Augusto da Fonseca
Como escrevi anteriormente, a Míriam sabe muito pouco sobre a questão ambiental e muito menos de métodos de monitoramento de evolução da cobertura vegetal de um país. Especialmente no que respeita ao monitoramento de desmatamento na Amazônia.
Eu já trabalhei com sensoriamento remoto, em todo o Brasil, e passarei para ela algumas informações que ela precisa saber antes de dar lição de moral ao governo Lula.
Em primeiro lugar, a Amazônia está coberta por nuvens, durante grande parte do ano, o que torna a tarefa de monitoramento muito difícil. Somente um tipo de imagem é possível de ser capturada através das nuvens: a imagem de radar.
Daí que, na ditadura militar, foi realizado o Projeto Radambrasil, no período entre 1970 e 1985. Essas imagens foram capturadas num período específico e não têm atualização, única forma de monitorar com periodicidade a evolução da cobertura vegetal da Amazônia.
Os primeiros satélites norte-americano Landsat, lançados a partir de 1972 e até 1999 (Landsat 7), não conseguiram imagear a Amazônia, de forma adequada, por causa das nuvens que cobrem aquela região.
Os satélites franceses da Spot Image, a partir de 1985, revolucionaram a qualidade das imagens mas, ainda assim, havia e há uma dificuldade em conseguir um conjunto de imagens, no mesmo mês, sem cobertura ou com baixa cobertura de nuvens.
Esse pequeno problema tecnológico não permite que se tenha um monitoramento confiável para metas do tipo zero porcento de desmatamento, como quer a Senadora Marina Silva.
Ainda em relação à tecnologia para monitoramento da evolução da cobertura vegetal, é preciso saber como se determina a área com cobertura vegetal. As imagens de satélite, na banda de infra-vermelha, delimitam as áreas verdes, na coloração vermelha (imagem acima).
Os diversos tipos de vegetação (grama, arbustos, árvores) têm matizes vermelhos variados. É o que permite interpretar com precisão cada tipo de cobertura vegetal. Fora da Amazônia é muito fácil, mas na região em questão é complicado.
Na Amazônia ocorre um fenômeno - este ano foi um recorde histórico - em que os rios (Solimões, Negro, Amazonas, Tapajós e Madeira, entre outros) têm uma elevação acima de 15 m, máxima cheia em relação à máxima vazante. Como é uma região entre plana e levemente ondulada, os rios se espraiam, por quilômetros além da sua margem, aumentando muito a área molhada, o que resulta em interpretação de redução de área verde, na medida que estas são cobertas pela águas. O que pode falsear o resultado do monitoramento.
Então, dona Míriam, temos problemas a resolver, independentemente dos esforços que o Governo Federal estará propondo em Copenhage.
Seja como for, o esforço do governo brasileiro no combate ao desmatamento da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal está sendo muitas vezes maior do que o dos EUA, da Europa e da Ásia, para redução da emissão de CO2.
Registre isso no seu blog, por favor, em nome da coerência, já que vc agora é especialista em questões ambientais. E vc não estará falando nada de diferente do que já fala a comunidade internacional, exceto o Greenpeace, é claro.
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Postado por Augusto da Fonseca
Fonte:Blog FBI - Festival de Besteiras.
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