As derrotas de Gurgel no fim de seu mandato
Enviado por luisnassif
Da Carta Capital
O ocaso de Gurgel
Próximo do fim do seu mandato, o procurador-geral da República só coleciona derrotas e não dará posse ao sucessor
por Mauricio Dias
O ocaso de Gurgel
Próximo do fim do seu mandato, o procurador-geral da República só coleciona derrotas e não dará posse ao sucessor
por Mauricio Dias
Por decisão do
Supremo Tribunal Federal, Roberto Gurgel está forçado a levantar o manto
de proteção mantido em torno da gestão dele na Procuradoria-Geral da
República (PGR). A decisão do STF resulta das insistentes negativas aos
ofícios de Luiz Moreira, do Conselho Nacional do Ministério Público.
Gurgel tentou bloquear o pedido no STF. Perdeu. Agora terá de explicar
decisões administrativas que vão dos pregões para compra de veículos até
a avaliação das coberturas indevidas do Programa de Saúde Assistencial.
É uma faxina. Não
se sabe quanta poeira levantará. Isso ocorre a poucos dias do fim do
reinado de Gurgel. A presidenta Dilma Rousseff, até o momento, não
anunciou o substituto dele. E tudo indica que só em agosto o nome será
conhecido.
Dilma não tem sido apressada nessas
decisões. Foi assim com as escolhas para o STF. É assim também com a
indicação do novo procurador-geral. O comportamento igual não implica,
porém, motivação semelhante. O caso agora é outro.
O semestre judiciário começará de fato no dia 5 de agosto. Mesmo que a presidenta
escolha de imediato o nome do substituto, o tempo entre a indicação e a
sabatina no Senado irá além do dia 13, último dia de Gurgel no poder. O
resultado disso é que ele não dará posse ao sucessor. É uma amarga
despedida. Explicável.
Gurgel fez da PGR
uma frente de judicialização da política, caracterizada por ações
contra o governo e contra o PT. É o caso da peça acusatória da Ação 470,
popularizada como “mensalão”, apresentada no STF com transmissão ao
vivo pela televisão. O teor, preparado por Gurgel, facilitou o
desempenho de alguns dos ministros da Corte: a partir dali, disseminaram
pelo País o que o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos (www.ocafezinho.com)
chamou de Discurso do Ódio: “Designam insultos contra indivíduos e
grupos com o objetivo de provocar o ódio contra eles, e eventual
violência, simplesmente porque são quem são”.
Ousado, com trânsito livre e eco forte na
mídia conservadora – “de direita”, corrigiria Joaquim Barbosa –, além
de amizades sólidas no Congresso, notadamente José Sarney, tentou
bloquear a ascensão de Renan Calheiros à presidência do Senado. Perdeu
mais uma vez. Gurgel, no ocaso, coleciona derrotas.
Ele fez esforço para barrar o retorno de
Luiz Moreira ao Conselho Nacional do Ministério Público. Era uma
indicação da Câmara, com aprovação de todos os líderes partidários. O
bloqueio foi derrubado no Senado. O procurador-geral perdeu mais uma
vez. Assim como perdeu com o veto do Senado a Vladimir Aras, indicado
por Gurgel para a diretoria da Associação Nacional dos Procuradores da
República.
Dilma também deixou marca no ocaso do procurador-geral.
Após as manifestações nas ruas, ela ouviu
os representantes do mundo jurídico sobre o movimento: STF, TSE, OAB. A
PGR (Gurgel) ficou de fora.
Agora é cinza IPesquisa
fechada na quarta-feira 17 indica que a avaliação do governo Sérgio
Cabral, no Rio de Janeiro, fica perto dos 60% nos itens “ruim e
péssimo”.
Os números serão divulgados oficialmente.
A avaliação sucede à sequência de
episódios negativos, como o uso do helicóptero oficial para a família, a
empregada, além do famoso cachorro de estimação “Juquinha”, levados a
descansos semanais na paradisíaca Mangaratiba (RJ).
Agora é cinza IIJuntamente
com Cabral vai para o ralo a já fragilizada candidatura de Luiz
Fernando Pezão (PMDB), aposta do governador para o governo do estado.
Embora ande escondido diante das
manifestações de rua, vira cinza também o prestígio de José Mariano
Beltrame, secretário de Segurança, famoso por comandar militarmente a
reconquista de favelas cariocas ocupadas por traficantes.
Não há recuperação política para eles. Nem mesmo com a bênção papal.
Agora é cinza IIIAssim,
o governador Cabral já não tem mais força política ou pretexto para
exigir do PT a retirada da candidatura do senador Lindbergh Farias ao
governo do estado.
Gurgel em BHTalvez
como parte do ritual de despedida, o procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, tenha sido recebido, na sexta-feira 12, no Palácio da
Liberdade, em Belo Horizonte, pelo governador Antonio Anastasia e pelo
senador Aécio Neves.
Minas é berço da dependência de tucanos e
petistas das ações financeiras, com propósitos eleitorais, maquinadas
pelo publicitário Marcos Valério.
Inicialmente a serviço do PSDB. Posteriormente às ordens do PT.
RevoadaO líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, faz um giro pelo Rio de Janeiro à caça de reforços para o partido.
Voltará a Brasília com, pelo menos, três novos filiados fluminenses.
Plano B?O governador Eduardo Campos (PE) sonha hoje mais com a Vice-Presidência do que com a Presidência da República.
Parece mudança de planos e coincide com a conversa que teve com Lula.
Após o encontro, os dois adotaram o silêncio obsequioso.
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