MÍDIA - É hora de investigar.Ou não?
É hora de investigar. Ou não ?
No Brasil de hoje, chega a ser escandaloso esse monopólio da grande
mídia, propriedade de poucas dezenas de famílias que conduzem a notícia
e manipulam os fatos de acordo com sua conveniência, que se confunde
com interesses econômicos de outros grandes grupos empresariais.
Quando se fala em regulação dos nossos meios de informação, a mídia
tupiniquim se enche de brios libertários, acena com o terrível espectro
da censura e passa por cima do que efetivamente se deseja discutir: a
ausência de um contraponto que possibilite a boa informação, aquela que
não se pauta apenas pelos assuntos que convêm a um propósito político de
poder, mas que procura também, com isenção, o contraditório.
Felizmente, e já há algum tempo, esse jornalismo “tradicional” não
fala sozinho. A existência da internet, com suas características
democráticas, começa a impor um outro padrão de jornalismo sem patrões
que permite , através de um sem número de blogs, o levantamento de temas
e de notícias que passam permanentemente em branco na grande imprensa.
Agora, por exemplo, multiplicam-se por aí notícias que envolvem
operações suspeitas ou comportamentos condenáveis de personagens do meio
político e/ou jurídico tidos como mocinhos nesse bang-bang em que se
transformou a política brasileira. Quem tiver curiosidade, basta acionar
os sites de busca. Irá encontrar, por exemplo, detalhes de supostas
fraudes fiscais de organizações midiáticas que se esmeram no “combate à
corrupção”...
Na área da justiça, poderá verificar as suspeitas sobre
irregularidades em licitações e contratos firmados ou denúncias de
viagens particulares à custa do dinheiro público por parte de
autoridades tidas como respeitáveis. Dando o benefício da dúvida e
admitindo, só para argumentar, que não se deva confiar em todas as
matérias – embora algumas delas estejam fartamente documentadas -, o
fato é que se trata de ocorrências que, no mínimo, deveriam ser
apuradas e/ou respondidas quanto à sua veracidade, em nome do decoro e
do interesse público. E o “jornalismo investigativo” da grande imprensa
poderia dar a sua contribuição. Acho mesmo que isso poderá acontecer...
no dia em que o sargento Garcia prender o Zorro...
Menciono aqui esse jornalismo independente, porque ele começa a
incomodar a turma de cima, essa mesma que pretende ter também o
monopólio das virtudes e que trata posturas fraudulentas como algo
restrito aos seus inimigos. É óbvio que existe hoje no país uma
escalada que pretende a desestabilização total do Governo , através de
um metralhar constante de “notícias” alarmantes e pessimistas que, sem
qualquer cuidado quanto aos males que isso produzirá para o Brasil e
para todos os seus cidadãos, apenas enxergam no caos a possibilidade de
voltar a ocupar o poder político no país. É a turma do quanto pior
melhor.
O caso da inflação é emblemático. Depois do escarcéu que teve o
tomate como protagonista, a possibilidade de uma inflação crescente,
cantada e desejada pelo pessoal do Restelo, é hoje descartada.
O mais lamentável, para mim, é que jornalistas assalariados se
prestem à desinformação em nome da manutenção de um emprego e que
troquem o que deveria ser uma devoção profissional pelo efêmero prazer
do brilho dos holofotes e do prestígio pessoal.
A forma como se está querendo bombardear as propostas da Presidenta
Dilma – formuladas a partir do reconhecimento do clamor das ruas -, se
não fosse trágica, seria ridícula, tais os contrassensos que revela.
Tenta-se, por exemplo, desqualificar o plebiscito com argumentos os
mais disparatados, que sequer disfarçam o verdadeiro intuito de evitar
que o povo fale diretamente. Em franca contradição com a tese de que “o
gigante acordou”, acusam a proposta de ser tentativa “bolivariana” de
fazer política, ou de encobrir filosofia comunista etc etc ...
É bem nítida a satisfação com que essa turma anuncia “derrotas” do
Governo quando o Congresso, esse Congresso sabidamente clientelista e
chantagista, encosta a Presidenta na parede. A ânsia do chamado PIG
parece desconhecer que é toda a classe política que está em discussão
nesse pais e o poder legislativo, em especial, justamente em função de
seus posicionamentos corporativos e fisiológicos.
Essa turma de inconformados ainda não percebeu que, qualquer que
venha a ser o cenário eleitoral em 2014, o povo não escolherá o
retrocesso, a perda das conquistas que levaram milhões a sair da
pobreza. Não serão aceitas pela maioria ações que interrompam o processo
de redução das desigualdades e que retornem pura e simplesmente ao
neoliberalismo do Estado mínimo. Acho que é por isso que paira no ar,
diuturnamente, em certas redações, um ar conspiratório e golpista de
gente que, a qualquer custo, mesmo com a quebra dos limites
democráticos, quer recuperar o espaço perdido para o povo.
Se querem – e como querem ! – derrubar Dilma Roussef, que a
tentativa se faça no campo da democracia, no voto, caso o tenham... E
os que se regozijam, hoje, com as pesquisas de opinião – que refletem um
corte de momento em nossa realidade política – esquecem que a fila
anda... Daqui até 2014, mesmo sob a esperada omisão da mídia hegemônica,
tudo indica que outras investigações tenderão a aparecer, e quem sabe
também frequentarão os cartazes das ruas, respingando em muitos dos
atuais paladinos da moralidade...
Ah! Já ia me esquecendo de mencionar a “Privataria Tucana” e o
mensalão mineiro. Seria uma falha indesculpável. São outros temas que
têm que ser retirados do silêncio dos coniventes para passar pelo crivo
crítico da sociedade.
Fonte: Direto da Redação
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