Carlos Lessa: Horizonte novo à frente
O cenário atual do mundo globalizado abriu janelas ideológicas de oportunidades para o Brasil, porque todo o edifício de convicções neoliberais passou por uma enorme balançada. É claro que o neoliberalismo nunca é sepultado.
Tem sempre quem possa dizer que a crise atual é produto da intervenção do Estado. A bobagem principal do neoliberal é imaginar que o mundo tende ao equilíbrio e que o mercado produz o equilíbrio. Isso não é verdade. O mercado, às vezes, pode produzir equilíbrio, mas, frequentemente, ele produz desequilíbrio.
Nenhum modelo analítico nosso é capaz de dar conta do real porque a gente não consegue perceber a participação da nossa vontade na produção do fato. O fato não é só externo a nós. Na sociedade, o fato é produzido por nós também.
Então, os nossos sonhos, aspirações, objetivos, medos, idiossincrasias, emoções e falta de informação são produtores da história econômica, mas o discurso neoliberal sempre pode dizer que houve a intervenção do Estado.
O neoliberalismo faz uma coisa fantástica: absolve os participantes do mercado e culpa alguém que seja de fora. O de fora é sempre o Estado; o Estado é sempre a variável explicativa para todos os neoliberais.
Mesmo assim, o que se delineia é um nacionalismo no mundo. Se o nacionalismo aumenta, inexoravelmente, o protecionismo aparece. Pode não aparecer sob a forma de proteção aduaneira; pode aparecer em milhões de formas.
Mas é inquestionável que a cobrança social vai levar os governos necessariamente a proteger o seu povo e a sua própria estrutura produtiva. Isso pertence ao terreno do prognóstico fácil. Vem mesmo um neoprotecionismo e um neonacionalismo pela frente.
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