Do Blog Náufrago da Utopia.
A BBC está colhendo opiniões de doutos sobre se o capitalismo fracassou e está chegando ao fim.
Sucintamente, podemos dizer que não cabe falar-se em sucesso ou fracasso, mas sim que esgotou seu papel histórico.
Foi bem sucedido em substituir o feudalismo, criando as premissas para o homem se libertar dos grilhões da necessidade. Hoje, já existe capacidade produtiva suficiente para proporcionar-se uma existência digna a cada habitante do planeta.
Mas, ao priorizar o lucro e não o atendimento das necessidades humanas, não só desperdiça tal potencial, como ameaça causar o extermínio da espécie humana, com a exploração desmedida de recursos finitos e as agressões ao meio ambiente.
Hoje é essencialmente nocivo e, quanto mais durar, maiores malefícios causará. O mundo está prenhe de revoluções.
Mas, voltando à série da BBC, está sendo interessante por destacar aspectos desta crise terminal (para o capitalismo ou para a humanidade, a única questão em aberto é qual sucumbirá primeiro).
Chandran Nair, fundador do centro de estudos Global Institute for Tomorrow, destacou que o capitalismo não poderá continuar expandindo-se à custa da exploração da mão-de-obra e de recursos naturais baratos das nações periféricas. Trata-se, sem dúvida, de um dos motivos da sua estagnação atual, mas não o único.
De qualquer forma, vale a pena fazer um registro de sua avaliação, cuja íntegra pode ser acessada aqui.
"...a escravidão foi a primeira tentativa de rebaixar o preço dos recursos produtivos. Quando acabou a escravidão, veio o colonialismo, que novamente foi uma tentativa do modelo capitalista de conseguir recursos a preço baixo.
Quando veio o desconforto com o fim das colônias, passamos a usar o argumento da globalização do crescimento econômico. Depois, a globalização financeira.
...o mundo de hoje é um lugar muito diferente daquele de cem anos atrás, quando tínhamos um bilhão de pessoas. Com a atual população se aproximando dos sete bilhões, as coisas terão de mudar.
...os bens e serviços que parecem dar impulso a empresas e economias dependem da subvalorização de recursos e externalização de custos.
O jogo acabou. Precisamos, portanto, de uma reestruturação fundamental, essencialmente em relação a como as pessoas irão viver.
Precisamos substituir noções simples de crescimento por discussões com nuances mais sofisticadas a respeito do progresso humano - o que não a mesma coisa que apenas sugerir que o crescimento econômico dará a todas as pessoas a possibilidade de ter um 'i-Toy' [gadget eletrônico] ou um carro. Isso não é possível e é nesse ponto que o capitalismo empacou. Uma conversa muito séria precisa acontecer".
Comentário: Não acho que o capitalismo já esteja em fase terminal, porém está em sérias dificuldades.
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