Ao condenar os que lutaram contra a
ditadura, o STF quer proteger quem? A Globo, que arrumou emprego para o
filho do ministro Joaquim Barbosa?
A Justiça educa. A injustiça não. Quando as instâncias de julgamento
apenam devidamente os culpados por um delito a sensação de impunidade
diminui e a sociedade se sente mais segura. Mas quando prevalece a
injustiça o crime não cessa. É o que se pode dizer em relação à tortura.
Os brucutus da ditadura que barbarizaram homens, mulheres e crianças
continuam aí à solta. E o exemplo deles continua sendo seguido por
grande parte das forças policiais que têm na tortura o principal método
investigativo.
O Supremo Tribunal Federal impediu o país de virar esta página da
tortura ao negar a revisão da Lei da Anistia. O STF manteve impunes os
crimes da ditadura, protegeu torturadores, assassinos e seus áulicos.
Quem sabe, impediu até que investigações chegassem aos civis que
financiaram a ditadura. Pois se é certo que empresários como Henning
Albert Boilesen, do grupo Ultragás deu dinheiro para a Operação
Bandeirantes, e Otávio Frias, do Grupo Folha emprestou caminhonetas para
a repressão, outros grupos empresariais também operaram em favor do
regime de exceção, e ganharam muito dinheiro durante os 21 anos de
trevas.
Ao proteger aqueles que serviram à ditadura o STF impediu o país de ver
desvendadas as relações de poder entre os generais e os empresários que
se serviram do regime. O grupo Globo, dos irmãos Marinho, recentemente
abjurou sua participação no Golpe de 1964 e seu apoio incondicional aos
generais. Segundo matéria da Revista Forbes a fortuna dos filhos de
Roberto Marinho chega a R$ 52 bilhões. Quantos destas dezenas de bilhões
foram adquiridas com o sangue e lágrimas de homens e mulheres que
sofreram horrores nas mãos dos carrascos da "revolução" apoiada pelos
Marinho? Falta a Globo esclarecer isto na Comissão da Verdade.
Os ministros do STF preferiram poupar a ditadura. Passaram a mão na
cabeça de militares golpistas, torturadores, corruptos, assassinos e
toda súcia que se serviu do regime para enriquecer. Uma malta de falsos
moralistas que sob pretexto de livrar o país do comunismo da
"república-sindicalista" depôs o presidente LEGITIMAMENTE eleito João
Goulart (PTB) para governar pelo terror, sem prestar contas de seus
atos. Substituíram a democracia pela repressão e o capitalismo de
mercado pelo capitalismo de Estado, com lucros privados e prejuízos
socializados. Seu legado: um país com a maior concentração de renda do
mundo.
E foi com este espírito de privilégio aos amigos do regime que os
campeões de moralismo da ditadura que quebraram a Pan Air e "confiscaram
seus aviões e suas linhas aéreas para os integralistas da Varig. Esta
mesma malta fechou a TV Excelsior e despejou milhões na TV Globo para
que o ditador-presidente Emílio Garrastazu Medici pudesse pronunciar:
"Sinto-me feliz todas as noites quando assisto o noticiário. Porque, no
noticiário da Globo, o mundo está um caos, mas o Brasil está em paz."
O STF que virou as costas aos crimes da ditadura rasga a constituição
´para julgar aqueles que um dia pegaram em armas, fizeram greves,
organizaram partidos políticos, foram às ruas pela Diretas Já e pela
Constituinte Livre e Soberana. No julgamento de José Dirceu, Delúbio
Soares e José Genoíno, não foram observados todas as regras do devido
processo penal:
1 - Não tiveram direito a duplo grau de jurisdição
2 - Foram julgados e condenados sem provas
3 - Foram-lhes negadas acessos a perícias da Polícia Federal presentes
no Inquérito 2474, que correu em segredo de justiça por ordem do
Ministro Joaquim Barbosa, onde estão provas de que não houve dinheiro
público nas contas pagas pela Visanet.
Ao condenar os que lutaram contra a ditadura o STF quer proteger quem? A
Globo, que arrumou emprego para o filho do ministro Joaquim Barbosa?
O Globo, do qual o ex-ministro Ayres Brito tornou-se colaborador da coluna de Merval Pereira?
É preciso que os ministros do Supremo enfrentem o linchamento de setores
da mídia contra os réus da AP 470 e evitem que a Ditadura vença o
Estado de Direito.
Fonte: O Esquerdopata.
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