O caso Amplus e a terceirização da saúde
A Folha de hoje traz reportagem sobre um aparelho médico, o único equipamento de ressonância magnética da rede municipal, encostado há três anos porque não foi feita a obra necessária para abrigá-la. Na mesma página, nota informando que o Tribunal de Contas do Município julgou o contrato irregular em junho do ano passado.
É um bom tema para se analisar os limites da terceirização de serviços públicos – que, em princípio apoio, mas que dá margem a muita operação nebulosa.
Vamos a um histórico de documentos levantados na web e no Diário Oficial (clique aqui para ir ao Google Notebooks conferir):
Documento 1 – a matéria da Folha sobre o aparelho médico que está encostado há três anos.
Documento 2 – Secretaria nega falta de assistência e culpa “ complexidade” por problema.
No Diário Oficial do Município, é possível juntar algumas informações sobre as causas desse problema: para abrigar um aparelho de R$ 10 milhões (há três anos parados) bastaria uma ampliação da sala que custaria R$ 180 mil.
Documento 3 – Matéria de 28 de maio de 2007 do Diário de São Paulo, informando que o problema era antigo. Segundo a matéria, havia uma fila de 3 mil pessoas aguardando a instalação do tal aparelho de ressonância magnética.
E surgem as primeiras informações sobre o valor do contrato:
“Os R$ 108 milhões do compromisso com a empresa seriam suficientes para bancar a implantação de mais de 200 unidades de Atendimento Médico Ambulatorial, as AMAs, uma das bandeiras da gestão do prefeito Gilberto Kassab (DEM)”.
“Nas 80 páginas do documento da corregedoria, nomeada pela própria administração municipal, são relatadas irregularidades no compromisso para diagnóstico por imagem e no de exames laboratoriais. Há falhas na elaboração do modelo escolhido para a contratação e uma lista de obrigações não cumpridas”.
Documento 4 – matéria de O Globo, repercutindo o Diário de São Paulo, na qual a Secretaria da Saúde do município defende a Amplus. Diz que falta apenas algumas obras no hospital. Pela matéria se fica sabendo que a empresa tinha sido fundada em 1999 (portanto, tinha apenas 6 anos de vida quando o contrato foi assinado) e sua experiência anterior, com prestação de serviços a municípios, se restringia aos municípios de Guarujá e São Vicente.
Documento 5 - volta-se a uma nota na edição de hoje da Folha, informando que, no ano passado, o contrato foi considerado irregular pelo Tribunal de Contas de São Paulo. Apesar do valor considerável – R$ 108 milhões por três anos – não houve licitação. A assinatura se deu ainda na gestão José Serra na prefeitura.
Documento 6 – discussões na Câmara, publicadas pelo Diário Oficial, sobre uma proposta de CPI da Amplus.
Documento 7 – notícia de 12 de novembro de 2008, do jornal A Tribuna, de Guarujá, informando que a Associação Santamarense de Beneficência quer rescindir o contrato de terceirização da tomografia com a Amplus devido “às péssimas condições de serviço prestadas”.
Finalmente, aqui, nota no Diário Oficial de 11 de agosto de 2008 informando do cancelamento frequente de exames pela Amplus, por falta de médicos.
Por Luis Armidoro
Nassif:
Implantamos aparelhos de ressonancia magnetica (seguindo as recomendações do fabricante - SIEMENS - para adequação do espaço fisico) em dois hospitais da rede pública por R$ 80.000,00 cada adequação. É de uma simplicidade assustadora a adequação:
1 - realmente, não pode haver elementos metálicos no interior da sala onde está instalado o aparelho. Basta blindar toda a instalação.
2 - Eu não me recordo de qual foi a isolação exigida para as paredes (posso levantar isto), mas acho que foi barita (um composto que é adicionado à argamassa de revestimento, que possui densidade elevada.
3 - O piso não pode possuir saliencias ou declividades exageradas, pois o equipamento desliza sobre um trilho (pode provocar interferencias). Além disto, o piso deve possuir aterramento especial.
Qual a “complexidade” disto? Uma sala de tomógrafo possui 30 m² para o aparelho e uma cabine de comando com mais uns 6 m². Você leva três anos para fazer uma reforma ordinária destas num espaço assim ordinário?
E Nassif, a terceirização de Saúde não funciona (apesar de vc concordar com ela, mas você deu esta opinião de mal-humor porque seu time apanhou ontem). Veja (êta palavrinha feia) os exemplos:
1 - O troço que o Maluf fez na Prefeitura (esqueci o nome daquilo)
2 - As “OS” que os tucanos inventaram. Há um monte de hospital que é tocado por faculdade de medicina, recebem uma grana pública, não prestam contam, e não têm pronto-socorro (porta de entrada no sistema). Sem PS, é fácil administrar, porque você acaba com a fila na sua porta.
Fonte:Luis Nassif on line
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