Não nos esqueçamos que Obama escolheu como seu chefe de gabinete, um judeu cujo pai apoia os setores mais radicais do governo israelense.
Carlos Dória.
Barack Obama tem sofrido críticas por evitar comentários sobre crise no Oriente Médio. Para ele, a vez ainda é de Bush.
Rosane Santana
De Boston (EUA)
Foram necessárias mais de 600 mortes de civis na Faixa de Gaza, pelo menos 40 delas em uma escola da ONU, e a destruição de uma importante universidade local, para que o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, rompesse o silêncio sobre os conflitos naquela região, onde o governo israelense, contra a decisão da Suprema Corte daquele país, continua proibindo o acesso de jornalistas estrangeiros - fundamental para coibir os abusos aos direitos humanos - e promove um verdadeiro massacre, segundo mensagens enviadas através de Internet para todo o mundo. Obama, que foi eleito com a promessa de mudanças na política externa norte-americana, limitou-se a dizer que "a perda de civis em Gaza e Israel são uma fonte de preocupação".
Estranho, muito estranho, o longo silêncio do presidente eleito dos Estados Unidos, sob a alegação de que só há um presidente de cada vez, dando a entender que a vez ainda é de George W. Bush. Enquanto isso, Obama se debruça sobre negociações no Congresso para aprovação de medidas que minorem a crise econômica.
Ora, se esse argumento vale para o conflito no Oriente Medio é natural que valesse também para o plano econômico, mas, o midiático presidente americano esgueira-se de problemas, como nos tempos em que passava batido pelas votações no Congresso. Segundo assessores, para possibilitar acordos sobre pontos dos quais discordava (o que não dá para entender). Ou, por despreparo mesmo, como acusam os adversários e parece mais provável.
Pode-se arguir, em defesa de Obama, que são muitos os problemas e que um presidente deve tratá-los um de cada vez. Mas o próprio Obama defendeu que um presidente deve estar preparado para administrar vários problemas ao mesmo tempo, quando no mês de outubro do ano passado, o seu rival John McCain sugeriu um break na campanha para discutir a aprovação do bailout no Congresso, proposta inicialmente recusada pelo democrata.
A batata quente passará às mãos da futura Secretária de Estado, Hillary Clinton, já que a atual, Condolleeza Rice, tentou administrar o conflito via telefone, segundo o editorial do The New York Times, "Incursion Into Gaza", publicado esta semana, enquanto o presidente da França Nicolas Sarkozy, seguia peregrinação por países da região, empenhando em um cessar-fogo. Provavelmente, Condolleeza, ao contrário de Obama, acha que, a essa altura dos acontecimentos, no apagar das luzes de um governo impopular, são praticamente nulas as chances de fechar acordo nesse sentido.
A vez então seria de Obama e não mais de Bush. Por esse raciocínio, mais lógico, afinal, caberia ao Mr. Obama, como o chama The New York Times, um aceno mínimo que fosse para abrandar os ânimos naquela região. Mas, Mr. Obama parece estar mais preocupado com os números do desemprego no último ano, que devem ficar em torno de 2,5 milhões, conforme dados que serão divulgados, ainda esta semana, pelo Departamento do Trabalho.
O The New York Times diz esperar que "Mr. Obama e o team dele estejam preparados para enfrentar até mesmo esta crise imediata e que eles (Obama e o teamwork) estejam trabalhando sobre uma ampla estratégia para a região". Se já estão, por que não anunciar, como o fizeram em relação ao plano anti-crise que promete investimentos de US$ 800 bilhões em infra-estrutura, embora cercado pelo ceticismo de especialistas quanto a eficácia para recuperação ou manutenção de empregos, no curto prazo, e quanto à fonte de recursos para implementá-lo?
A crise no Oriente Médio não é uma novidade para os Estados Unidos, que justifique a ausência de estudos ou estratégias para combatê-la. É, antes, um velho problema da política externa americana para o qual Mr. Obama parece não ter nada de novo a acrescentar "provável motivo de sua mudez -, além do que anteriormente colocou de forma concreta e já vinha sendo planejado há dois anos pela Casa Branca, entenda-se George W. Bush: a formação de um guarda-chuva nuclear para proteger Israel contra as investidas daquele que é apontado como o mandatário do grupo terrorista Hamas, o Irã. Tal medida, como anteriormente colocado, deverá acarretar o aumento do anti-americanismo na região, estimulando, consequentemente, as ações terroristas contra os EUA e seus aliados.
A investida de Israel para fazer calar o Hamas, no curto prazo, é "altamente improvável que alcance sucesso", como salientou o Times. Ao contrário, analisa o periódico em editorial, pode fomentar o crescimento da popularidade do grupo terrorista entre seus partidários, o que seria um tiro no pé na chamada "Guerra contra o Terror", de George W. Bush, que Obama dará prosseguimento, pois do seu sucesso dependerá a manutenção da liderança americana no mundo, segundo especialistas. Contribui ainda para aumentar o clima de instabilidade regional e torna mais difíceis as negociacões do futuro governo em favor de um acordo de paz, depois de sua posse em 20 de janeiro.
Esses argumentos seriam suficientes para uma manifestação do presidente eleito, que vá além da retórica vazia.
Fonte: Terra Magazine.
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