Pesquisa realizada por David Stuckler e Lawrence King, da Universidade de Cambridge, e Martin McKee, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, conseguiu comprovar que a “terapia (econômica) de choque”, com privatização em massa a toque de caixa aplicada no ex-bloco soviético, na primeira metade da década de 90, foi responsável pela morte prematura de um milhão de pessoas.
O estudo, publicado na Inglaterra numa revista de medicina chamada “Lancet”, analisou a causa mortis de três milhões de homens em idade economicamente ativa em todos os ex-países comunistas na Europa Oriental, e sugere que pelo menos um terço desse total foi vítima da privatização em massa, que produziu desemprego generalizado e ruptura do tecido social.
Este trabalho vem se somar à crescente número de pesquisas comprovando que o grau de transição econômica produziu sofrimento generalizado devido a mortes e doenças físicas e mentais. Segundo a reportagem do jornal Financial Times, de Londres, os pesquisadores atacaram duramente o legado de Jeffrey Sachs, economista norte-americano que à época defendeu o tal “choque de Estado Mínimo”.
O professor McKee enfatizou que a morte por alcoolismo foi a mais importante explicação imediata para o surto nas mortes, mas também contribuíram a dieta pobre e o desnível cada vez maior entre os sistemas de saúde ocidental e comunista a partir da década de 60. Entretanto, segundo o jornal, o professor disse que demissões de pessoal, especialmente entre pessoas com menor escolaridade e sem assistência social, foram um dos principais motivos. Um comentário escrito por Martin Bobak e Michael Marmot, do University College of London, publicado na própria “Lancet”, adverte que a pesquisa foi de difícil viabilização, pela heterogeneidade dos países.
De Brasília,
Pedro Oliveira/Site O Vermelho.
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