Após festival do Papa e do recesso, o que nos espera?
Fiz a pergunta do título acima a um graduado funcionário do
Palácio do Planalto na manhã gelada desta quarta-feira que congela até
os dedos e as ideias. Surpreso, ele se mostrou tão perdido e sem
respostas quanto eu quando me propus a escrever este texto, tentando
imaginar o que será de nós em agosto, depois que o Papa Francisco for
embora e suas excelências voltarem ao batente no conflagrado Congresso
Nacional.
Vamos pensar juntos. Antes do cenário político ser congelado por este inverno glacial, pela visita papal e o recesso parlamentar, a presidente Dilma Rousseff vivia a maior crise dos seus dois anos e meio de governo, dando a impressão de estar completamente isolada para vencer os graves problemas enfrentados pelo país, tanto na economia como na política, sem nenhum sinal de uma luz no fim do túnel para indicar algum caminho.
Não somos só nós comentaristas políticos que estamos em busca de uma pista sobre o que Dilma pretende fazer após a breve trégua deste final de julho. "Pode acontecer de tudo e pode não acontecer nada, mas acho que alguma coisa tem que acontecer", diz o meu interlocutor. Só não sabe ele me dizer o quê, exatamente, pois "o que se fala de manhã já não vale à tarde". O clima no Planalto continua muito tenso, mais para barata voa, depois do chega pra lá que a presidente resolveu dar no PT, ao não comparecer à reunião do partido no final de semana, em Brasília.
Também não contribuem para desanuviar o ambiente as novas e más notícias que chegam sobre os indicadores econômicos, agora atingindo até os pilares que vinham sustentando os índices de aprovação do governo: os níveis de emprego e renda.
O índice de criação de novos empregos caiu 21% no primeiro semestre, o pior resultado nos últimos quatro anos, e o nível de desemprego subiu para 6%, a maior taxa desde abril do ano passado. O IBGE registrou também uma desaceleração no crescimento da renda média real do trabalhador em consequência do aumento da inflação. Para completar, no mesmo período, o déficit nas contas externas subiu 72%, com um rombo de R$ 43,5 bilhões.
Estes números vão fatalmente aumentar ainda mais a pressão do PT e dos partidos da base aliada para que Dilma promova com urgência trocas no comando da economia, mas até agora nada indica que ela o fará.
Talvez mude de ideia depois do encontro que terá esta noite com o ex-presidente Lula, em Salvador, na comemoração dos 10 anos de governos petistas. O evento ocorre num momento que não está propício para festas, mas certamente os dois vão aproveitar para discutir possíveis saídas para a crise, que atingiu um ponto no qual fica difícil até decidir por onde começar _ se pela economia ou pela articulação política, uma vez que ambas estão umbilicalmente ligadas, tendo por horizonte a sucessão presidencial.
Se a economia não der logo sinais de recuperação, mais difícil se tornará manter aliada a base do governo que serviu de sustentação para a eleição de Dilma em 2010. De outro lado, está na hora também de parar de jogar nas costas da grande mídia a culpa por todas as dificuldades enfrentadas pelo governo, como o ex-presidente Lula tem feito em seus últimos discursos, o que só serve para elevar ainda mais o tom das críticas a ambos, criando um estado de beligerância que não interessa ao governo e não ajuda o país. Longe de ser inocente, o fato é que a imprensa já não tem toda esta força para provocar a queda das bolsas ou a subida do dólar, nem de fazer chover ou nevar.
Até porque, mesmo contra os seus desejos e preferências políticas, expressos publicamente pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), o PT chegou e se mantém há mais de dez anos no poder. Muita calma nesta hora, como se diz no popular.
Vamos pensar juntos. Antes do cenário político ser congelado por este inverno glacial, pela visita papal e o recesso parlamentar, a presidente Dilma Rousseff vivia a maior crise dos seus dois anos e meio de governo, dando a impressão de estar completamente isolada para vencer os graves problemas enfrentados pelo país, tanto na economia como na política, sem nenhum sinal de uma luz no fim do túnel para indicar algum caminho.
Não somos só nós comentaristas políticos que estamos em busca de uma pista sobre o que Dilma pretende fazer após a breve trégua deste final de julho. "Pode acontecer de tudo e pode não acontecer nada, mas acho que alguma coisa tem que acontecer", diz o meu interlocutor. Só não sabe ele me dizer o quê, exatamente, pois "o que se fala de manhã já não vale à tarde". O clima no Planalto continua muito tenso, mais para barata voa, depois do chega pra lá que a presidente resolveu dar no PT, ao não comparecer à reunião do partido no final de semana, em Brasília.
Também não contribuem para desanuviar o ambiente as novas e más notícias que chegam sobre os indicadores econômicos, agora atingindo até os pilares que vinham sustentando os índices de aprovação do governo: os níveis de emprego e renda.
O índice de criação de novos empregos caiu 21% no primeiro semestre, o pior resultado nos últimos quatro anos, e o nível de desemprego subiu para 6%, a maior taxa desde abril do ano passado. O IBGE registrou também uma desaceleração no crescimento da renda média real do trabalhador em consequência do aumento da inflação. Para completar, no mesmo período, o déficit nas contas externas subiu 72%, com um rombo de R$ 43,5 bilhões.
Estes números vão fatalmente aumentar ainda mais a pressão do PT e dos partidos da base aliada para que Dilma promova com urgência trocas no comando da economia, mas até agora nada indica que ela o fará.
Talvez mude de ideia depois do encontro que terá esta noite com o ex-presidente Lula, em Salvador, na comemoração dos 10 anos de governos petistas. O evento ocorre num momento que não está propício para festas, mas certamente os dois vão aproveitar para discutir possíveis saídas para a crise, que atingiu um ponto no qual fica difícil até decidir por onde começar _ se pela economia ou pela articulação política, uma vez que ambas estão umbilicalmente ligadas, tendo por horizonte a sucessão presidencial.
Se a economia não der logo sinais de recuperação, mais difícil se tornará manter aliada a base do governo que serviu de sustentação para a eleição de Dilma em 2010. De outro lado, está na hora também de parar de jogar nas costas da grande mídia a culpa por todas as dificuldades enfrentadas pelo governo, como o ex-presidente Lula tem feito em seus últimos discursos, o que só serve para elevar ainda mais o tom das críticas a ambos, criando um estado de beligerância que não interessa ao governo e não ajuda o país. Longe de ser inocente, o fato é que a imprensa já não tem toda esta força para provocar a queda das bolsas ou a subida do dólar, nem de fazer chover ou nevar.
Até porque, mesmo contra os seus desejos e preferências políticas, expressos publicamente pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), o PT chegou e se mantém há mais de dez anos no poder. Muita calma nesta hora, como se diz no popular.
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