quarta-feira, 5 de novembro de 2008

OBAMA HISTÓRICO.

Com vitória sobre o republicano John McCain, o democrata Barack Obama torna-se o 44º presidente dos Estados Unidos

Pablo Calvi
De Nova Iorque

Gritos de alegria, lágrimas de felicidade, aplausos e abraços às vezes incrédulos, às vezes exultantes, preenchem as ruas não só de Nova Iorque, como em todo o país em uma noite histórica. A noite em que pela primeira vez um negro chega à presidência dos Estados Unidos.


Barack Obama, senador pelo estado de Illinois, filho de uma antropóloga norte-americana e um economista queniano, se tornou o 44º presidente dos Estados Unidos depois de uma emocionante vitória sobre seu rival republicano John McCain.

"É uma noite inesquecível, a mais importante da minha vida", emociona-se Trish, uma estudante e voluntária que saiu à rua com suas amigas para celebrar, logo ao ver no telão da faculdade de jornalismo da Universidade de Columbia, a mensagem que Obama proferiu do Grant Park em Chicago.

"Esta é a resposta que milhões de norte-americanos construíram fazendo longas filas nas escolas de todo o país durante horas", disse Obama em uma mensagem tão sincera como emocionante. "Esta é sua vitória. Mas ainda que celebremos esta noite, sabemos os desafios que teremos amanhã: um mundo em perigo, a pior crise financeira em séculos, duas guerras. O caminho será grande, a subida será trabalhosa, não sei se o conseguiremos em um ano ou em um período presidencial. Mas, América, nunca se sentiu a esperança que sinto hoje. Estou seguro de que chegaremos. Como nação, chegaremos a conseguir tudo o que nos propusemos".

Minutos antes de Obama dirigir-se ao país, McCain aceitou a derrota e ofereceu seus serviços em uma mensagem de conciliação durante a qual reconheceu a importância histórica do triunfo de um candidato negro.

"Está é uma noite muito importante", assinalou o republicano num Spa em Phoenix, Arizona. "Percorremos um longo caminho para chegar hoje a um ponto tão distante das injustiças que um dia mancharam nosso país".

Obama também referiu-se à questão racial e convidou brancos e negros a deixar para trás os ressentimentos e olhar para o futuro. "Se há alguém que ainda duvide de que a América é um lugar onde tudo é possível, se este alguém ainda se pergunta se o sonho de nossos pais fundadores continua vivo em nosso tempo, se há alguém que ainda duvida do poder de nossa democracia, esta noite é a melhor resposta que ela jamais poderá ter", disse o presidente eleito.

Mesmo antes de que a totalidade dos resultados estivesse definida, a vitória de Obama já era contundente. O democrata não apenas alcançou mais de 52 milhões de votos, conquistando o chamado voto popular, mas também sua candidatura obteve 334 votos no colégio eleitoral, 64 a mais dos 270 necessários para selar o triunfo nos comícios.

O febricitante presidente dos Estados Unidos celebrou junto de sua família, a do também eleito vice-presidente Joe Biden e alguns de seus aliados, como o reverendo Jesse Jackson e a apresentadora de televisão e ativista Oprah Winfrey.

"Se tivessem me dito nos anos 60 que algum dia teríamos um presidente negro, eu nunca teria acreditado", disse John Lewis, senador do estado da Georgia, após a mensagem de Barack Obama. "Há 40 anos as pessoas da raça negra não podiam subir nos ônibus das pessoas brancas, nem usar os mesmos táxis, nem freqüentar os mesmos restaurantes. Este é o sonho do reverendo Martin Luther King Jr., que torna-se realidade", disse Lewis entre lágrimas de emoção.

A festa alongou-se até as 2h da manhã em Nova Iorque, Chicago e Washington DC, onde uma inesperada multidão de 100 mil pessoas amontoou-se em frente à Casa Branca para festejar a vitória democrata. Em meio às celebrações, contudo, Obama pediu calma e reflexão. Ele invocou a uma mulher de 106 anos, Anne Nixon Cooper, como exemplo do que os Estados Unidos conseguiram como nação em um centenário.

"Pensem em tudo o que ela viu, uma mulher que nasceu de uma geração logo após a abolição da escravatura", pediu Obama. "Ela, que não pôde votar não apenas por ser mulher, mas também por causa da cor de sua pele, hoje o fez tocando num visor. E o fez sem se surpreender, porque sabe tudo o que nossa nação conseguiu e poderá continuar conseguindo. Quem pode imaginar o que nossos filhos verão dentro de 100 anos, se serão tão afortunados como Anne Nixomn Coooper?", perguntou Obama visivelmente emocionado. "Naquele momento, quando as mulheres não podiam votar, nos diziam que não era possível. Mas nós respondemos com o sonho americano: América, sim, podemos".
Fonte:Terra Magazine.

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