quinta-feira, 8 de outubro de 2009

LULA, "QUIERES SER PRESIDENTE DE MEXICO?

Copiado do Blog "Brasil, mostra a tua cara".


No El País longa reportagem sobre as Olimpíadas de 2016.

Nos primeiros quatro parágrafos, a jornalista GABRIELA WARKENTIN escreve sobre os ataques sofridos pelos Obamas (marido e mulher) pela imprensa americana.

Depois, ela se volta para Lula.

Lula, porém,chorou. Felicidade, sentimento, dança, devoção, coração, paixão, lágrimas que ressaltam a humanidade. Frente à imagem fria de um Obama que busca a sede olímpica no discurso baseado no "eu", a exuberância de um Lula que pede a graça dos deuses do Olimpo para o povo e para o sul. Xadrez dos Titans que se expressa na tela da mídia. Contam que quando Boabdil (rei árabe) entregou as chaves de Granada aos reis de Castela, começou a chorar. Sua mãe, inclemente, disse: "chora, chora como uma mulher, já que você não pode defender (Granada) como um homem." Porque há lágrimas e lágrimas: a que demonstra virilidade - pelos padrões machistas, e as que demonstram dignidade. Em 2 de outubro, Lula chorou desta dimensão. Os meios fazem um líder, e a história que ele trata de contar começa a se formar.

Sabemos que a realidade por trás da decisão do COI é muito menos romântica do que os cenários que nos mostraram a mídia, e em que refletem nossos desejos e nossas fobias. Aqueles que procuraram a candidatura olímpica para 2016 fez sua lição de casa, lobby, gastaram grandes somas de dinheiro, e se submeteram ao jogo de muitos outros fatores que, em última análise, apontam para o sul da América Latina. Mas é sempre interessante, por isso, é esclarecedor, rever a forma como nos projetamos para a história que se desenrola diante de nós.

Minutos depois do resultado do COI, no México se dizia: "Se fôssemos como o Brasil, caralho!", "Que inveja!", "Esse sim é Presidente, e não "fregaderas"(não conheço a palavra). A imprensa local abriu espaços importantes para comparar o México com o Brasil, sempre em detrimento do primeiro, é claro. Opinaram todos: líderes políticos, empresários, acadêmicos; ah sim, desportistas e outros. A constante: o que o México poderá ser e que o Brasil já é. Lideranças foram comparadas, confrontaram projetos. As redes social ao vivo; DJNaquito Cumbia circulou lá, "Cumbia (??) Rio de Janeiro ", no Twitter começou a chamada: "E se convidamos Lula para vir ser presidente do México?". Não lhes conto a resposta, basta que usemos a imaginação. Sem dizer, pois a diversão e crítica, nós estávamos pensando nas histórias que dizem: a de Lula e a nossa.

A realidade se impõe. Tóquio, Madri, Chicago, Rio de Janeiro volta à rotina. O Brasil responderá no devido momento às grandes expectativas, Obama continua a sua luta pela reforma da saúde e à agenda pendente. Mas este 2 de outubro, e os dias subseqüentes, nos mostrou, a partir dessa luta titânica, ampliada pelos meios de comunicação, que há algumas histórias que hoje estão se movendo no mundo, e alguns personagens que as interpretam, tornando mais visível o horizonte. No lamento e na euforia os líderes são formados, mas também na sua ausência.

Então, Lula, te animas a ser presidente do México?"

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