Famosa no YouTube, professora do RN recusa prêmio de empresários
A professora Amanda Gurgel se recusou, no sábado (2), a receber um prêmio oferecido em sua homenagem pela associação Pensamento Nacional de Bases Empresariais. Amanda ficou conhecida após fazer um discurso na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte a respeito da situação da educação no estado — o vídeo de sua fala foi acessado por mais de um milhão de internautas no YouTube.
A organização havia dedicado a ela o prêmio 2011 na categoria “educador de valor”. Em sua justificativa, Amanda destacou que, “embora exista desde 1994, esta é a primeira vez que esse prêmio é destinado a uma professora”. A premiação, segundo ela, já foi concedida “à Fundação Bradesco, à Fundação Victor Civita (editora Abril), ao Canal Futura (mantido pela Rede Globo) e a empresários da educação”.
“Em categorias diferentes também foram agraciadas com ele corporações como Banco Itaú, Embraer, Natura Cosméticos, McDonald’s, Brasil Telecon e Casas Bahia, bem como a políticos tradicionais como Fernando Henrique Cardoso, Pedro Simon, Gabriel Chalita e Marina Silva. A minha luta é muito diferente dessas instituições, empresas e personalidades”, justificou a professora.
Amanda Gurgel — que em seu discurso na Assembleia se queixou do salário que recebe como professora e da situação do sistema de ensino no país — disse que seus projetos são “diametralmente diferentes daqueles que norteiam o PNBE”. O grupo é mantido por empresários paulistas e, segundo ela, está comprometido apenas com “a economia de mercado”, “a mercantilização do ensino e o modelo empreendedorista”.
Entre as reivindicações da professora, manifestadas em seu site pessoal, estão a valorização do trabalho docente e a elevação para 10% da destinação do Produto Interno Bruto para a educação. “Não quero que nenhum centavo seja dirigido para organizações que se autodenominam amigas ou parceiras da escola, mas que encaram estas apenas como uma oportunidade de marketing ou, simplesmente, de negócios e desoneração fiscal”, escreveu ela, antes de dizer que não poderia aceitar o prêmio.
Da Redação, com informações da CartaCapital
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