A vida sem carro, por Raí
O ex-craque fala de sua adesão à bicicleta.
O texto abaixo foi publicado originalmente na revista Galileu.
Há dois anos mudei de vida: escolhi não ter mais carro. Vou trabalhar de bicicleta, de carona ou a pé, e o resultado é que agora vivo melhor.
Antes, eu perdia a paciência, ficava estressado, procurando novos caminhos para escapar do trânsito, evitava horários.
E me dei conta que não era uma coisa saudável.
Tudo começou como uma experiência, depois de ter morado um ano em Londres. Lá, só andei de bicicleta, metrô ou táxi. Quando voltei ao Brasil, decidi ficar um ano sem carro para experimentar, e ele fez menos falta do que eu imaginava.
Vi que podia substituí-lo por outras alternativas e então percebi que o carro passa a ser algo que muitas vezes traz mais aborrecimentos que comodidade.
Não sou um cara xiita, que fala que todo mundo tem que andar de transporte público, até mesmo porque em diversas localidades ele ainda é muito deficitário.
A decisão de utilizar o carro ou outro transporte alternativo deve se encaixar dentro das necessidades de cada um, mas, após a decisão de aposentá-lo, vi que minha vida melhorou; não dependo mais da rotina estressante de demorar horas para chegar a algum destino e ainda contribuo um pouquinho para preservar o meio ambiente.
Talvez o que impeça algumas pessoas de fazer a mesma coisa é que o carro é visto como um símbolo de status. O que sou não vai mudar por estar atrás do volante ou num banco no metrô.
Acho que seria interessante propormos um rodízio espontâneo. Metade dos carros ficam em casa, sendo um dia para as placas de final par e outro para as de final ímpar.
Naturalmente não seria algo imposto por nenhuma lei, mas para ajudar as pessoas a se organizarem.
Quando você se vê sem carro, é obrigado a pensar numa solução: procurar alguém que mora perto para pegar carona, utilizar uma linha de ônibus que você não conhecia. Você vai pensar em alternativas e, mesmo sabendo que o transporte público tem muito a evoluir, elas existem aos montes.
E as alternativas alcançam quem usa o carro também. O pedágio urbano é uma delas. Se algumas pessoas querem usá-lo para ter mais comodidade, é justo pagar por isso, assim como ocorre em Londres.
E esse dinheiro arrecadado com o pedágio poderia ser investido na melhora do transporte público.
Em Paris existe um dos projetos mais democráticos e de maior impacto de curto prazo que eu já vi, o Vélib’ (que em português quer dizer algo como “liberdade de bicicleta”).
Você não anda um quilômetro dentro da região central da cidade sem ter uma estação onde possa alugar uma magrela. E você pode deixá-la em qualquer outro lugar, além de ter ciclovias na cidade inteira. Executivos, senhoras, turistas, todo mundo aderiu.
À noite, você vê namorados e famílias, todos de bicicleta e, o mais importante, pedalando com segurança.
Em São Paulo os bicicletários estão começando a aparecer, e as ciclovias aos poucos começam a ser expandidas.
Essa experiência de Londres e o projeto de Paris são maravilhosos e deveriam servir de exemplo para os brasileiros.
É uma questão de vontade política e administração pública somadas a boas ideias.
Essencial para tornar uma cidade mais feliz e saudável. Minha filha fica perguntando se eu vou ficar sem carro para o resto da vida. Não sei e não descarto ter um carro novamente no futuro, mas por enquanto eu não sinto falta, pois descobri que existem muitas outras formas de se locomover.
Passei a ser uma pessoa muito mais leve, em todos os sentidos.
Sigo meus caminhos por aí sem dirigir, sem estresse, oxigenando minhas ideias.
Percebi que o carro é uma opção, mas não a única.
O texto abaixo foi publicado originalmente na revista Galileu.
Há dois anos mudei de vida: escolhi não ter mais carro. Vou trabalhar de bicicleta, de carona ou a pé, e o resultado é que agora vivo melhor.
Antes, eu perdia a paciência, ficava estressado, procurando novos caminhos para escapar do trânsito, evitava horários.
E me dei conta que não era uma coisa saudável.
Tudo começou como uma experiência, depois de ter morado um ano em Londres. Lá, só andei de bicicleta, metrô ou táxi. Quando voltei ao Brasil, decidi ficar um ano sem carro para experimentar, e ele fez menos falta do que eu imaginava.
Vi que podia substituí-lo por outras alternativas e então percebi que o carro passa a ser algo que muitas vezes traz mais aborrecimentos que comodidade.
Não sou um cara xiita, que fala que todo mundo tem que andar de transporte público, até mesmo porque em diversas localidades ele ainda é muito deficitário.
A decisão de utilizar o carro ou outro transporte alternativo deve se encaixar dentro das necessidades de cada um, mas, após a decisão de aposentá-lo, vi que minha vida melhorou; não dependo mais da rotina estressante de demorar horas para chegar a algum destino e ainda contribuo um pouquinho para preservar o meio ambiente.
Talvez o que impeça algumas pessoas de fazer a mesma coisa é que o carro é visto como um símbolo de status. O que sou não vai mudar por estar atrás do volante ou num banco no metrô.
Acho que seria interessante propormos um rodízio espontâneo. Metade dos carros ficam em casa, sendo um dia para as placas de final par e outro para as de final ímpar.
Naturalmente não seria algo imposto por nenhuma lei, mas para ajudar as pessoas a se organizarem.
Quando você se vê sem carro, é obrigado a pensar numa solução: procurar alguém que mora perto para pegar carona, utilizar uma linha de ônibus que você não conhecia. Você vai pensar em alternativas e, mesmo sabendo que o transporte público tem muito a evoluir, elas existem aos montes.
E as alternativas alcançam quem usa o carro também. O pedágio urbano é uma delas. Se algumas pessoas querem usá-lo para ter mais comodidade, é justo pagar por isso, assim como ocorre em Londres.
E esse dinheiro arrecadado com o pedágio poderia ser investido na melhora do transporte público.
Em Paris existe um dos projetos mais democráticos e de maior impacto de curto prazo que eu já vi, o Vélib’ (que em português quer dizer algo como “liberdade de bicicleta”).
Você não anda um quilômetro dentro da região central da cidade sem ter uma estação onde possa alugar uma magrela. E você pode deixá-la em qualquer outro lugar, além de ter ciclovias na cidade inteira. Executivos, senhoras, turistas, todo mundo aderiu.
À noite, você vê namorados e famílias, todos de bicicleta e, o mais importante, pedalando com segurança.
Em São Paulo os bicicletários estão começando a aparecer, e as ciclovias aos poucos começam a ser expandidas.
Essa experiência de Londres e o projeto de Paris são maravilhosos e deveriam servir de exemplo para os brasileiros.
É uma questão de vontade política e administração pública somadas a boas ideias.
Essencial para tornar uma cidade mais feliz e saudável. Minha filha fica perguntando se eu vou ficar sem carro para o resto da vida. Não sei e não descarto ter um carro novamente no futuro, mas por enquanto eu não sinto falta, pois descobri que existem muitas outras formas de se locomover.
Passei a ser uma pessoa muito mais leve, em todos os sentidos.
Sigo meus caminhos por aí sem dirigir, sem estresse, oxigenando minhas ideias.
Percebi que o carro é uma opção, mas não a única.
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