domingo, 11 de janeiro de 2009

MÍDIA - Portal da Globo esconde notícia ruim para Israel.

Rodrigo Vianna

Israel é um Estado fora da lei. Não sou eu que estou dizendo. Quem afirma é Richard Falk, relator especial da ONU para a Situação dos Direitos Humanos nos Territórios Palestinos.

Durante entrevista coletiva nesta quarta-feira, em São Paulo, Falk acusou Israel de violar a Convenção de Genebra. E disse que não há precedentes, na história moderna das guerras, de um Estado impedir que a população civil se desloque para evitar os combates. Israel impede os palestinos de sair de Gaza.

A declaração de Falk, evidentemente, virou manchete. Terra e UOL deram com destaque. Mas, estranhamente, o G1 “escondeu” a notícia. O portal das Organizações (!) Globo, pouco depois das 20 horas desta quarta-feira, preferia destacar: “ONG judaica acusa PT de anti-semitismo”.

No G1, o texto sobre o relator da ONU aparecia lá embaixo no menu, e com uma manchete estranha: “Lançamento de foguetes do Hamas cria desculpa pra Israel”, diz relator da ONU. A frase de Falk, acusando Israel de atentar contra as leis internacionais, parece não ter agradado muito a turma da Globo. Então, está resolvido: tira da manchete, esconde.

Isso me lembra um outro episódio, que testemunhei há 3 anos: quando era repórter da TV Globo, fui cobrir a coletiva - em São Paulo - de um enviado da ONU para assuntos de racismo. Ele dizia estranhar o discurso de autoridades brasileiras, que ainda defendiam a tese de que no Brasil existia a “democracia racial”. Para o representante da ONU, era evidente que havia racismo no Brasil. Fiz a matéria contando isso, mas os chefes lá na Globo não gostaram muito. Não deixaram a matéria entrar no Jornal Nacional.

Agora, será que o G1 (portal da Globo) quer fazer o mesmo com o caso de Israel?

O G1 acha que engana a quem?

Israel contraria as convenções internacionais. Israel massacra a população civil. Israel é hoje, infelizmente, um Estado fora-da-lei.

Mas, quem constata isso vira logo “anti-semita” – como a ONG judaica afirmou sobre o PT. O Centro Simon Weishental não gostou da nota emitida pelo Partido dos Trabalhadores classificando a invasão de Gaza como um ato nazista. Ficaram ofendidos? Mantenham a calma: no Brasil há grupos de comunicação dispostos a divulgar a versão que interessa a vocês, viu?

Durante anos, a parceria de Israel com os Estados Unidos e a proximidade de Israel com importantes corporações de mídia pareciam garantir coberturas escandalosamente pró-israelenses nos conflitos com os árabes.

Israel ainda tem muitos amigos no Ocidente, gente disposta - na grande mídia - a torcer a verdade em nome da defesa dos interesses israelenses mais canhestros. No Brasil, a turma de Ratzinger está aí pra isso mesmo!

Mas, meus amigos, dessa vez a casa caiu. O massacre é cometido a olhos nus. Crianças palestinas são mortas dentro das escolas. A justificativa dessas ONGs que fazem “lobby” pró-Israel é de que Israel é uma democracia cercada por regimes bárbaros e assassinos. Isso não cola, afinal de que serve uma democracia que massacra crianças na escola?

O G1 e os amigos de Israel pelo mundo podem dizer o que quiserem. Israel, hoje, é um Estado fora-da-lei. Seus dirigentes deviam ser julgados em tribunais internacionais. E, agora, sou eu também que estou dizendo.
Fonte: Blog do Rodrigo Vianna.

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