Contrariado
Por acaso, acompanhei a sessão do STF na Globonews. Vi, no Twitter, que podia ver o julgamento ao vivo lá com um mero clique.
O que mais de chamou a atenção foi o planeta paralelo em que jornalistas e comentaristas da Globonews parecem viver.
Neste
PP, chamemos assim, os brasileiros parecem realmente clamar pela
condenação e prisão dos réus do mensalão. E podem provocar tumultos nas
ruas do Brasil se seu clamor não for acolhido pelos senhores membros do
STF.
Invoco mais uma vez Wellington: quem acredita nisso acredita em tudo.
Mas
uma jurista convocada para opinar sobre a sessão de ontem parecia
acreditar. Ela disse que, embora tecnicamente os embargos infringentes
simplesmente “existam”, os juízes poderiam votar contra ele caso
considerassem que a sociedade assim deseje.
Pausa para rir.
Este o PP da Globonews – e das grandes corporações de mídia.
Ora,
se a chamada voz rouca das ruas quisesse mesmo o que lhe atribuem
convenientemente, as urnas teriam expressado isso contundentemente nas
eleições presidenciais de 2010 e, depois, em disputas como a que se
travou pela prefeitura de São Paulo. Dilma estaria fazendo as malas e
não se preparando para 2014 com amplo favoritismo.
O
que a mídia confunde é a voz de seus editoriais e de seus donos com a
dos brasileiros. Este o PP, que ilude brasileiros ingênuos que acreditam
que jornais e revistas se batem pelo interesse público, aspas, e não
pelo interesse privado e, não raro, escuso.
Muitas
personagens emprestam contribuição milionária para tal confusão. O
ministro Barroso, por exemplo, explicou ontem por que votou –
acertadamente, aliás – contra “o desejo de milhões”.
Só
faz sentido a frase à luz de que ainda mais milhões desejassem que
Barroso fizesse exatamente o que fez – ser um contraponto racional,
lógico e justo ao blablablá enviesado de um personagem chave do PP:
Joaquim Barbosa.
Se
é verdade o que o PP dissemina, juízes como Luiz Fux e Gilmar Mendes
representariam a vontade dos brasileiros – e não a da ‘turma de sempre’,
aquela que se locupletou com o golpe de 1964 e não gostou nem um pouco
de ficar longe do controle de coisas como o BNDES.
Amigos
de JB, segundo um deles, o jornalista Claudio Humberto, estariam
sugerindo que ele renuncie caso se confirme a tendência de aprovação dos
embargos infringentes.
Com todo o respeito, já iria tarde . E bem que outros juízes como Fux e Gilmar poderiam acompanhá-lo no protesto.
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