O jornal espanhol El Pais divulgou neste Domingo um documento secreto que prova que o governo de Aznar foi informado, em Janeiro de 2002 pela embaixada dos EUA, da passagem por Espanha de aviões transportando prisioneiros acusados de terrorismo para a prisão de Guantánamo. Segundo o jornal outros governos europeus também teriam sido informados nomeadamente os de Portugal, Turquia e Itália.
O jornal El Pais divulgou um documento, classificado com muito secreto, no qual o então director geral de política externa para a América do Norte, Miguel Aguirre de Cárcer, informava o ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha de um encontro que teve com um conselheiro militar da embaixada dos EUA em Madrid. Nesse encontro, o conselheiro norte americano informava o governo espanhol de que iam começar a transferir prisioneiros "talibãs e da Al Qaeda do Afeganistão para a base de Guantánamo em Cuba" e pretendiam autorização do governo espanhol para a utilização de algum aeroporto, caso fosse necessário fazer alguma aterragem de emergência.
Até hoje os governos de Espanha, o de Aznar e posteriormente o de Zapatero, nunca reconheceram que tinham tido conhecimento prévio da passagem dos aviões da CIA com prisioneiros transferidos para a base de Guantánamo, onde os prisioneiros foram torturados. O mesmo tem acontecido com o governo português.
Segundo o El Pais, os EUA não precisavam dessa autorização, porque têm um convénio de cooperação para a defesa com Espanha onde está estabelecido que: "Em caso de emergência em voo, as aeronaves norte americanas operadas pelas ou para as Forças dos Estados Unidos da América, estão autorizadas a utilizar qualquer base, aeródromo ou aeroporto espanhol".
Aguirre de Cárcer comprometeu-se a que o governo daria resposta ao pedido na manhã do dia seguinte e sugeriu que "seria preferível, em qualquer caso, utilizar aeroportos em bases militares como Morón ou Rota em vez de aeroportos civis".
O jornal El Pais diz ainda que o conselheiro norte americano informou Aguirre de Cárcer que estavam a fazer "a mesma gestão" com vários países na "rota que devem seguir os aviões em questão" e citava os casos de Turquia, Itália e Portugal.
A eurodeputada Ana Gomes declarou à TSF: " O que se passou em Espanha não foi com certeza diferente do que se passou em Portugal. Em 2002, as autoridades portuguesas foram abordadas para facilitar esse tipo de transporte".
O ministério dos Negócios Estrangeiros português comentando esta notícia voltou a dizer que não existe "qualquer indício de culpabilidade do governo português no transporte de prisioneiros para Guantánamo".
A Amnistia Internacional já identificou 16 voos da CIA em Portugal e o Ministério Público português está a fazer um inquérito-crime sobre os voos ilegais da CIA em Portugal.
Fonte:Esquerda.net
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