quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

IMPUNIDADE - Há 20 anos, Mendonça de Barros e Naji Najas explodiam a Bolsa do Rio.

Hélio Fernandes.


2009 começa na incerteza, o impacto e os colossais prejuízos provocados pelos manipuladores do mercado financeiro e pelas falcatruas das hipotecas imobiliárias concedidas a quem não tinha a menor condição de pagá-las. Mas pela tradição do mercado, a cada contrato, havia bonificação colossal.

Assim, ninguém queria saber se o cliente podia ou não podia pagar, o importante era o “prêmio”, irresponsável mas recebido imediatamente. A comparação com 1929 é descuidada e incompetente, a semelhança mesmo é a situação de Roosevelt, assumindo em 1933 e Obama, agora no dia 20. Só que Obama não tem nenhum New Deal salvador.

Gostaríamos que tivesse. Mas como agora se completam 20 anos que Naji Nahas e Mendonça de Barros destruíram a Bolsa do Rio, ganhando fortunas e provocando enormes prejuízos e falências, mostremos: AS BOLSAS CONTINUAM VULNERÁVEIS. 20 anos não é um apelo muito grande à memória, já que fui o único a denunciar tudo, a mostrar quem eram esses aventureiros, Nahas e Mendonça de Barros.

O estrondo foi inimaginável para quem não viveu a época. O mínimo que aconteceu: a Bolsa do Rio acabou, a Bovespa ficou sozinha. O Superintendente da Polícia Federal, (o hoje senador reeleito, Romeu Tuma) retumbou: “Todos os manipuladores, começando por Nahas e Mendonça de Barros serão indiciados e entregues à Justiça”.

Lógico, não aconteceu nada. Mendonça de Barros foi ministro de FHC, demitido de corpo presente, depois de um discurso típico de Pedro Simon: carinhoso, caprichoso, sem nada de violência, mas terminando arrasador. Nahas foi preso agora, 20 anos depois.

Nahas e Mendonça de Barros devem à comunidade esses 20 anos de liberdade. No governo FHC, Mendonça de Barros fundou uma corretora (no nome dos filhos) e todos os negócios do governo passavam por essa corretora.

O mesmo jogador de sempre. Só que nunca foi “flagrado”. Nahas, que se livrou da companhia cúmplice de Mendonça de Barros, não se livrou da ligação com Daniel Dantas. Que República.

Falaram logo numa CPI, não houve. Nahas e Mendonça de Barros eram poderosos, ganharam fortunas, podiam distribuir um pouco para muitos.

Tudo ficou sendo investigado numa Comissão de Fiscalização da Câmara e na Superintendência da Polícia Federal. Já se sabia que este repórter iria depor nesses dois órgãos. Depois desses depoimentos, só haveria a conclusão. Pois eu possuía o conhecimento dos fatos, dominava o assunto.

Só que o medo era muito grande, eliminaram meus dois depoimentos, fiquei completamente isolado. Os acusados eram importantíssimos. Além de Nahas e Mendonça, de memória, posso ir lembrando os envolvidos.

Rocha Azevedo, (presidente da Bovespa), Sergio Barcelos, Alfredo Grunser, Pedro Salgado, Artur Falk (depois Desfalque), Luiz Afonso Otero, os diretores e presidentes do Banco Central, da CVM, e de uma porção de bancos importantes, todos cúmplices, coniventes, concorrentes na “fabricação” dos lucros.

Dirce Quadros, (filha de Jânio) deputada, da tribuna da Câmara, perguntava: “Por que o senhor Pedro Conde dono do BCN e da Corretora Sistema, não responde ao jornalista Helio Fernandes?”

PS – Como podia responder se fiz uma radiografia completa de suas empresas e de seus lucros fraudulentos? Coloquei seus negócios numa ressonância magnética, uma espécie de túnel do tempo.

PS 2 – Cansado de não “poder responder”, um dia Conde fez matéria paga em vários jornais, avisando: “Não respondo a coisa alguma, para mim as acusações estão encerradas”. Ha! Ha! Ha!

PS 3 – Volto ao assunto para cumprimentar a todos esses aventureiros impunes e imunes, pelos 20 anos de liberdade. Pode ser que se lembrem do tempo que passou. Mas para a minha memória parece que foi ontem.
Fonte: Tribuna da Imprensa.

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