Serra e José Dirceu: machos alfas
Sidney Rezende | Sidney Rezende | 23/01/2010 20:27
José Serra é profissional. Ele evitou sair candidato na eleição que Lula despachou Geraldo Alkmin. Antes de todos, o experiente político paulista teve a certeza que não se daria bem. Botou as fichas na derrota tucana. E acertou. Se disputasse aquele pleito, acumularia dois nocautes seguidos. Para Lula, o Palácio do Planalto. Para Serra, pijama.
Em outra eleição, esta para prefeitura, Serra defenestrou Alkmin e elegeu Kassab, que soube ser fiel até hoje. Tinha um amigão e continua com ele. Tudo por São Paulo. Tudo pelo projeto Serra presidente.
Serra esvaziou Aécio Neves dentro do próprio partido, limitou circulação de FHC, e tornou-se, ardilosamente, o macho alfa do PSDB. Seus pares abaixaram a cabeça na suposição que esta é a melhor saída eleitoral para oposição ao lulismo. Todas estas "vitórias" serristas não significam que ele ganhará sempre.
O veterano comentarista Carlos Chagas, por exemplo, considera uma bola fora os ataques de Sergio Guerra contra Dilma Rousseff. Eu também penso assim. E mais, Guerra está ajudando Dilma a se popularizar. Guerra tem um nome próprio, mas na batalha da planície nos últimos 20 anos quem está forjado é a esquerda, do PT, do Lula, do sindicalismo. E não a turma do punho de renda.
Além disso, a opção tucana chama para briga um outro profissional, no mesmo patamar de Serra: José Dirceu. O ideal é você ler o blog do ex-Chefe da Casa Civil. Mas resumirei o que Dirceu identifica como erros estratégicos do PSDB.
1) Os tucanos teriam apostado na crise internacional e que "2010 seria um ano de recessão e desemprego, cenário que não se confirmou";
2) "O segundo cenário era que Lula não ia transferir votos para Dilma Rousseff e o PT se dividiria, não construindo alianças e palanques regionais para sua candidata. Chegaram a avaliar que o PT não aceitaria Dilma como candidata. O PT não se dividiu, pelo contrário, fez uma eleição exitosa de sua direção, apoiou Dilma praticamente por unanimidade e a candidata tem hoje 25% de votos e já empata com José Serra na espontânea; não tem rejeição superior a dos outros três candidatos; já ultrapassa Ciro Gomes em 10 pontos no primeiro turno e o vence no segundo; já tem o apoio do PMDB, e do PDT, caminhando para ter o do PC do B e PR e mesmo do PP e PRB";
3) "Os palanques estaduais de Dilma se consolidam e, mesmo no Rio Grande do Sul, onde eles apostavam no rompimento com o PMDB, as notícias não são boas para eles: José Serra está perdendo o PMDB gaúcho";
4) O descontrole interno dos tucanos prejudica o movimento do grupo Aécio Neves e isto "poderá custar a derrota em Minas Gerais, o segundo eleitorado do país";
5) Os ataques do presidente do PSDB, senador Sergio Guerra, a crise do DEM e a "ressurreição de Gustavo Franco, o do câmbio fixo e dos juros reais de 27,5%, o que dobrou a dívida interna e fez uma farra fiscal no primeiro governo FHC, até que o país quebrou e o FMI obrigou os tucanos a aceitarem a câmbio flutuante, deixando para o governo Lula a tão falada herança maldita".
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