quarta-feira, 7 de outubro de 2009

SAÚDE - A corrida pelo elixir da longa vida.

A corrida pelo elixir da longa vida

Na corrida da ciência rumo à longevidade, a descoberta da "enzima da imortalidade" marca um ponto a favor dos pesquisadores. Um ponto efêmero em uma disputa que está perdida desde o começo – aquela contra o envelhecimento –, mas em que as surpresas positivas nunca faltaram, como comenta Jim Oeppen, da Universidade de Cambridge, na revista Science: "Nós todos acreditamos que o aumento da duração da vida está alcançando os seus limites, porém somos pontualmente desmentidos pela realidade. A expectativa de vida está crescendo de maneira constante há 160 anos, sem dar sinal de querer parar".

A reportagem é de Elena Dusi, publicada no jornal La Repubblica, 06-10-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Em 1928, os cientistas calculavam que a vida máxima do homem chegaria aos 65 anos. Em 1980, a ONU apresentou uma nova estimativa (80 anos), só para levá-la para 83 dez anos mais tarde e a 85 no ano 2000. Hoje, a expectativa de vida média de uma mulher japonesa (o país mais longevo do mundo) chegou aos 86 anos.

Os telômeros, com relação ao envelhecimento, explicam como funciona o quadro teoricamente. A resposta prática ao problema chega hoje pelos medicamentos, intervenções sobre os genes, dietas tão rígidas que beiram o jejum, suplementos alimentares em que a fronteira entre ciência e marketing é sutil.

A pesquisa sobre os telômeros nos explica que, quando uma célula se divide e o seu DNA se replica, os "capuzes" de proteção nas extremidades dos cromossomos tendem a se encurtar. E se a "enzima da imortalidade" (telomerase) não interviesse, o nosso genoma se destruiria no giro de poucas divisões celulares. "DNA destruído e envelhecimento são praticamente sinônimos", explica Pier Giuseppe Pelicci, diretor de pesquisa do Instituto Europeu de Oncologia (IFOM-LEO) e professor da Universidade de Milão.

"De um lado, os telômeros protegem o DNA e obstaculizam o envelhecimento", continua Pelicci. "De outro, porém, permitem que as células do câncer mantenham a sua capacidade de proliferar. Acredito que o setor de pesquisa que os telômeros mais contribuirão será justamente o da oncologia". Não é por acaso que dois medicamentos em experimentação hoje tentam atingir a telomerase justamente para curar os tumores da próstata e do pulmão.

"Existe um caminho para prolongar a vida, certamente. Já o demonstramos nos animais como os ratos e os símios. Os experimentos em humanos estão em curso", explica Luigi Fontana, pesquisador do Instituto Superior de Saúde, professor da Washington University e um dos maiores especialistas em restrição calórica: a dieta que, cortando em um terço as proteínas consumidas diariamente, reduz os seus voluntários a pele e osso, mas "anula completamente as doenças cardiovasculares, reduz as inflamações de todos os tecidos e elimina os tumores em mais da metade. Com um regime alimentar correto, não haverá problemas de se chegar aos 80-90 anos em boa saúde".

Para quem não quer nem ouvir falar em dieta, a medicina se prepara para apresentar os primeiros medicamentos que "imitam" os efeitos da restrição calórica nos genes, prometendo o prolongamento da vida, junto com alguns excessos. "Os investimentos nos EUA são enormes nesse setor", comenta Fontana. "É também o que estudamos em Milão nos nossos laboratórios", acrescenta Pelicci.

Pela primeira vez, um grupo de pesquisadores norte-americanos criou uma pílula capaz de prolongar a vida dos ratos de laboratório em 30%. É à base de rapamicina, uma substância encontrada no solo da Ilha de Páscoa, usada como imunossupressor depois dos transplantes. "É um medicamento com efeitos colaterais – diz Pelicci – e não pode ser usado diariamente. Mas demonstra que existem remédios capazes de prolongar a vida. Se a rapamicina não se adapta, dezenas de alternativas capazes de agir nos genes da longevidade, mas sem efeitos colaterais, estão sendo estudadas".

Pensava-se que o limite da vida de um homem estivesse escrito nos seus genes. E agora é justamente neles que os cientistas estão buscando intervir.
Fonte:IHU

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