hoje notória dívida de 600 milhões de reais. Como
ele as conseguiu? No caso desse escândalo, segundo ele, o imbroglio é
cinematográfico e surreal.
Resumindo: existe uma quadrilha especializada em subtrair
esses processos. A funcionária Cristina Maris Meinick Ribeiro faria
parte desse grupo. Eles teriam pedido 15 milhões de reais para passar o
resultado do furto a um “cliente”. Houve um encontro, que acabou mal
sucedido. Os papéis teriam ido parar nas mãos do motorista do bando.
Dele para uma outra pessoa, que os ofereceu a Miguel.
“O cara me conhecia pelo Cafezinho e fez o contato. Ele
pensou em dar para uma revista ou jornal, mas achava, com razão, que a
coisa seria abafada por causa do pacto de silêncio da mídia. Se tivesse
publicado ali, não teria o mesmo efeito. A imprensa denuncia o governo o
tempo inteiro. Mas a imprensa não denuncia a imprensa”.
Na sequencia do furo, o advogado Edu Goldenberg encontrou a
ação que pedia a prisão de Cristina Maris. De acordo com Miguel, ela é
casada e mora em Copacabana com a mãe. “O marido achou que eles iam
ganha uma grana com isso. Cristina é mequetrefe no esquema. Tem cara de
que é coisa bem maior”, afirma. “Minha fonte sabia que eu fazia parte de
uma rede, que não estava sozinho. Tenho a blogosfera do meu lado”.
O nome do blog não é à toa. Miguel é especialista na, como
diria um crítico gastronômico entojado, infusão rubiácea. Seu pai, José
Barbosa do Rosário trabalhou na Globo por 15 anos nessa área. Montou uma
revista e, depois, uma newsletter sobre o assunto. Os negócios iam bem
até que, ironicamente, a Internet surgiu com milhares de páginas
dedicadas a café. O velho morreu em 2001 e Miguel deu continuidade por
um tempo. “Até que cansei de rever aquelas caras de sempre desse
mercado. Mantive o nome, mas resolvei escrever sobre política”.
Aos 38 anos, ele não militou na mídia tradicional. Já tinha
visto o que chama de “proletarização” da profissão. Mora na Lapa com a
mulher. Afirma que tem mais “bombas” nas mãos (acabou de publicar um
post segundo o qual Joaquim Barbosa teria recebido 700 mil reais da UERJ
sem trabalhar). “Eu não sou fixado em denúncias. As coisas chegam até
mim. Hoje essa matéria da Globo é de domínio público e está sendo
acompanhada por jornalistas mais experientes do que eu”.
Um aviso importante: “Compre sempre o café mais suave no
supermercado. A torração é mais leve e as qualidades são preservadas. O
melhor lugar pra tomar, aqui no Rio, é o Armazem do Café, em Ipanema”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário