Raul Longo.
A fonte que utilizo para o título deste artigo é a Bauhaus que leva o nome da escola alemã que promoveu o movimento modernista no design, artes plásticas e arquitetura germânica.
A escola Bauhaus foi fundada em 1919 e extinta em 1933 porque os nazistas a entenderam como anti-germânica, em virtude de alguns de seus integrantes serem russos, outros hebreus, e muitos dos alemães que ali professavam serem marxistas.
Karl Marx também era descendente de hebreus. Karl Marx teve como principal colaborador a Friedrich Engels que não descendia de hebreus e era filho de rico industrial alemão, mas como comunista foi igualmente proscrito pelos nazistas.
Os nazistas entendem os comunistas como partidários dos fracassados, pois compreendem uma humanidade dividida entre os de raça superior, destinados ao sucesso; e o resto, destinado ao fracasso. E assim explicam a razão da existência dos excluídos sociais.
A essa concepção milenar -- herdada, entre outros, do conceito de castas da Índia (+- 850 a.C), onde os “Intocáveis” ou “Párias” são considerados excluídos da sociedade -- impossibilitasse a compreensão do processo dialético de análise das realidades humanas proposto por outro Friedrich, igualmente alemão: Hegel.
Hegel não descendia de hebreus, mas foi influenciado por Baruch Spinoza, este sim filho de judeus e proscrito pela religião de seus familiares e patrícios que tampouco puderam assimilar o racionalismo daquele que ainda hoje é considerado a mais alta expressão da lógica cartesiana.
Ilógicos, os nazistas se notabilizam como de períodos pré ou anti-cartesianos, o que explica a acirrada e irracional repressão ao movimento Bauhaus que após o expurgo da Alemanha de Hitler, emigra para outros centros com profundo impacto em demais países europeus, nos Estados Unidos e, sobretudo, na Cidade Branca de Tel Aviv, considerada um dos maiores espólios do mundo da arquitetura germano-comunista de Bauhaus.
Mas a razão de ter usado a fonte bauhaus (que espero que se reproduza nos monitores de todos que recebam esse artigo), é por homenagem aos Platz, um casal de amigos alemães que me são muito caros.
Sempre discutimos bastante quando em nossas conversas se interpõem questões como socialismo ou comunismo, pois apesar da percepção lógica que lhes aponta o socialismo como um caminho de evolução da humanidade, ficaram traumatizados com o governo soviético sobre a parte de Berlim onde se criou a mulher deste meu casal de amigos. Trauma muito compreensível pelas experiências que viveram, essa contradição muito os confunde.
Têm me sido difícil tentar convencê-los de que entre a ditadura soviética imposta desde Stálin no leste europeu, Rússia e Alemanha inclusive, e o verdadeiro socialismo tal qual concebido por Marx, Engels e demais teóricos do sistema, há uma enorme distância.
Quem estuda qualquer cursinho de comunicações aprende que é muito fácil se criar um conceito por mais falho e absurdo. Mas extremamente difícil se reverter o trauma provocado pela mentira, o engodo, a falsidade.
Um exemplo disto encontrei em outra conversa de anos atrás com esses mesmos amigos, entre uma mesa de diversas pessoas onde o único não-germânico era eu. Israel promovia então mais um de seus ataques aos povos vizinhos e reclamei dos sionistas acusando-os de nazistas. O silêncio e a mágoa nos olhares que todos me dirigiram foi constrangedor, e me vi obrigado a explicar que jamais julgaria um povo pelo sistema que lhe é imposto ou ao qual é enganosamente induzido a apoiar.
Então foi a vez de eles me explicarem que eu é que estava enganado, pois o que lhes chocara não fora a alusão ao nazismo, mas sim a crítica ao sionismo que entendiam como um preconceito anti-semita. Tive de expor que a apropriação do designativo ético era indevida, pois tanto é anti-semita um ataque árabe aos israelenses, que são semitas mesmo que miscigenados a tantas etnias através de milenar peregrinação por todo o mundo; quanto um ataque israelita aos árabes, igualmente tão quanto semitas, apenas com menor miscigenação.
Tive de retornar à história e lembrar que a diáspora hebréia não fora total nem absoluta, e muito daqueles hebreus que permaneceram na Palestina, evidentemente assimilaram a religião dos com quem conviveram por tantos séculos sob o mesmo idioma e ambiente. Até mesmo pela identificação entre as religiões que apenas se diferem por um ou outro culto e preceito, mas exatamente com os mesmos mitos, crenças e personagens. Afinal, se tantos palestinos (hoje 40%) se converteram ao cristianismo, porque palestinos hebreus não teriam adotado o profeta Maomé? E expus que minha revolta não era contra os hebreus ou a religião judaica, mas sim contra o sionismo que desde seu princípio se fundamentou em princípios nazistas. Afinal, qual a diferença entre a concepção de reservas de direito de domínio e extermínio de outros por se considerar raça superior, ou povo escolhido de Deus, ou por entender seus semelhantes como inferiores ou fracassados?
Se dê a esses princípios o nome que queira, não esconderão jamais uma involução à sociopatia e incapacidade de adaptação à condição de integrante ao conjunto chamado de humanidade.
Os alemães entenderam minha explicação, mas revelaram que em seu país jamais alguém teria coragem de assumir uma crítica a qualquer instituição judaica como a que eu ali proferira.
Por minha vez, também pude entender e lamentar os sentimentos traumatizados pela omissão de seus recentes antepassados aos crimes cometidos pela ditadura que dominou aquela nação nas décadas de 30 e 40 do século passado. Sempre tive amigos alemães e profunda admiração por seus poetas, escritores, músicos, filósofos, cientistas, cineastas. Me dói profundamente brincadeiras de brasileiros que canhestramente se põem a fazer exaltações caricatas e gritar saudações de péssima memória, estupidamente querendo obter algum humor duvidoso.
Na maioria das vezes por ingênua ignorância da história, eu sei. Mas posso perceber quanto arde dentro de meus amigos alemães este estigma, e a mágoa que devotam aos seus avós pelo silêncio e omissão aos extermínios de judeus e ciganos durante o regime nazista.
Mas reconheço e confesso agora que não utilizei a fonte Bauhaus somente em homenagem aos meus amigos alemães, que de forma tão constrita e dolorosa se vêem obrigados a conviver com o peso da desonra de seus avós terem se deixado dominar e enganar por políticos sequiosos que utilizam de mentiras repetidas mil vezes para condicionar falsos conceitos de superioridades raciais ou privilégios divinos. Utilizei a fonte bauhaus também em homenagem aos meus amigos hebreus, religiosos ou não, mas igualmente admiráveis e brilhantes como foi Spinoza, Marx, Freud, Einsten e tantos outros que procuraram promover a evolução humana, mesmo quando perseguidos pelos incapazes de superar a barbárie e compreender que nela se impossibilita a sobrevivência de toda a espécie, e não apenas a deste ou daquele grupo étnico ou religioso.
Homenageio, sim, meus amigos alemães, reportando-me ao muito que ontem, em nossa conversa, lamentaram as futuras gerações de hebreus como próximas vítimas do genocídio do gueto de Gaza. Tristes gerações que, pela imprevidência e omissão de seus pais, terão de arcar com o opóbrio já sofrido por seus avós, pois ainda mais lamentável é a previsibilidade do recrudescimento de preconceitos àquele povo que já se inicia em todo o mundo.
Injustificáveis preconceitos que nas últimas décadas muito se arrefeceram e, enfim, se diluíam após tantas gerações de infortúnios. Infelizmente, pela falta de percepção da lógica da evolução, mais uma involução promovida pela ilógica de nazistas, inquisidores, sionistas e fundamentalistas em geral, trazendo de volta um obscuro e infundado sentimento promovido pelas igrejas cristãs no decorrer dos séculos em que os judeus erraram pela Europa e o mundo.
Não sei se essa foi a pretensão do Hamas com seus foguetes caseiros, mas venceram. Com o genocídio do Gueto de Gaza os sionistas causam mais prejuízos aos inocentes das futuras gerações do povo hebreu, do que uma explosão atômica poderia provocar entre as cidades da Palestina ocupada por um estado tão espúrio quanto o que dominou a Alemanha após a guerra.
Quanto ainda terá de crescer as pernas dos judeus, para errar em fuga da vergonha sionista?
Raul Longo
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