quinta-feira, 7 de maio de 2009

REFLEXÕES DE FIDEL - Uma pergunta sem resposta.

O nosso mundo não só é ameaçado pelas crises econômicas cíclicas cada vez mais graves e frequentes. O desemprego, a ruína e as perdas fabulosas de bens e riquezas, são companheiros inseparáveis das leis cegas do mercado que regem hoje a economia mundial. O neoliberalismo proscreve toda ingerência do Estado como elemento perturbador da economia, como se pudesse existir ordem interior, exército, saúde, educação, cultura, ciência, tribunais, juízes e muitas outras actividades sem o Estado e suas leis.

É claro, este, com seu rigor e força coercitiva, estorvava os que como Marx, Lênin e outros teóricos viam nele um instrumento dos exploradores para impor o odioso sistema capitalista, e conceberam a ideia de torná-lo um instrumento da Revolução na etapa de transição para uma sociedade completamente nova.

Colonialistas, capitalistas e imperialistas criaram seus códigos de conduta e impuseram seus valores. Falam de liberdade, democracia, direitos humanos, etc. Nos Estados Unidos, após sua fundação, milhões de seres humanos continuaram trabalhando como escravos, aos quais, o criador não tinha concedido nenhum direito como estabelecia a Declaração da Filadélfia. Durante quase 100 anos, foram mercadorias que eram compradas e vendidas no mercado, e durante outros 100 anos depois da guerra civil, sofreram atroz discriminação e marginalização. Hoje, ainda constituem, junto aos indígenas e aos latino-americanos, os cidadãos mais pobres que enchem os cárceres estadunidenses e realizam os trabalhos mais duros e pior remunerados.

Não é mencionado o fato de que bilhões de pessoas no mundo sofrem ignorância, desemprego, subdesenvolvimento, doenças que reduzem suas vidas a dois terços ou à metade, e às vezes menos, do que a que desfrutam os países ricos.

Aos velhos problemas acrescentam-se outros, como o tráfico de entorpecentes, o crime organizado, o roubo de cérebros e a emigração ilegal. Até as mentes dos seres humanos tentam submetê-las através da mídia e das técnicas mais modernas da chamada indústria do lazer.

Sobre que sustentam essa ordem? Sobre a riqueza e a força. Para isso, dispõem de todo o dinheiro do mundo e dos meios militares mais sofisticados. Além disso, são os maiores produtores e exportadores de armas, que não implicam ameaça alguma para sua hegemonia mundial, mas alimentam as guerras locais, os lucros das multinacionais e a dependência de seus aliados.

Imprimem as divisas requeridas pelo comércio internacional em quantidades ilimitadas, com elas, adquirem propriedades para suas multinacionais, recursos naturais, e os frutos do suor dos povos, para sustentar as sociedades de consumo e esbanjamento criadas por eles.

Além disso, os Estados Unidos mantêm controle monopólico sobre os organismos internacionais de crédito e investimento.

Quando estas inquietações estão presentes nas mentes de muitos milhões de pessoas no mundo, que não se deixam enganar pelas mentiras proclamadas, chegam constantemente notícias sobre outras realidades.

Por exemplo: em 2004, último ano que consta nas estatísticas, as multinacionais norte-americanas obtiveram no exterior lucros no valor de US$700 bilhões, pelas quais pagaram apenas ao fisco norte-americano US$16 bilhões por descontos, os quais outorgam privilégios especiais às empresas norte-americanas que investiram noutro país, que são lesivas para aquelas que o fazem nos próprios Estados Unidos, criando ali empregos. A simples ideia da atual administração de reduzir esse privilégio provocou o protesto de importantes organizações empresariais dos Estados Unidos, cujo poder econômico e político ninguém discute.

Inclusive, poderia ser um entretenimento válido reunir inúmeras notícias nacionais e internacionais que refletem os privilégios nacionais que esse país impôs ao mundo. Há políticos dentro e fora dos Estados Unidos que se injuriam se alguém se atreve a qualificá-los deimpério, como se existisse alguma outra palavra que faça uma melhor definição deles.

A outra face da moeda é ainda pior. Nalgumas ocasiões, se fez referência às sete frotas com que os Estados Unidos impõem ao mundo sua potência militar, apoiados em mais de 800 bases militares espalhadas pelo planeta. Guantánamo, cujos cárceres e torturas impressionaram a opinião pública mundial, é só uma das centenas de bases que possuem.

Talvez as pessoas possam ter uma ideia do poder militar com que a superpotência apoia o sistema econômico e social imposto à humanidade mencionando alguns dados divulgados recentemente pela imprensa especializada.

O poder militar estadunidense apoia-se em seu arsenal nuclear.

Possui 534 mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) Minuteman III e Peacekeeper, 432 de lançamento submarino (SLBM) Trident C-4 e D-5, instalados em 17 submarinos do tipo Ohio, e ao redor de 200 aviões bombardeiros nucleares de longo alcance que podem ser abastecidos no ar, entre os quais, 16 invisíveis B-2. Os mísseis são portadores de várias ogivas. O número de cabeças nucleares desdobradas oscila entre 5 mil e 10 mil. Suas Forças Armadas dispõem de mais de 2 milhões de homens. A isto acrescentam-se centenas de satélites de uso militar e nas comunicações, que fazem parte do escudo espacial e dos meios para serem utilizados na guerra electromagnética.

A Rússia, a outra grande potência nuclear, foi cercada por armas nucleares ofensivas.

Quase não seria necessário acrescentar mais uma palavra, exceto, talvez, para lembrar que, graças ao monopólio do dinheiro e dos recursos naturais, os Estados Unidos anunciaram ontem por meio da pessoa do comandante da ciberguerra para o Pentágono, que esse país "está decidido a chefiar o esforço global para usar a tecnologia de computadores a fim de dissuadir ou vencer os inimigos, ao passo que protege os direitos constitucionais da população". A notícia foi divulgada pela principal agência norte-americana de notícias AP.

Quanta segurança as pessoas podem ter no mundo de hoje? É uma pergunta sem resposta!
Fonte:Granma

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