domingo, 2 de novembro de 2008

O FIM DAS "BANANAS REPUBLIC"

Até que enfim o Equador tem um presidente que não é um vassalo dos interesses americanos. Para se ter uma idéia de como era essa submissão, um dos últimos presidentes equatorianos instituiu o dólar americano como moeda nacional. O presidente RafaelCorrea pronunciou uma frase bem simbólica nessa reunião:'A Banana Republic acabou'. Para quem não sabe, tal termo surgiu quando a United Fruit, que atuava na Guatemala e detinha o monopólio da exportação de bananas, foi pivô da derrubada pelo governo dos EUA do presidente guatelmateco. Este ousou combater tal monopólio ao instituir um governo nacionalista em 1954.O presidente Correa, como todos os novos presidentes eleitos na América do Sul com base em propostas contrárias ao neoliberalismo e fortemente nacionalistas, é demonizado pela imprensa corporativa brasileira, que tem como ícones, Fujimori, Menem, FHC, Restrepo, Caldera e outros menos votados, todos submissos à lógica neoliberal, do Estado Mínimo, privatizações, desregulamentação dos mercados, flexibilização das leis trabalhistas, etc, cujas consequências mais visíveis foram a concentração da renda, o tremendo desemprego e a privatização e desnacionalização de empresas estatais estratégicas.
Carlos Dória


“A América busca voz em uma reforma econômica - Brasil, México e Argentina levarão a mensagem ao G-20″: Em sua capa de sábado, o diário salvadorenho La Prensa Gráfica resume bem o tema real e o resultado principal desta Cúpula.
Normalmente os mega-encontros presidenciais não são exatamente apaixonantes. As declarações são preparadas antecipadamente. Cada um dos participantes trata de vender sua imagem, e muitas vezes os jornalistas estão mais interessados no que “seu” chefe de Estado tem a dizer sobre assuntos nacionais que no evento mesmo.
Em San Salvador não foi diferente. José Luis Rodríguez Zapatero teve que defender a rainha Sofía por uma polêmica sobre supostas declarações da soberana sobre o casamento gay.

Quando os interesses entre Espanha e suas ex-colônias são tão divergentes, é natural que as declarações finais consensuadas têm que ser tímidas.Entretanto, ficou claro que os governos de esquerda ou centro-esquerdada América Latina seguem promovendo a emancipação econômica da antiga metrópole, apesar do governo espanhol. E que muitos presidentes liberais e conservadores se vêem forçados a adaptar seu discurso aos novos tempos.
A posição da Espanha e de Portugal é menos cômoda que nos nos 90,quando as multinacionais da Península Ibérica foram as que mais lucraram com a onda de privatizações realizadas na América Latina por governantes submissos à lógica neoliberal.
A isto se soma a crise das instituições multilaterais controladas pelos Estados Unidos e Europa como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). O colapso dos mercados financeiros que parece vislumbrar uma virada keynesiana a nível global esquentou a Cúpuladeste ano.
José Sócrates, o primeiro ministro português, pôs o dedo na ferida:“O FMI se formou para ajudar e agora mesmo escutei o presidente de El Salvador dizer que, felizmente, El Salvador não tem contratos com o FMI. Isto diz tudo sobre a credibilidade e prestígio que hoje o FMI tem no mundo”.

Sobre o encontro de 15 de novembro, quando 20 países iniciarão negociações sobre reformas do sistema financeiro internacional,Sócrates disse: “É da maior importância que a Espanha esteja na reunião em Washington. É da maior importância que as primeiras reuniões comecem bem, e por isso a Espanha tem que estar nesta reunião”.
A realidade será outra: apesar de unânimes declarações de apoio de todos os presentes à pretensão espanhola, os que irão a Washington são os “emergentes” México, Brasil e Argentina.
Na relação com empresas estrangeiras, alguns governos latino-americanos estão mostrando uma autonomia que há poucos anos parecia difícil de se imaginar. A notícia que impactou a Cúpula no seu último dia foi expulsão da petroleira espanhola Repsol pelo governo equadoriano, medida confirmada por Rafael Correa em seu regresso ao Equador.
Correa, que tem se mostrado igualmente firme frente às multinacionais brasileiras Petrobras e Odebrecht, manifestou: “Que entendam as companhias transnacionais: A Banana Republic acabou. Aqui as condições não vão ser impostas por elas, serão impostas pelo país”.
Fonte: Terra Magazine.

4 comentários:

Anônimo disse...

Que ele dure muito e não tenha o triste destino de outros , como o do PHA no IG...
Não sou filiado ao PT , nem nunca militante , mas não aguento mais o partidarismo da imprensa anti-Lula... Tem que existir uma reação , mesmo !!!

Anônimo disse...

Quanto clichê esquerdopata... esses caras não têm imaginação nem para mudar os jargões nos seus textos...

Anônimo disse...

Esquerdismo. Ou é oportunismo ou é uma doença infantil.

Anônimo disse...

Meu caro articulista. Buscar a independência de um país latinoamericano da dominação econômica dos EEUU, não significa fazer bravatas.
O Lula, antes, segundo ele mesmo disse, fazia bravatas. Agora, ele cuida de trabalhar pragmaticamente, seguindo a esteira deixada pelo FHC.
E está se dando bem.