sábado, 2 de maio de 2009

A VINGANÇA DA MÃE NATURA

Copiado do Blog Óleo do Diabo.

Reproduzo abaixo um texto que recebi por email, e que diz exatamente o que eu pretendia sobre essa crise suína. É interessante (e assustador) ver como a natureza vem pressionando o homem a mudar seus hábitos. Acrescentaria ao texto abaixo que, na ânsia de alcançar produtividades recordes, os empresários estão destruindo o sistema imunológico dos animais, que se tornam, portanto, perigosíssimos criadouros de vírus e bactérias. Aconteceu com as vacas, com os francos e agora com os porcos. O custo disso será cada vez mais alto, até que a sociedade perceba que é mais fácil, barato e seguro, produzir seus alimentos em condições ecologicamente corretas.

http://www.anda.jor.br/colunaDetalhe.php?idColuna=372

Não, não vou falar de gripe suína.

Marcio Bueno

Vou ter o prazer de não falar sobre gripe suína. Vou me abster de debater o assunto da moda, o tema das rodinhas que se formam à saída dos restaurantes, onde os grupinhos assopram seus cafezinhos e aguardam os colegas de trabalho que ainda não pagaram seus almoços. Vou fugir da pauta de todos os veículos que embaralham 'OMS', 'gripe suína', 'porcos', 'influenza', 'suspeita' e 'novos casos' em suas manchetes, ao lado das notícias sobre futebol e a foto de alguma beldade com novo namorado a tiracolo, ou vice-versa.

Vou manter silêncio hermético sobre uma questão que gerou reações tão díspares como a mudança do nome da doença - alguém aí se lembrou daquela piada do corno que tirou o sofá da sala? - e o corre-corre de parlamentares da bancada pecuarista, suando frio durante as entrevistas para não fazer feio nem desagradar quem lhe marca o lombo com ferro em brasa de quatro em quatro anos.

Não vou dizer nada sobre uma prática econômica que gera toneladas de cocô líquido e incrivelmente fedido para cada salaminho delicioso servido nos coquetéis de lançamentos de livros, exposições de artes e noites de confrarias, com médicos e empresários bem-sucedidos, e esposas com permanente no cabelo.

Não vou tecer comentários sobre o ato de roubar a liberdade, forçar a procriação e enjaular durante toda a vida animais sencientes como os porcos, confiná-los no concreto e metal, sem ar fresco, terra, lama, chuva ou Sol, fazê-los inchar - o termo é 'produtividade', nas publicações paga-pau do setor - e então enviá-los para o abatedouro, local que apropriadamente não possui janelas.

Não vou palpitar a respeito da criação intensiva de um animal para satisfazer o capricho culinário de uma ínfima parcela da população, contaminando riachos próximos dos chamados chiqueirões, desperdiçando água na limpeza das instalações, consumindo energia, derrubando florestas para dar lugar às plantações para produzir ração.

Vou ignorar o fato de que um porco passa sua vida inteira sem poder se mexer muito, já que seu casco não foi feito para andar sobre o estrado, e no concreto não é possível fuçar, ato natural de sua espécie - alguns ainda ganham um 'piercing' no focinho, para que desistam de vez dessa atividade, pois incomoda.

Vou esquecer que as fêmeas vivem imobilizadas, pois durante o período de gestação as instalações servem para deixá-las paradas - o medo do suinocultor é que elas rolem por cima de algum filhote, o que significa menos lucro, e mais grades de ferro por precaução.

Não direi que, independente do especismo e da ausência de ética, basta uma visita a uma criação tradicional de suínos, seguida de uma inspirada funda, daquelas que enche bem os pulmões, para perceber que fazer daquilo o seu alimento, mais tarde, é roleta russa.

Não se preocupe. Palavra alguma.
Acesse oleododiabo.blogspot.com

2 comentários:

Remindo disse...

Acho esta história muito simplista e totalmente equivocada, pois o vírus da gripe suína é apenas uma evolução do vírus influenza. Os porcos capitalistas são apenas responsáveis por uma carne suína sem gosto. Ai, que saudade da carne do porquinho caipira.
Para alimentar uma humanidade de 6 ou mais bilhões de homens, só a criação intensiva de porcos, galinhas. Foi este tipo de criação que colocou a Lei de Malthus por terra. Aquela que dizia que a população humana cresce em Progressão Geométrica e as fontes de alimento crescem em Progressão Aritmética. A produção de alimentos foi a parte boa do capitalismo (claro, eles não estavam sendo bonzinhos, ganharam milhões com isto). Pessoal, não se preocupem com esta gripezinha. No Brasil temos é que nos preocupar com nossas doenças endêmicas, malária, leishmaniose, esquistossomose, febre amarela, dengue, tracoma, doença de chagas, peste, filariose e bócio.
Pessoal, vamos dar pau na parte ruim do capitalismo. Combinado.

marcio bueno disse...

Grato pela publicação. Um abraço.